sábado, 24 de dezembro de 2011

Judas Priest.

Meu anjo, ponha
suas tristes asas sobre
mim. Me proteja
deste mundo de
pecados.

Meu anjo,
nós podemos encontrar
o nosso caminho,
de algum modo.
Me ajude
a escapar deste
mundo que estamos...
Me leve para o lugar em que
tudo começou.

Para um lugar
onde encontremos a paz
de nossa consciência.

Apenas me diga
que é tudo
que você quer,
para mim e
para você.

Meu anjo,
nós podemos tocar
as estrelas esta noite
lembrando dos
rostos e
dos lábios.

Quando eu fecho meus olhos,
eu ouço suas asas de
veludo e quase choro.

Esta luz que vem
de você me
mantém respirando.

Oh, anjo
nós iremos nos encontrar
novamente. Eu
rezarei por isto.

E quando meus pecados
forem pagos
me prenda nas suas
asas e me segure
para sempre.



Anjo,
me liberte.
Anjo,
me leve embora.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Vermelho amarelado.

Uma leve falta de apetite
e um pouco de raiva.
Maldito cachorro.

...Ele não tem culpa.

Atrelado a cheiros e
trapos, já começa a
tortura.

Um pouco de água
e a viagem segue.

Vejo nuvens e
mais nuvens, todas com
um tom leve, apagado.

De fundo um vestígio
do que sobrou do sol,
iluminando, os faróis do carro.

Parece que não vou
dirigir, mas
eu até gosto
de ficar apenas observando
a vida passar
na janela do meu carro.

Estou acostumado.

Fecho os olhos e
te vejo por um instante,
seu cabelos molhados.

O cheiro do seu perfume
indo embora, faço uma
pequena prece, mantendo a minha fé
viva.

Neste lugar
há muita verdade
para mim.

Acho que nunca
presenciei
um calor tão
infernal em
toda minha vida.

Olho para o céu
e vejo centenas
de braquilhos
acesos.

Olhe para o céu,
é uma coleção
para você.

Como eu amo
a sua
sombra.

Olhe para o céu.
Este é o céu
que banha
todos os corpos
e por um instante
estou do seu lado.

O verde, o azul,
o cinza, o escuro
e uns cigarros de palha.
Um vermelho amarelado.

Olhe para os
pássaros, eles
cantam com a
mesma sina
para todos.

Agora é minha vez.

Tudo da mesma cor, é
como se tudo fosse da mesma
cor quando eu
penso em você.

É pouco
pelo que dizem.

Alguma coisa,
é tudo que eu preciso.

Os cantores sem criatividade,
pelo motorista que não
sabe dirigir.

Os gritos roucos,
pelo colegial
que não sabe
beber.

Estou num conflito
tão grande que
não posso ver
uma saída agradável.

Fazia tempo que não sentia
isso, que não me sentia assim.

Sangue na
piscina, sangue
na minha mão.

Nós não precisamos
disso,
ponto final.

Ninguém precisa disso,
afinal.

Os sonhos
que não se repitam, repita
para mim.

Nem por um momento,
não pense nisso.

A cada momento,
pense nisso.

Pense no que te digo
e diga o que pensa.

Os corvos pairam
neste céu amarelo.

Sobre o nosso,
nunca virão, nunca
pousaram.
Eu prometo.

Ainda não devem haver
sido inventadas as
palavras que procuro
para expressar
o que eu
sinto.

Estas estrelas
agora são nossas.
Elas brilham por você.

Eu posso não ser o maior
poeta vivo. Mas eu progredi,
escrevi algo para você,
por você.

Você sabe.
Não é?

Muitos não,
mas eu gosto de imaginar.
Gosto de imaginar
um final agradável.

domingo, 11 de dezembro de 2011

So, you think you can tell?

Eu gosto do ensaio, mas
prefiro o improviso.
Canto como se não
houvesse uma alma
para ouvir.

Nossa!
Essa música...
Eu ouvia quando nos
conhecemos.

Estou entorpecido.

Fico feliz
de não ser o único
a sentir-me tão
distante do meu
centro.

Não é como se
eu pudesse explicar
o que é amor, ou
pudesse explicar
tudo que sinto.

Mas eu juro que eu tentei
dizer tudo que sentia, tudo
que podia enquanto
você dormia e
eu sorria.
- Não.

Tudo depende de
onde você olha.

Você simplesmente
não precisa
ser dura
como um tijolo.

Eu simplesmente
posso te fazer
sentir, mas não
posso te fazer
pensar.

Eu realmente
não me importo.
Minhas palavras, um
sussurro, sua surdez,
um grito.

Você acha que pode
me dizer, a diferença
das cores, a simplicidade
complexa da vida, você
acha que pode me dizer
tudo o que sente?

Você parece uma boneca,
vocês duas também.
A beleza de vocês
inunda meus olhos
até um ponto que eu mal
consigo acreditar.

É incrível, me sinto
tanto. Tanto é
o pouco que me sinto
ao seu lado.

É como se eu ainda
não fosse bom o sufi-
ciente, eu apenas
gostaria de ser o
melhor, gostaria
de ser o que
você representa.

E as suas doçuras
sempre em
doses curtas,
me deixam alto
como um pássaro.

E realmente
não importa se
eu já fui sólido
como um tijolo.

Vinte anos e
ao seu lado, senhora,
me sinto tão,
tão pouco.

Você não pode ver
as lágrimas, pois
elas são de orgulho, são
de emoção, são
de algo que você
não pode entender.
Talvez nunca possa.
É um sentimento meu e
só meu.

E não importa
quais são as suas qualidades
ou a quantos passos
você está do seu Deus.

Não é tão fácil assim
dizer o que eu entendo, agradeço
os elogios, mas ainda há muito a
se entender.

De braços cruzados
não importa o seu
apoio.

Ou você apenas entrará na máquina.

Me reservo, me
contento a
tentar suprir este
sentimento que eu
tanto insisti em criar.

Este sentimento...
É algo que
não posso explicar, é
algo amargo como mel,
azedo como sal,
doce como limão,
salgado como fel.
É algo misto
como tutti frutti.

É uma verdade
incontestável, é uma
verdade inconstante.
É algo
sólido como um
tijolo.

É algo sereno, algo
que eu sempre quis, algo
que nem todos podem.

É algo de complexidade
extrema, que
só é bonito pela sua
falta de
lógica.

É algo que eu não
posso explicar, algo
que eu
não quero explicar, é algo
que eu me limito
a sentir, a
provar. E
ousando:
Te afagar.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Heart of gold.

Saudades de você
e o cheiro do
seu perfume no
cobertor.

Me sinto no
seu paraíso.

Quer me ouvir mais um pouco?
Vou te contar:

Luz vermelha,
fumaça de
longe.

Tocando
músicas dos anos
oitenta.

Não sei...
Gosto de ser ingênuo.
Só sei
que gosto da sua
ingenuidade.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Bentivi.

Ainda não consigo dormir...

Talvez isso
se deva ao
surrealismo
que entorpece
meus sentidos.

Senti saudades
de tocar o chão
com os pés descalços.
Senti saudades
de escrever tão
perto de estar
inconsciente
de cansaço.

Estou sereno.

Essas músicas guiam
meus pensamentos
à majestosos
campos, cheios
de relva perfeita.
Lá o pecado
é não viver.

Ainda estou
embriagado.

Os perfumes misturados
tecem esse meu
rosto nu cansado.

Senti saudades
dos pássaros
cantando e
das pombas pombando.

Diria que
fiquei com saudades
de sentir meu
coração pulsar, mas
talvez nunca tenha sentido.
Mas até que gosto de
perder essa virgindade.

Os bentivis
bentiviam alto
e eu quase
sinto vontade
de bentiviar com eles.
Os beija-flores
beijam as flores
tão deliciosamente
que quase sinto
vontade de
beijar flores por aí.

Devo toda essa alegria a
mim, devo
toda essa alegria a
você.

Sem você,
não seria muito sem você.
Estaria sozinho, contando as
horas e
as pombas não
estaria pombeando, os beija-
flores não estaria beijando e
nem os bentivis estariam
bentiviando.
Não valeria a pena.

E
eu
até
posso
me
acostumar
com
essa
realidade,

para toda a eternidade.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Espasmo.

Talvez eu seja
demagogo
ao dizer.

Talvez eu seja
o mais errado
de todos.

Muitas vezes
acho que nem
sei escrever.

Apenas sinto
a música.

Essas noites
mudei meus
pensamentos
sobre essas nuvens.

Não são
as possibilidades, nem
o meu querer.

Os fatos andam me
cercando.

Andei muito tempo
atrás de você.
Andei muito tempo
por você.
Andei pensando:

Eu posso ter dezenas
de posses e carros, ter
o mundo inteiro.
Beber e fumar, me cansar
e me drogar.

Mas eu troco tudo isso
por uma caminhada
com você.

E se você quiser andar
por aí, sem pensar
em quem está na frente...
Que tal caminharmos um pouco
juntos?

Eu em você.
Você em mim.

Enquanto nossos
olhos escuros
vão ficando vermelhos
junto com esse céu
cansado,

apenas entre e
feche a porta.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

J.

A luz acesa
enquanto o passarinho
se ocupava comendo
seu alpiste fora
de hora.

A árvore piscando e
o presépio presepando.

Do que estavam
falando?

Talvez eu não
entenda muito, mas
deixe que eu
te explique.

Parece que você
até entende essa
minha língua
estranha.

Parece que você
até sente um pouco
dessa coisa
estranha.

Parece,
você até parece comigo.
Estranho.

Minha respiração
forte, o desânimo
casual e
o vazio tradicional.

Vergonha estampada
bem no peito.
Na boca e nas
mãos.

Eu não consigo entender.

É muito a se pensar
e eu só queria
aproveitar.

Por que eu ligo tanto?
Por que eu não digo?
Por que você não diz?

Talvez nunca digam.
Talvez eu nunca entenda,
talvez nunca entendam.

Me sinto mal, não
costumo me sentir
assim.

Apenas gostaria
de uma dose
disso e daquilo.

Enquanto não, vou
vendo o mundo
passar.

Passando música
por música, esperando
sentir um sabor
que não existe.

Só quero um descanso, um
descanso de mim, um
descaso de mim.

Penso que
penso demais.

Me conforte
quando eu menos merecer,
é exatamente
nesse momento
que eu mais preciso.

Não me sinto.

Mas foi eu quem elaborei
essa situação.

E deveria ter lembrado
que meus planos
sempre dão errado.

Talvez...
Até amanhã.


Uma letra,
dez significados.

domingo, 27 de novembro de 2011

Bem-vinda.

O pai
levemente embriagado
fazendo piadas.
A mãe
serena, fazendo
todas as suas tarefas.
A irmã
baixinha, atrás de
suas duas filhas.
As sobrinhas
correndo de um lado
pro outro, graciosas.
O cunhado
dizendo e fazendo
as mesmas coisas de sempre.
O cachorro
correndo de um lado
para o outro, esperando comida.

Está um dia bonito, não?

The doors.

Atrás dessa
porta,
falsidade.

Pareço intelectual
atrás dessa fumaça,
mas sou só
um andarilho.

Não quero trocar
o perfume dela
por carlton.

Não quero trocar
o seu ideal
pelo meu.

Sou uma pessoa estranha.

E ninguém lembra o nome
de pessoas estranhas,
graças a Deus.

Pessoas ficam
estranhas quando
você é estranho.

Uma noite perfeita.
Perfeita pra eu notar
o quanto tudo
isso é estranho.

Atrás dessa porta,
outra porta.

Prostitutas, drogas,
vaidade, menosprezo,
narcisismo, álcool.

E você mente que é feliz.

E eu aqui
sorrindo por ter um cachorro
me esperando acordado, um
pão amanhecido pra enganar a
fome e uma
mulher que eu possa dizer que
amo.

Atrás dessa porta,
complexidade demais.

Feche o trinco e vamos dormir.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Outlaws.

Essas regras
impostas são
chatas demais.

Viveremos então,
como foras da lei.

Em algum lugar onde
possamos apenas
sonhar, um
lugar onde nossa
alma seja sempre livre.

Um lugar em
que toda a grama
é verde feito
doce e
a maré
sempre alta.

Um mar cristalino e
ao redor apenas rostos
perdidos que
não são obrigados
a dizer nada.

Um lugar onde
possamos sentir
sem ser julgados.
Onde possamos fumar, beber
sem compromisso com nada.

Esta imagem
é tão perfeita
que não gostaria
que sumisse
da minha mente.

E...
Ah! Estou
falando sozinho
de novo.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Rosa.

Eu disse
que ia fazer
o mundo
acreditar
em fantasmas.

Fantástico
viver.

A fumaça viajando
entre a luz
fraca da rua
e a escuridão
da lua minguante.

Tarde demais,
começou.

Você pensou, eu
disse para
pensar.

Você conseguiu
o som que
todos queriam.

Você sonhou, todos
disseram para
que sonhasse.

Mas com que sonhou?

Eu só queria jogar um jogo, só
queria uma tentativa.

E agora,
agora.

Frascos jogados
ao nada, analogias
satirizadas.

Mal posso contar.

Você disse o nome, a
partir daí
eu chamo de sorte.

Talvez eu não seja
incrível o suficiente
para distinguir
o céu do inferno.

Fizeram você
trocar cigarros por
beijos, calor por frio,
brasas por cinza.
Fumaça por fumaça.

Então, você
acha que já
aprendeu a
viver?

Você acha que
pode entender
o brilho dos olhos, o
céu azul ou
o conforto dos braços?

Você pensa
que pode
entender o amor?

Nós somos
apenas duas almas perdidas
nadando num aquário.

Ano após ano
correndo neste mesmo
chão.

Os mesmos medos
só que diferentes,
como queria
você aqui.

Poderia me ajudar
com esta pedra?
Estou indo pra casa.

Isso é apenas uma
fantasia.
Apenas real demais.

Apenas.

Cedo demais,
não posso
parar ainda.

Tome um trago,
vamos ficar acordados
para sempre.

Você ainda não pode ver.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Acorde.

E então
meu carro
por aí.

Paro pra pensar
em você, enquanto
ouço as músicas
novas que você
estranhou.

Penso se
está pensando
em mim
nos seus sonhos.

Acelero.

Senti tanta
falta dessa sensação.
A brisa
batendo no meu rosto pá-
lido e
ardendo meus olhos
sonolentos.

O asfalto
molhado
com desenhos
pintados pela água.
Como se alguém
tivesse passado a noite
toda pintando uma paisagem
no chão que eu
ia andando devagar.

Vamos brincar
de ir em outra
cidade.

O relógio
enferrujado
faz eles
tremerem.

Aumente o som
e deixe-me
tentar entender
como esse som
é perfeito.

É assim.
Bem vindo,
passe a batata.

Só quero dirigir
mais alguns metros, só quero
te explicar
minhas teorias, minhas
opiniões, só
quero ficar acordado.

Pareço agora uma criança
lutando contra o sono.

É errado?


não consigo parar
de pensar,

não consigo dormir,

não consigo entender,

não consigo esperar;
Só.
Não.

não consigo,

não sei,

quero,

não suportaria,
só.
Só?
Não. Meu
sol.

Sono.






Durma.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Face to face.

Você se lembra
daquela época
em que éramos
livres pra tocar o
céu?

Muita coisa acontece
e na minha cabeça
apenas a nossa
imagem. Sentados num
muro de azulejos.
Você se lembra?

Já estava careca
de saber o que iria
acontecer.

Deixei-me.

E agora o que me resta
são os
pneus carecas
do meu carro.

Quando caímos
nos machucamos.

Quando caímos?
Me de uma razão, de-me
um motivo.

Sente o frio?

Foi isso que
sempre senti.

Não posso dar um
nome ao que sinto.
Não posso dar um nome
ao meu herói.

Um destemido, em
cima da escada,
dizendo coisas tão
falsas quanto
o meu sorriso.

Apenas gostaria de te
levar nesta dança.

Num mundo em
que os sonhos
são perfeitos, tão
perfeitos quanto a
nossa silhueta
olhando pro nada.

Não é justo.

Mas tudo tem
seu preço.

E estas parcelas -
de culpa -
estou pagando a
muitos anos.

Garota,
eu apenas quero saber
se posso sonhar
com você.

Farei tudo fazer
sentido.

Farei o meu
sonho de ontem
a noite fazer
sentido.

Farei esta música
ser perfeita.

Farei a noite ser mais
curta e ao mesmo
tempo mais
longa, enquanto
você sobrepõe
o brilho da lua
que tanto amo.

Deixe-me te chamar
de amor.
Participe deste meu
jogo sem regras.

Deixe-me
com a nostalgia
da minha noite
de sono perfeito.
Deixe-me sonhar
acordado.

Garota,
chegue mais perto.
Deixe-me
sorrir.

domingo, 13 de novembro de 2011

Minha lua.

Eu quase posso ver
os seus olhos
nessa manhã
gélida.

Sou só uma piada de mal gosto,
mal contada, sem
graça. Dita de graça.

Eu sinto não poder explicar,
sinto-me triste, sinto
meus olhos lacrimejarem.

Sinto muito, sinto
que não posso aguentar.

É muito pesar
em minhas mãos.

Apenas queria
saber o quanto
você me ama.

Sinto gotas
pesadas tocando
meu rosto.

Talvez se eu
não tivesse mentido tanto
não teria feito
o mundo chorar.

Sinto que posso tocar o céu,
sinto meus olhos negros
mais negros do que nunca.

Sinto minha
fumaça se dissipando
no ainda mais negro
canto de sala, enquanto
me frustro com
as mesmas coisas de
sempre.

Sinto vontade de
dizer coisas que não
devo.
Nem deveria
sentir.

Enquanto a banda
favorita da
libriana toca
sem dó no
fundo da minha mente
opaca.

Sempre foi assim,
ter ao meu lado
tua lembrança,
tuas lembranças,
junto destas músicas perfeitas.
Sem novidades.
E você,
distante, mas
quase do meu lado.

Pra que dizer?

Todo o sempre.
É sempre assim.

Ao meu lado apenas
a escuridão, sinto que devo
dormir.

Só queria estar nos seu braços
pra te contar de novo
a piada que sou.

Me perdoe
por ser uma piada
de tanto mal
gosto.

Me perdoe
por ter me apaixonado
tanto assim.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Sakura Biyori.

Entregue a mim
todos os sentidos.

Há muita memória
a ser apagada, muito
saquê a ser bebido.

Eu apenas gostaria
de esconder para
sempre o
quanto.

Me sinto um velho
soldado ferido
que tem a chance
de ver o sol mais uma
vez.

E o medo do
escuro é claro
para mim.

Isto é chuva?

A chuva gelada
sempre me agrada
enquanto toca o meu
rosto.

Ela me lembra as marcas
deixadas naquele
dia.

Minhas cicatrizes
são meu tesouro
insubstituível.

Talvez eu nunca tanto.
Depois de mil
outonos uma primavera.

Elas são perfeitas.

Entregue a mim
tudo que
sentiu, entregue
tudo que sempre.

Entregue-se.

Eu quase posso respirar
estes sentimentos
que transbordam
da tua pele branca
e fria.

O que ameniza
a dor
é a tua imagem.
Refletida nos meus sonhos
mais secretos.

Minha expectativa nunca
grande mostra seu
esboço, de longe.

Meus quereres,
são sempre
tão simples,
tão complexos.

Apenas gostaria
de ouvir tua voz, dizendo
coisas tão sem sentido;
De ter aquela
sensação que sinto
apenas na tua presença;
De que teu hálito inundasse
minha cabeça e seu cabelo
continuasse cheirando a doces.
Gostaria de ouvir para sempre
tua respiração forte
no meu quarto,
adoraria teu rosto vermelho
mais vezes.

Gostaria
apenas de um pouco
de paz.

Enquanto não posso
mais acender cigarros
vou acreditando
no improvável,
como xilocaína
aos problemas que
só eu conheço.
O que me resta nesta
solidão é
imaginar teus
pequenos lábios
e o teu
cabelo desengonçado.

Imagino como seria gostoso
se esta complexidade
fosse mais simples.

Mas comparado a antes
me sinto quase feliz.

Não poder te procurar, te
ver, te falar, te
amar.
Não poder escrever
sobre você
era tortuoso, quase
impossível.

Agora preciso ir embora,
estes retratos
na minha sala
estão cada vez
mais molhados
e acho que nada
pode ser feito
sobre isso.



Esse som,
o teu
som.
Sublime,
como sempre.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Fuinha, rs.

Essa expectativa
ainda me mata.

Sou só um escorpiano
de ascendente escorpião
com o coração duro
demais.

Nunca sei o final
do caminho que decido
traçar e
me impressiono
a cada esquina.

Sou tão contraditório.

O mentiroso mais vil do
bairro, o
cara mais sincero do mundo.

O único narcisista
que sofre
de baixa auto-estima.

E acho que ando me tornando
eclético demais.

Parece que vejo
prazer em ver
as pessoas sentirem
dor.

No começo era mais fácil.

Estou morrendo de sede,
depois de tanta batalha
só desejo um gole
do meu hidromel.

Um gole da única bebida
que vale a pena
se tomar.

Seja minha dádiva,
guardado por efeitos
de teclado.

Eu quero mais.
Eu não aguento mais.

Divórcio.

O que me mantém
vivo é um
papel e
meia dúzia de
letras.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Ninguém em casa

Dormindo na sala
sem saber direito quando deitei
ou quando vou acordar.

Minhas lembranças todas
envolvem você
ou fumaça.

Ou você
com fumaça.

Minha companhia são
meus gatos e
a TV.

E eu me reviro no sofá enquanto
balbucio o seu nome
na minha mente.

Eu não consigo resolver meus problemas
por isso carrego este isqueiro
vermelho comigo.

Por isso ouço Pink Floyd.

Só para poder ir pra outros lugares.

Mas não tem ninguém por aqui.
Assim como de onde eu vim.

Prostitutas, drogas e álcool,
nada serve, nada completa.

E eu vejo as coisas acontecerem
de um jeito diferente, num
tempo diferente,
enquanto minha barba e o meu cabelo
vão ganhando volume.

Enquanto meus sonhos
vão se focando em você.

Agarro pescoços estranhos e
oportunidades alheias.

Eu não estou surpreso, parece
que finalmente,
estou realmente sentindo.

Então é assim?



Não digo que fui enganado, porque
ninguém me disse pra acreditar.

Muito pelo contrário.

As únicas almas
que me me disseram que ajudariam
agora estão longe dos meus
telefonemas também.

Nem o meu cachorro deixaram em paz.

Todos estão morrendo, até meus peixes.

Fico tentando precipitar o próximo
tiro, sem sucesso.

Ainda guardo comigo
sabores, texturas,
formatos, cheiros.

Sinto falta das minhas mãos
pegando fogo.

Ainda guardo comigo
o sentimento, dentro duma
caixa de madeira.

Junto com as minhas ideias-
todas-azuis. Onde uma bailarina
de cabelos longos que mudam
de cor, é a guardiã. Tocando
uma música melódica
que eu mesmo gravei
enquanto estava entre lá
e aqui.

O que me resta é mais um cigarro
e sair por aí procurando por
problemas, como
sempre.

Foi isso que perdi?

Só gostaria dos meus sentidos de volta.

Enquanto isso um whisky me convém,
eu tenho de ser forte, eu
tenho que entender.

Eu tenho que sobreviver.

Sabe?
Algumas vezes é preciso
saber o que você não é
para entender o que
você deseja ser.

Horas e horas
apenas tentando correr,
dizendo coisas pra mim mesmo.

Eu gostaria de contar pra alguém,
mas não tem ninguém em casa.

Deixe as luzes apagadas,
feche os olhos e eu guio
pela escuridão. Aqui é meu lar.

É hipocrisia demais
começar rezar agora
para que tudo acabe bem?

É hipocrisia dizer
que errei?

É hipocrisia demais
o que me tornei.

Não confie em mim pois
eu mesmo não confio mais.

Por favor
não
me deixe em paz.

Sangue na saboneteira.

Horas olhando pro espelho
do banheiro e pro
sangue na pia, pensando
qual música ouvir, pensando
qual filme citar.

Na verdade,
preciso entender.
Na verdade,
preciso esquecer.

Todo dia é a mesma coisa,
um café amargo e
um pouco de fumaça
pra cauterizar
as feridas que foram feitas
durante a noite.
E as feridas que ainda farei durante o dia.

Suspiro

Boa noite, eu
vou indo. Tenho
compromissos.

Na verdade,
eu só quero entrar
no meu carro
e ouvir aquela música.

Aquela música que me cativa
e que me lembra de uma
época em que haviam
apenas flores.

Mas meu carro nem por aqui está,
e as flores há muito tempo
pararam de respirar.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A lagarta azul e seus trezentos e poucos desaniversários.

Whisky,
cigarros,
narguilé,
charutos,
cerveja,
churrasco,
bolo.
Feliz aniversário.

Não me sinto bem
por tamanho egoísmo.

Desculpem-me,
hoje estou chato.

Toda essa situação imposta
é tão desagradável.

Hoje eu só queria ficar sozinho,
só queria escrever,
só queria planar entre meus pensamentos.

Porque todos acham que diversão
é imposta? Porque
todos acham que álcool é
regra?

Hoje estou careta.

Troco o whisky por uma boa música,
todas as fumaças pelos meus textos,
troco o tudo, por nada.

Mas as vezes, nada me faz tão feliz.

Odeio que ter que concordar
justo com você.

Ouvir você é quase
como tomar hipocrisia na veia, mas
se eu não acreditar nisso,
no que acreditarei?

Ainda vejo marcas
de insanidade no ar
e não há muito o que
se fazer.

Minha única opção
é entrar de vez
nessa dança e jogar
este jogo manjado.

O problema é que mesmo
não estando empolgado
eu não sei jogar
para perder.

Agora me passe o narguilé,
essa fumaça leva minha
mente pra longe.

E hoje eu já pensei demais.

Pais e filhos.

Parece que você quer se matar,
põe o veneno de propósito
no copo e bebe com gosto.

Você drena meus sentimentos,
você drena minha alegria, sem saber.

Com esse jeito bobo e
essa insanidade.

Parece que sou seu pai
e olhe a sua idade.

Sei que nem faz
por maldade, mas
a sua inocência
me irrita!

Você nunca percebe o quanto
estou sangrando e você
nunca percebe quando
gostaria de exatamente
todo oposto do que
você me oferece.

Renato, você
estava enganado.

Cochilo vespertino.

- Você está esperando uma carta?
- Mais ou menos, por quê? Obrigado pelo whisky.
- Tem uma carta pra você, eu nem mexi.
- Vou ver... Ah, é só um informe publicitário do objetivo, nada de importante.
- Não é isso né seu zé mané! A carta ainda está na caixa de correio.
- Verei. Ah, e não exagere na bebida.
- Achou?
- Sim.
- Quem escreveu?
- Não diz o remetente.
- Não sabe quem te mandou?
- Imagino.
- Então abre logo essa porra!
- Depois...

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Vigésima primeira vez.

Eu simplesmente
não gosto desse dia.

Não que eu tenha medo
do beijo da morte
estar mais próximo.

Morrer é só mais uma consequência.

É só que
essa data apenas me traz passados demais,
apenas me traz futuro demais.

Eu fico pensando demais
na vida, fico
pensando demais
nas tentativas.

As músicas vão mudando
e o ritmo
vai ditando
o que vou fazendo.
Sempre foi assim.

Eu ainda me lembro
quando era só um guri
de poucos anos.
Um guri que ninguém daria um tro-
cado.
Ninguém daria um minuto.

Quem diria?
Vinte anos...
É feliz e
trágico.

Os velhos doze
voltaram.

Eu lembro de tanta coisa,
de tantas pessoas.

E eu mostrei a todos
que duvidaram de mim
que eu podia ser um homem
de verdade.

Está vendo senhor Facuri-pai?
Todas as vezes que o senhor
deixou de olhar na minha cara...
Eu evoluí.

Está vendo senhora Valente?
Todas as suas expectativas
eu atingi. Me vejo como um
espelho seu, melhorado.

Está vendo senhorita ruiva?
Obrigado, por tudo.

Sinto saudades da sua voz
tremula e agitada, me dizendo
coisas que eu não queria ouvir.

E você pode pintar o quanto quiser o seu cabelo,
ainda será ruiva para mim.

Colecionei tantos triunfos
e tantas derrotas
que já quase esqueço.

Mesmo que só tenham
sobrado eu e
a minha fumaça, eu sei que
não estou sozinho.

Tenho tantas pessoas
que gosto de lembrar
que passaria a noite
fazendo dedicações.
Mas não estou ganhando um prêmio,
nem nada do gênero.

Deixo as três mais importantes.

Já tive tantos nomes,
tantos apelidos,
tantas idades,
tantas faces,
tantas ideias.

Já vi tantas coisas,
tantas pessoas,
tantos erros,
tantas histórias.

Já tive tantos apegos,
tantos gostos,
tantos orgulhos,
tantas vergonhas.

Eu realmente não gosto do meu aniversário.

É como se na minha cabeça
passassem
todos os anos da minha vida, desde
que me conheço por gente.

Não que eu não goste do meu passado,
talvez minha tristeza seja banhada
de emoção.

Eu realmente não gosto desse dia.

É como se na minha cabeça
passasse todo o meu futuro e
todos meus objetivos inalcançados.

Não que eu tenha medo do meu futuro ou
preguiça de alcançar meus objetivos.
Talvez minha tristeza seja banhada
de emoção. Por hoje ter coisas decentes
pra se perseguir e
por ter objetivos tão sublimes.

Eu lembro de quando
ainda era de outra cidade
e não tinha visão de nada.

Não tinha alguém para ouvir, alguém
para falar, não tinha nem a mim mesmo
para amar.

Lembro de quando mudei de praia
e comecei a jogar bola. E lembro
de como conheci cada
pessoa que eu sabia
que nunca esqueceria.

Eu lembro de tanta coisa
que eu nunca mais terei.

Lembro cada caminho que acertei,
cada caminho que errei.

Não sei se nesse texto
consigo me expressar, é
um sentimento tão abstrato
que o sinto
esvair-se pelos meus
dedos cobiçadores.

Não que eu seja apenas
um saudosista
que não quer ver a vida passar.

Eu apenas gostaria que ela
demorasse a avançar.

Eu apenas gostaria.

Eu apenas quero que minhas mãos
alcancem cada vez
um patamar mais alto.

E talvez eu nunca consiga
expressar porque me sinto tão mal.

Mas isso não importa muito, são
só vinte e quatro horas e depois
tudo isso volta ao normal.

Eu resumiria bem isso
em um sentimento agridoce.
E esse é o único caminho
que eu conheço.

Agora é só uma questão
de tentar fazer os finais se encaixarem.

Boa noite.
Trouxe meu presente?
Ah, era exatamente o que eu queria!
Parabéns pra mim,
antes que eu me esqueça (Thiago Facuri, 27/10/2010)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Santa ceia.

Descobri que não gosto de
Vinicius de Moraes.

Péssimo começo...
Vamos lá:

Descobri que o amor pode...

Ainda não.
Não ficou a minha cara.
E eu sou o último cara do mundo
pra falar de amor.

Última chance:

Ele saiu de casa
com os olhos brilhando
ao reflexo do seu
frágil sorriso
amarelado.

Frágil, muito quebradiço.

E foi andando, achando
que em meia hora
estaria de volta.

Doce engano.

Deu carona à garota
que ele chama de panda
com o miau no banco de trás.
Deu carona à garota
que disse com aquela voz
de ar puxado, com aquela voz
que ele não aprecia, coisas que não
eram de sua conta.

Depois colocou
as músicas
novas no último volume
atingiu uns cento e
quarenta por hora
bateu o cigarro, olhou pro
lado e sorriu.

Parou o carro em cima de
uns maços vazios
e garrafas quebradas.

Ainda sorria.

E o sorriso ainda era sereno, mas
em seu último suspiro: Argumentou.

Eram palavras bonitas, palavras
decididas e de ombros largos.

Foi admirável,
mas foi inútil.

Continuou a se ofender
com a situação.

Vamos na casa deles?
- Vamos.

E de um por um a resposta era a mesma, é
claro. O culpado circulava entre
nós.

Quase como detetives pensaram;
Quase como juízes julgaram;
Quase como crianças apontaram;
Quase como seres humanos eles agiram;

Mas e então?
Como fica a situação?
Em aberto, ainda.

Aquilo parecia a santa
ceia, só que sem vinho
e pão.

PORRA!
Apenas diga,
expresse, esboce,
gesticule, argumente.
O seu silêncio é o que
fode a todos.

Se soubessem da verdade
nem o crucificariam.

Ele estaria morto antes disso.

Mas, na verdade o que irritava ele
é que tinha alguém
que realmente precisava
de sua presença.

No fim, ao nada
voltaram.

E talvez o nada seja o futuro.

E sinceramente, nada disso importa pra ele.

Pegou seu carro, quase que
dilacerando seus pneus no
asfalto esburacado e
correu pelas ruas, só
pra se mostrar superior.

Cumprimentou Judas, Pedro e
Jesus.

Acelerou de volta
aos seus cento
e poucos por hora, mas
dessa vez
sem o sorriso na cara.

Dêem passagem, ele
está com pressa, há
algo acontecendo do outro lado
da estrada.

Chegou na casa dela e
o seu olhar era tão esburacado
quanto as ruas que ele vagava.

Ele apenas sentiu muito.

Tudo o que movia ele
era a incapacidade
de ver sequer outra lágrima
derramada.
Parou o carro e ficou
sem saber o que fazer,
apenas rezando
para que realmente
estivesse sendo útil ali.

Ele já tinha passado
por algo assim e
sabia o quanto doía.

Santos ou Mongaguá?
- Santos.

E ele só imaginava aquela
música do capital
tocando lentamente
em sua cabeça
enquanto admirava.

Acendeu mais um cigarro
e foi indo pra casa
dessa vez dirigindo
um pouco mais devagar.
As brasas iam tecendo artes
abstratas na escuridão
da noite.

Deu um cochilo de meia hora
ali no carro mesmo, só
pra aguentar chegar ao seu destino. E
funcionou, ele parecia
mais vivo.

Voltou concluindo
uns pensamentos inacabados
e pensando no que diria ao
seu livro.

Agora certas coisas
eram mais intrigantes e
outras mais imagináveis.

É como se tivessem dado
as paisagens que faltavam
aos seus sonhos.

Por um lado chateado, tinha
perdido mais umas coisas
valiosas no caminho.

Por outro lado feliz,
mais um dia havia se passado.
Mesmo sem ele ter dormido.

E não é que eu não goste
de Vinicius de Moraes.
Só acho que ele devia tratar a lua
com mais respeito.

Talvez nem o mundo
que eu imagino seja perfeito.

Chegou em casa e o
chão molhado o fez
lembrar da senhora
de cabelos loiros que
limpava a casa de qualquer
jeito.

E semana que vem
a solidão volta a assombrar.
É um péssimo jeito
de se olhar.

Sentou-se na sala,
com mil e um insetos
rodeando as suas pernas, a TV
desligada e o
controle jogado.
A garota mais linda do mundo
na parede, do lado
de um quebra-cabeças
gigante com mil e um
santos espalhados.
O por-do-sol que era
admirado do meu quarto e
um peixe fora da água iluminavam
a escuridão dali.

Colocou uma singela música
e singelamente
esperou o sono voltar.

Pensou como tudo aquilo era
vazio, mas
ainda queria continuar. Ainda
tinha muitas coisas a falar,
muitas coisas a se pensar.

Talvez
seja só o jeito errado, a
hora errada e as pessoas erradas.
Mas uma coisa é certa:
Eu ando gostando de ouvir,
contar e
admirar essa história.

sábado, 22 de outubro de 2011

Bolhas de sabão.

Meu corpo dói,
sinto que nunca doeu tanto
assim em toda a minha
vida.

Mas uma garota um vez
me disse que essa
sensação engana.

É incrível como
eu lembro perfeitamente.
As cores e os
jeitos e os
trejeitos.
Até o tom da voz.

Talvez eu nunca tanto.

Aquela música
daquele filme, na minha
cabeça, meu
pescoço dói, mas
até que gosto.

Eu até gosto dessa dor toda, sei
que é meio sádico, mas faria tudo
de novo.

Admito que sanidade não é
bem o nosso forte.

Futebol americano de madrugada?
Tsc...

Lembrei!
Thousand miles
é o nome da música.

Talvez só essa sensação
de tomar um banho gelado
e sentir os meus músculos
chorando por uma cama.
Talvez só esse sono, com
essa música de fundo e
esse tempo gasto escrevendo.
Talvez só isso bastasse,
talvez fosse feliz
com dezenas de dias desses.

Só fico meio chateado
de quando em quando.
Lembro de coisas
que me incomodam,
eu tenho medo do
destino que escolhi.

Ainda estou tentando
entender porque escolhi desse jeito.

Vi num filme
que as nossas escolhas
já foram feitas há muito
e que só estamos tentando
entender o porque de termos escolhido assim.

E eu realmente queria entender.

Eu diria que a vida
é bem complicada.

Eu também diria que
essa complexidade
é o que me excita [...]

[...] Eu sempre dou risada
quando ouço essa música, mas
eu ainda amo o piano. [...]

[...] Não sei bem
o que fazer, dizer.

Talvez devesse virar budista
e meditar, talvez devesse
cuidar de pinguins feridos
no pólo sul, talvez
devesse me dedicar a proteger
animais e a flora.
Talvez devesse ficar aqui
pra sempre, talvez
devesse parar de escrever.

Talvez eu apenas goste
de falar talvez.

Acabo de perceber o quão
informalmente estou escrevendo
este texto.
Talvez isso se deva ao fato dos dois
últimos terem sido bem complexos.
Ou pelo fato da minha fadiga extrema.

Permito uma realidade que não
costumo deixar passar.

Acabo de me lembrar
da conversa dos
garotos fumantes.

Sobre a areia, falando sobre o sol e o mar;
Sobre qualidades, defeitos e egocentrismo;
Sobre carros, mulheres e drogas;
Sobre hoje e amanhã e algumas merdas
do passado.

Algumas vezes o tão pouco é
tanto...

Acho quase uma arte amar
tanto olhar o mar.
Acho quase uma arte tanto
olhar para o mar e amar.
Acho quase uma arte amar
tanto o olhar do mar.
Acho quase uma arte
amar tanto te olhar.
Acho quase uma arte
ter algo para amar.
Acho quase uma arte
o beijo salgado do mar.
Acho uma arte
amar.

Acho quase um defeito
se contentar com tão pouco.

Mas se for pensar, o pouco é
tanto pra mim que seria ganância procurar
a mulher mais bonita, o carro
mais veloz e o mar mais límpido.

Não sei, me contento
com o cigarro mais barato, com
a companhia mais ralé,
com o carro mais um ponto zero possível,
com as piadas mais idiotas, com as noites
mais simples.

Mas, admita, é muito melhor
do que procurar cegamente
por uma perfeição que
não existe.

Tudo que quero
é sua companhia
enquanto estouramos
bolhas de sabão
num quintal qualquer.
Tudo que eu quero
é você, sob
o nascer do sol, depois
de um vinho mais
ou menos, com muito
sono.

Acho que em relação a detalhes sou
muito mais ganancioso.

Nossa, ainda tem areia nos meus olhos...

Deixando pra lá
toda essa riqueza de detalhes:

Tudo que quero agora é
um café forte, um chocolate e
um cigarro, daqueles bem fortes, longos e com gosto de menta que só eu fumo.
Ah, e eu quero uma massagem também.

Nossa, daria tudo por uma massagem sua.

Vou parar de escrever ou nunca
pararei. Boa noite,
aliás, bonita noite.
Gosto de noites assim.







nota de rodapé:
Gostei do título,
pergunte-me porque.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Mescla.

As mentes das pessoas
fedem.

Sexo, sangue, drogas.
E escrúpulos excessivos.

Julgam, odeiam,
amam.

Desejos tenebrosos,
corações melindrados.

No fundo são todos iguais;
No fundo somos todos iguais.

Diferentes, porém iguais.

Previsíveis,
maldosos,
horríveis e
sempre implorando por uma segunda chance.

Sem sequer pensar
o que foi dito.

Suscetibilidade
a medos.

Reclamam tanto do
tempo que viverão.
Gastam tanto tempo
reclamando
de tantas coisas
inúteis.

Sempre dizendo as
mesmas coisas, dando
os mesmo conselhos e
errando nos mesmos lugares. E
ficando nos mesmos lugares.

Cada um com seu próprio
Jesus, cada
um com seu próprio Deus.

Criticando qualquer coisa
que não lhe seja doce.

Cada um com seus próprios
sonhos melancólicos, de
falsos heróis, com
falsos finais.

No fundo são todos iguais;
No fundo somos todos iguais.

Diferentes, porém iguais.

E o futuro todos já sabem,
é a mesma coisa, com um tempero
novo. E por isto
eu nem espero mais.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Vento distorcido.

Ele se sentou
na cadeira da
cozinha e olhou
pra porta escancarada e
o seu papagaio fazia cara
de quem pergunta.: "O que
você está fazendo aí, acordado?"

Eu não sei como
dizer o que ele
está sentindo, mas
dá pra notar
pela sua feição
que algumas coisas andam
fora do trilho.

Mesmo agora
o coração dos dois
continuam gritando.

Ele estava apenas sentado
com os cotovelos
em cima da mesa
e os dedos entrelaçados.

A luz apagada,
com uma iluminação natural.
Talheres e pratos sujos.

Um óculos e uma garrafa vazia
para se lembrar
do que lhe atingia onde mais
lhe doía.

Fique.

Os braços de ninguém
o confortariam
mais.

E por mais que quisesse
só a lembrança
vagava.

Andava desanimado,
faculdade, família
e problemas no trabalho.

Não reclame, eu
disse.

Ele deu um sorriso simpático
com os olhos fechados...
Ah, como eu amo esse rosto,
quase me esqueço do que
tenho a dizer.

Quase que digo
que a imagem daquele rosto
valeria mais que
mil das minhas letras.
Brancas e gélidas, com
o mínimo do que
sinto, com
quase nada do
que eu desejo.

Mais cedo
ele saiu de casa,
só pra acender mais cigarros
com aquele isqueiro
escroto, laranja.
Cara, isso não é do seu feitio.

"Você precisa de mim?"

Se ele soubesse do que precisa
eu já estaria feliz.
Mas acho que seu colo
não seria ruim.

Foi pra santos de novo, parece
que tenta achar
algo que não acha aqui.

Pegue o caminho normal, eu disse.
Mas ele nunca me ouve, nunca.

E cinco minutos depois
estava ele, com as mãos
na cabeça e uma
luz na cara.

E os homens perguntando de onde
ia e pra onde vinha.

Depois saiu rindo, como
quem tenta disfarçar.
Mas eu sei, nem tente
me enganar.
Eu ouço seu coração daqui.

Um gole na dolly limão
e o medo de não sei o que.

Se você realmente está preocupado
porque não dorme?

Depois disso
piadas maldosas,
maldosas demais.
Senhor,
desculpe ele por mim.
Não que eu esteja
tentando justificar, apenas
gostaria de tomar as
dores.
O sofrimento dos outros
rende essa risada gostosa
que ele usa pra
fingir que não se importa.

Odeio quando você levanta
as sobrancelhas e suspira.

Odeio essa sua cara
de quem pode resolver tudo.
Odeio essas suas lágrimas de crocodilo.
Odeio o seu jeito de pensar,
odeio essa sua cara de sono,
e o seu olhar vago, odeio
quando você fica pensando
no que fazer, dizer, ser...
Odeio você!

Essa sua cara
de paisagem não me engana.

Suas dúvidas são
as mesmas pra variar.

Onde foi que você deixou
sua vontade?

Não responda.

E os minutos passam
e vai ficando cada vez
mais tarde. E
você pensando
nos lábios
daquela menina.

Sempre tudo
se resume a isso.

Por quanto
tempo mais
vai ficar
olhando o relógio
de parede?

Por quanto
tempo mais
vai ficar
olhando os peixes
nadarem?

Por quanto
tempo...

E você ainda me diz
coisas tão estúpidas
quando dorme e
ainda reclama
que não consegue
chorar.
Não é a toa
você deixa sempre
esse trabalho sujo
pra mim.

Se lembra
daquele
rosto vermelho
e da voz tremula
dizendo que
não aguentava mais?

Eu jurei
que não perdoaria
ninguém que fizesse
quem eu amo
chorar.

E em que situação difícil
você me colocou
senhor Facuri.

A que ponto o senhor
deixou chegar. Por
dezenove anos
eu acreditei em amor
por causa disso.
E agora você quer brincar
de ser filho da puta?

Até domingo de noite
seus olhos estavam
tão tranquilos, finalmente
me lembraram
os olhos daquele
menino que eu amei.

E hoje
você me vem
com essa mão na
cara e
essa bagunça no cabelo.

Você não tem jeito.
Acho que eu atirei
uma cruz na pedra.

Você reclama agora, mas
a culpa não é minha.
Me deram o escudo errado, me
deram uma espada sem corte, me
deram uma vítima inocente demais.

E só o medo
da angústia
te deixa angustiado.

Vamos ensaiar tudo de novo,
do começo, quantas
vezes você quiser.
Vou aturar à sua fascinação
por pessoas que não merecem, vou
aceitar o seu descaso
pelas pessoas que te amam.
Mas porra,
me deixe trabalhar, ok?

Olhe,
estamos juntos nessa,
então, não me faça desistir.
Eu sei que você é muito mais
do que isso que eu ando vendo.

Volte a ser
o que você realmente ama.
É isso que eu realmente amo.
E não espere o amor de ninguém.
Pois se o nosso amor acabar,
você não mais haverá.

Agora eu preciso de uma folga.
Sério... Vá dormir.

Apague as luzes e
não demore tanto
no título. Isso me enche o saco.

Anseio nosso reencontro
e espero que nossa conversa
tenha servido para alguma coisa.

Cordialmente, sua consciência.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Talking about me, baby.

Uma música dos anos 70
enquanto eu admirava
sua falta.

Um policial me parou
e perguntou o que
eu fazia por ali.

Eu disse umas mentiras,
e disse algumas verdades.

Bom dia senhor.
E ele me dispensou.

Um desvio na pista,
acabei tendo de mudar
meu rumo.

Ouvi de longe
um barulho que me deu
saudades.

Era profundo, simples,
singelo e excitante.

Parei o carro em um lugar
qualquer, ativei o alarme
mesmo sabendo que
não ouviria do lugar
que iria.

Atravessei a chuva e o frio
e a barra da minha calça social
arrastou na sujeira do chão. Os
pés descalços
marcando a areia da madrugada,
ajoelhei perto do mar.

Acendi, com dificuldades,
um cigarro-
um longo cigarro.-

Um bônus - risos. -

Fiquei admirando o mar
escuro como sempre
gostei. Acho
que é isso que me prende a essa cidade.

A calma e a escuridão
contra todos os meus sentimentos.
Finalmente consegui me expressar
fisicamente.

Na volta
dirigi o mais devagar possível,
como se não quisesse chegar
em casa nunca mais.

Um gato caçando um rato e
ouvi latidos, respondendo o
motor do meu carro.
Desculpe te dar esperanças
cachorro, desculpe te decepcionar.
Um carinho de consolo e
fique quieto.

Depois sentei no sofá
da sala, ainda
no escuro e
pensei no que devia
ter respondido
quando o policial perguntou
quem eu era.

Deveria ter dito algo como:
" - Eu sou só um fresco,
eu sou irônico,
eu sou um pecador;
Eu sou um brincalhão,
eu sou um coringa,
eu sou um fumante
eu sou só um andarilho da noite.
E eu acho amor no caminho."♪♫


Talvez ele tivesse entendido melhor.
E eu não tivesse precisado mentir.

Agora me deixe,
com meus efeitos de guitarra.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Me de a mão.

Faziam já uns meses.

Retirei a minha linda
dos braços empoeirados,
assoprei como quem assopra um livro antigo
em uma biblioteca.

Alguns ajustes, um toque
de eletricidade e pronto!
O que eu toco agora?

Droga, todas as músicas que eu
lembro são tristes.
São nostálgicas demais.
Meu braço doí
por falta de prática
e a dor se espalha pelo meu corpo.

Eu amo e odeio.

O cheiro de ferrugem nas minhas mãos e
a sensibilidade da falta de treino,
algumas notas a mais
que eu definitivamente não devia tocar,
meus olhos lutam com meu orgulho
e eu continuo até o final,
cantando as partes que sei.

Enquanto as notas soam
devagar pelo ar
minha mente devaneia
por aí.

É uma sensação única, mas eu tenho
que dormir.
Ou então tocaria o resto da madrugada inteira.

Mas eu prometo que voltarei.

Absinto, muito.

São poucas as pessoas
que eu carrego comigo.

Poderia contar nos dedos
as pessoas que eu quero
junto a mim.

Já que você quis remexer tanto
nos passado, vou te
contar uma história.

Eu sei que já te disse isso, mas
eu me relaciono com pessoas
por interesse. E
nunca tinha cometido
uma exceção até então.

Conheci um cara, que
tocava guitarra, não tinha dinheiro,
não tinha vida social, não
tinha nem a capacidade
de falar direito.

Só tinha um gato, uma guitarra e
um lápis 2B.

Tem horas que eu realmente
acredito em Deus.

Eu geralmente maltrataria,
menosprezaria
uma pessoa chata como você.
Mal sabia conversar pelo msn.

Aí eu te disse que não queria tocar
guitarra. Sei lá, eu amo tanto
tocar guitarra, mas ao mesmo tempo
não é algo pelo qual eu
possa me dedicar tanto.

E de novo, por um
motivo que não sei explicar
eu não parei de falar contigo.

Estranho.

Eu só me relacionava com você
pelas aulas de guitarra, mas daí
então eu decidi te
mostrar um pedaço de algo
que você não tinha muita noção.

E você evoluiu muito, desde então.

E eu não digo isso porque você fuma
ou porque você bebe.
Ou porque você bebe, fuma, usa drogas
ou qualquer coisa do tipo.

Você evoluiu mesmo como pessoa.
Tem objetivos, vontades, disposição.

Eu sempre menosprezei você, mas agora
você tem até a capacidade de me fazer rir.
Ninguém faz o Facuri rir.

É estranho.

Mas eu finalmente posso dizer, com convicção
que você não é só mais um cara
inútil.

Agora eu posso dizer algo
como amizade, agora
em vejo interesse.

Por isso, é melhor continuar
treinando poker
pois ainda haverão muitas partidas;
Muitas bebidas, muitos maços,
muitas saídas pra qualquer parte,
muitas voltas de carro, muitas
histórias pra contarmos,
muitas merdas para fazermos,
muitas músicas pra criticarmos e
muitas conversas para conversarmos.









Tem um cigarro aí?

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Hikaru e Kaoru.

Talvez eu pareça
dramático demais,
não leve a mal.

Foi em um vespertino
domingo um garoto
simpático sorriu
tímido e disse:
Posso jogar com vocês?

Claro que sim!
Até mesmo se a
dona Roseli
pedisse pra jogar
deixaríamos.

Eu não lembro bem
mas diria que ele
estava com uma
camisa de time,
com o cabelo
desarrumado e
com um sorriso
meio bobo.

Eu não sei bem
definir quando, não
sei bem definir como.

Mas de um momento
para outro ele
estava na minha
casa contando
coisas engraçadas,
como sempre
soube fazer e dando
risada das suas
próprias teorias.

Mas de um momento
para outro eu
estava na casa dele,
contando histórias
tristes e interessantes,
como sempre
soube fazer e dando
risada das suas reações
enquanto líamos mangás.

Admito: Muitas vezes
achei que você era atrasado
por muito do que fazia, mas
hoje sei que o atrasado
era eu.

Admito também que
nós nunca nos batemos muito.
Sempre fomos opostos
em muitos assuntos.

Você sempre preferiu
ser solteiro enquanto
eu queria namorar e
você gosta das músicas
de hoje em dia,
enquanto eu
sou totalmente
conservador
e você é tão totalmente
sociável enquanto eu era
o garoto de preto.

Tem coisas em você
que eu realmente
odeio, mas se
há uma coisa que
eu realmente admiro
é que não importa o
que você pense,
você leva a sério,
você crê em si mesmo
como não vejo
ninguém crer.

E talvez eu tenha
aprendido isso com você.

Admiro suas opiniões
e admiro até mesmo
sua família. Desde sua
mãe, até o seu cachorro.
E o tanto de vezes
que lamentamos por
nossos pais nunca
terem bebido juntos?
Mas a vida é frágil, todos
sabemos, e não
estou aqui para lamentar.

Lembro de tantas
histórias, de tantas coisas.
Das mais idiotas,
até as mais impressionantes.

Os momentos na praia,
os momentos na rua,
os momentos na escola,
os momentos na academia,
os momentos nas nossas casas,
nas casas dos outros e
em tantos outros lugares.
Tantas coisas que
pretendo não esquecer.

E eu sei que você não
vai nem pra tão longe assim
mas eu sei que sentirei falta.

Eu sei que você
vêm nos visitar,
mas eu sou trágico
assim mesmo.

E não adianta olhar
com essa cara de sono,
eu sou o único que
pode fazer isso por aqui.

Não esqueça de escrever e até logo.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Poke.

Um charuto de chocolate
para matar as saudades.
A fumaça se dispersando no céu,
nós nos dispersando na calçada.
Como se sonhássemos apenas
com momentos tranquilos.
Como se procurássemos
apenas sobra, apenas sombra.

Homens simples, gostos simples.

Sempre considerei os outros
atrasados, admito.
Mas é explicito que o mais
atrasado sempre foi eu.

Whisky barato
com pouco gelo,
goles difíceis, goles
sem receio.

Analogias sempre
usando um baralho,
e o que posso dizer?
São repetidas, mas eu gosto delas.
Sempre retrataram bem o que eu sentia.

Eu diria que
comecei com carta alta ás e
e agora tenho pelo menos
um full house e nem
estou alto no momento.

Comecei blefando e
apostei quase todas
as minhas fichas. Você pagou pra ver
e fez bem, viu minha mão horrível,
mas admirou minha coragem.

As vezes um par é o suficiente.

Um par de diamantes, no
lixo e você nem imagina.

Troquei sonhos por fichas, só
pra poder jogar mais uma noite
o seu jogo de azar.

Você tinha sorte, sempre
muita sorte, mas caiu
por vezes na minha lábia. Era
divertido, admito.

Sempre fui tão cauteloso e
temeroso com as minhas fichas.

Mas agora estou com
all in e o que posso fazer?

Finjo que sei jogar e
você nunca saberá até que ponto estou
blefando.

Espero que pague pra ver,
minha curiosidade pelo seu
jogo é gigantesca.

Sei que há um possível
flush na mesa, mas estou
acreditando no turn e no
river.
Posso não ter um Royal Straigth flush
mas eu diria que é um jogo
interessante, muito
interessante.

E eu já não ligo mais, mesmo
que perca todas as
minhas fichas
ainda poderei jogar nas mesas baixas.

Ao perdedor a vergonha,
ao vencedor a glória
ao perdedor a esperança,
ao vencedor os despojos.

E enquanto você pensa no quanto
apostar, eu tomo mais um gole
do meu whisky barato e o
meu cigarro queimado pela
metade me
diz o quanto
é excitante esse jogo.

Muito excitante,
não que eu esteja impaciente, mas
eu sou o dealer e é a
sua vez de jogar.

domingo, 9 de outubro de 2011

Pretexto.

Meu bem, querer
meu mal, querer
tudo é pecado.

Fumaças de todas as cores, de todos
os tamanhos. Algumas densas, outras
claras, algumas cheirosas outras
insuportáveis.

E o baralho,
pretexto.
E o barulho,
contexto.

Enquanto fazíamos truques
baratos com as
cartas, eles apostavam
e o carvão ia
ficando vermelho e cinza
sucessivamente.

Foi dormir, ainda
muito tonto, depois
de ter dado risadas com
um filme que nem lembra.

O olhar dele mentia
como sempre, fazia frio
por aqui.

Uma lágrima dentre seus sorrisos.
Parece que não
se decide.

Acordou cedo, fez cara de sono
enquanto dizia algumas merdas
como gosta de fazer.

Pegou o ônibus
atrasado e hoje
não tinha faculdade. Foi
dormindo metade do caminho.

Palavras soltas, sem
objetivo. Mas o coração
de ninguém estava por ali.
Alguns nem tinham.

Horas de espera, me empreste
um fone.

Gosto destas músicas, juro.
A barba engana.

Nunca vivi mais amor do
que estas músicas, ela disse.

Me fez rir, me fez pensar.
Fiquei triste por ela.
Fiquei feliz por ela.

Agradeça a Deus, eu agrade-
ço a você, agradeço a mim. Ainda
nessa hora não sinto bem
o peso.

Depois disso
só o show com a música da
minha banda favorita vale
a pena citar.
Cantei como se estivesse em um show,
mas aquilo era apenas um show de horrores,
literalmente.

Uma parada no bar, depois
de ter deixado a amiga em casa. Veja
uma cerveja e um cigarro
pra relaxar e
vou indo pra casa, preciso descansar.

Estou indo, pretendo
não voltar.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Simple and clean.

Como posso dizer que sou
um homem maduro, se somente
carrego alguns fardos inúteis
na minha carteira?

Um homem maduro deveria
chorar por seres irracionais?

Todos os dias e todas
as noites as suas palavras
ofuscam minha visão.

Talvez seja por isso
que a lataria do meu carro
está amassada.
- Me veja um carro de silicone.

No fundo eu meio que desejei isso, nas
minhas esquetes tão sádicas.

É apenas outra sexta a noite
pra mim e meus acessórios idiotas,
as luzes estão prontas e o som ligado;
Ainda faltam duas horas e trinta minutos
e minha vontade é de gritar.

Eu não quero me importar, eu
só não sei como.
- Me veja mais duas doses.

Antes eu tinha medo da minha cozinha, mas
agora até gosto da companhia canina e
do barulho da geladeira.

No fundo eu nem sei no
que estou me tornando.

Parece que estou só me transformando
no que eu mais abominava:
Meu próprio eu.
- Me veja como nunca viu ninguém.

Os seus olhos vermelhos
me pedindo pra parar, talvez
tenham servido
pra muito mais do que você imagina.

Se não fosse isto, talvez
meu diamante negro
estivesse muito amargo hoje.

Isso me lembra de algumas mentiras, en-
graçadas.
- Me veja um cigarro.

Aliás, eu sou tão complexo, vejo
doce em tão pouco.

Mas, mais parece que hoje o destino
age contra mim. Me ofereceram
antidepressivos umas três vezes.
Não me fodam, oras.
Me esqueçam, oras.

Aliás, eu sou tão complexo, vejo
amargo no tão doce.

Aliás, eu sempre gostei do
sabor azedo dos sorvetes e
das tortas.
- Me veja uma torta de limão.

Deus, eu daria
tudo por uma noite.

E a minha caixinha de som
continua tocando sua
música lenta, sublime, calma e
elegante.

Talvez ela toque essa melodia singela
para todo o sempre.

Eu gosto tanto desse sentimento
que gostaria de sonhar com ele hoje;
Eu só quero uma noite perfeita de sono.

Meus sonhos;
Tão
simples e limpos
dançam alegremente
pela minha cabeça que
acha que sofre tanto.
Esboço um sorriso engraçado,
esquecendo a dor do peito
enquanto a sua verdade vai rasgando
uma entrada no meu coração
devagar, por longos
anos.

domingo, 25 de setembro de 2011

Golden time lover.

Os dias curtos,
as noites longos,
quando eu começo?

Tinha tido tudo
que ele ouvia.

Seus pés cansados e
seu maxilar doendo, mesmo assim
cantava junto com o
homem que tinha idade pra ser seu pai e
tocava um violão desafinado e
sem acordes.

Urso do cabelo duro...
Só meu pai pode me chamar assim.

Sorria como se
não houvessem problemas no mundo, sorria
como se não houvesse um
mundo.

Nunca pensou
ser tão sociável e
o sol já machucava
sua vista.

A sua língua roxa
pelas sete da manhã, só
o lembrava do vinho que
tinha tomado depois de muito.

Juntou todas suas forças, num
último momento de lúcidez, com-
primentou a todos, arrancou sua
pulseira amarela, pensou em umas
coisas e deu uma risada idiota,
sozinho. Errando os fios ligou
sua caixa de som, olhou sem forças pro
computador e digitou meia dúzia de merdas;
Achou aquelas músicas que ele tinha
saudades de ouvir, deixou num volume baixo,
singelo e cantou um pouco junto,
olhando pro nada e o
nada sorrindo pra ele. Depois
disso ele só dormiu, um daqueles sonos
que não se pode ter todos os dias.

Bom dia, estou indo para
#goiânia. Vou ver mamãe e
tio Sérgio.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A verdade está lá fora.

Deu boa noite e
sonolento foi
guiando seu carro
seguindo seu rumo,
enquanto
tentava entender todas as
entrelinhas que
o vocalista depositava
dentre seus dreads.

Dores de cabeça seguidas
de mais dores de
cabeça e
o soro no pulmão foi
o que deixou ele
tentar respirar.

Talvez ele devesse parar, mas
não.

Ele via nostalgia, ele
via magia e
eu não consigo explicar
porque os olhos
dele estavam tão
opacos.

E quando ele fechava os
olhos, eu sentia o
brilho de tudo
em cima dele.

Um benson & hedges
para reafirmar
suas notas mentais.

Pessoas felizes
com suas metades
de histórias, pessoas
assustadas
com suas opiniões.

Talvez sua
expectativa o
estivesse enganando.

Enganado, pela sua
própria mente de novo.
Você devia aprender.

Talvez nem a
glória de mil homens
fosse suficiente, mas
ele não poderia saber
sem tentar.

Ele via coisas que desgostava na
rua. E pra cada uma delas
um trago longo no
seu cigarro mentolado.

Isto esta errado e
isto esta mais errado ainda, se
sentia o foda, enquanto mal
podia sair andando.

Muitas pessoas dizendo que
tinham atingido a perfeição e
eram tão sublimes quanto
seus respectivos deuses. Um
engano, acho.
Todos depositavam toda
sua esperança numa
terceira ou numa
quarta pessoa.
E ele se sentia acima, julgando,
dizendo que a verdade
estava dentro de cada um, que
a verdade estava o tempo todo
lá fora.

E cada um tem a sua própria verdade.
E eu continuo preferindo viver num mundo de mentiras enquanto esta tua verdade for absoluta.
Minhas mentiras pelo
menos são
doces.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Caleidoscópio.

Dia dezoito de
setembro, talvez
fique para sempre
pairando nos meus
olhos.

Foram quatro horas
e quatro minutos e
desta vez
foi digna.

Eu me senti impotente, mas
ao mesmo tempo
meu coração batia devagar,
como se não quizesse
se preocupar, ele
me disse sussurrando:
- Se acalme...

... Por favor se acalme.

Ah! Como
eu odeio usar
analogias com
o coração, mas
o que poderia fazer
quando senti ele parar pela se-
gunda vez?

Me entreguei às verdades e
disse coisas que
sempre deveria ter
dito, disse
coisas de um jeito
que sempre deveria ter dito, agi
como sempre deveria ter agido.

E este texto
é só para tornar
este dia imortal.



Dia dezoito, eu disse.
Não tão próximo do
dia vinte e sete, tão
perto do dia treze.

E me lembrei tanto
de doce novembro, me
lembrei tanto do meu
não tão doce novembro e
o tanto que eu odeio
essa analogia também, repetida
e idiota.

Não diria pior, nem
melhor, diria novo. Não
em relação a isso, em
relação a tudo e
não que eu queira provar pra alguém.

Todos são filhos da puta de
uma certa forma e
do meu coração o meu foda-se.

No fundo, sempre
fui assim, e a
monotonia, da monocromia e
a falta não
são motivos de coro, de choro, de raiva ou
qualquer outra coisa.

Conceda meu pedido.

Tratando-me com egoísmo,
mas com sinceridade, sempre
foi meu pedido recluso, que
finalmente foi atendido.

Promessas, e
não ao vento.
Do pó ao pó,
das cinzas às cinzas e
tudo sempre será como nunca
foi, tudo
sempre será como sempre
foi.

E agora, no meu
texto mais-sem-enfeite
eu digo a imagem que se
passa na minha
cabeça:

Um garoto, em cima de
de uma beira de um
barranco, com
o final de grama querendo nascer, onde
não mais há terra.

Ele está olhando fixamente
para as estrelas e
para a lua
com as suas duas mãos
fixadas no seu
caleidoscópio.

Ele tenta adivinhar o futuro
com aquele brinquedo
de criança.

E a imagem que ele vê...

...A imagem que ele vê
não é bela
nem feia, é
uma imagem tão abstrata
como deveria ser.

Ele aponta um sorriso bêbado
no rosto e bochecha a bochecha
como um garoto que acabou de
tirar o aparelho deveria sorrir.

E com o mesmo sorriso
bêbado, pontuo este
texto, assim como deveria ser
pontuado: Erroniamente.

E sorrio pelo sorriso
de uma pessoa que
sorri para a incerteza

De todas as formas possíveis isto é admirável.

Todos deveriam ver mais felicidade num
caleidoscópio
do que num telescópio, microscópio, qualquer-merda-scópio.

O bonito é feio para mim e
que eu não escreva mais sobre
pontos de vistas inúteis.

O próprio nome
já diz,
risos.

Não é preciso apagar a luz
feche os olhos e tudo bem
no caleidoscópio sem lógica.
Me pediram pra apagar a luz
amanhaceu é hora de dormir
neste nosso relógio sem órbita.
Se tudo tem que terminar assim
pelo menos seja até o fim.




Como meus amigos narnianos diriam
Até mais ver.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Sometimes.

As vezes
estes sorrisos
carregam mais
dores
do que minhas
lágrimas.
E não importa o
que você diga,
nunca será
nem metade
do que eu espero ouvir.
Nunca pensei
desta maneira.

Antigamente valia a pena.

Não te julgo,
não queira me subjugar.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Bullets with butterflys wings.

O mundo é um vampiro
atrás de mim
e o meu sonho
auto-destruído,
como posso dizer?
O que posso fazer?

E o que eu ganho pelo
sofrimento?
E o que eu ganho
pelos meus desejos traídos?
Estas são as moedas do seu
negócio.

Com mais dor do que
desejo e
mais desejos por
um pedaço de nada.

Nada mais a dizer, menos
um no controle.

E agora alguém dirá
que está perdido e
o que você pretende?
Eu quero mudar.

Você pode fingir,
pelo menos por
mais uma noite?

Neste gelado frio,
gélido eu
congelo,
continuo.

São milhões
de regras, são
milhões de mentiras.

O mundo é um vampiro
enviado para sugar
tudo que me sobrou. E
meus aliados tentam
me fazer enfrentar
as chamas.

Eu quase
não aguento nem
mesmo mais
um show!
E
apesar da
minha fúria
eu sou
apenas um rato,
engaiolado,
sendo atingido
pelas suas balas
com asas
de
borboleta.

sábado, 10 de setembro de 2011

O patriarca.

Sentado na cabeceira
com suas colheres
contadas.

Ele negociava
balas por
tarefas, era mágico.

Enchia seu copo
sempre sem álcool.

E dizia sábios
conselhos
repetidos.

Sempre foi divertido e
de tantos anos pra cá
parecia que a idade
não envelhecia mais ele.

Enquanto ele ajeitava
sua meia dúzia de fios de
cabelo e se engomava, sem
barba.

Ia dizendo histórias de
sua época, na cidade
onde o sol
não tem piedade.

Eu sempre achei
que ele me apoiava, mas
eu mais apoiava ele.

Quando a flor se
foi, foi complicado e
seu alicerce derrubado.

Sinto pena e
ao mesmo tempo
orgulho.

Os filhos agora são pais e os netos, avós e avôs.

Ele desliga a televisão que
estava no último volume e
acende uma vela.

Seguindo a mesma
rotina para
sempre.

Mas o para sempre é injusto
perpetua o recusável e
o mutila o agradável.

Perpetue apenas aquele
sorriso de criança
na pessoa mais velha da  família.

É o pedido de um cão
sem dono.

Ontem ele quase foi embora,
foi difícil.

As vezes é esquecível que
nós vivemos com
tanta convicção, mas
a vida é frágil como
tem de ser.

Os mais velhos primeiro, é
a lei. Mas
espere mais um pouco.

Agora vou estudar um pouco e
pouco depois, me pergunte de novo.

É com amor que respondo tantas vezes
as mesmas perguntas.

Não cultivo plantas, mas
talvez possa cultivar a flor
mais bela de todas.

Minha Rosa eterna, Isabella
que sempre me lembrará o
senhor.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Último suspiro.

Desanimado ao ponto
de desistir de viver por algumas
horas, abracei meu
cobertor como se
fosse de longe a mais bela
mulher.

Tomando remédios que
me entorpeciam, mais
do que álcool e
o que resta
é uma metade
de um conto, que
conto com
desencanto.

Ouvindo coisas que não devia,
que não queria, tomando
tapas do vento. E
eu nem tinha provocado
ele.

Fazendo coisas que
nem gostava, mas
esta era minha obrigação.

Depois disto meu
barbeador quebra - este
realmente não deve ser meu dia.-

Saí de carro, em busca
da tartaruga que me acalmava,
suas mãos de quem não
trabalha
afagavam o que me restava.

Depois disso apenas as
conversas
jogadas ao
vasto escuro
da madrugada e
pelo menos acho
que não me fodi.

Deveria terminar com
esta mania que me mata, mas
não consigo, juro. Você
também deveria parar com isto,
mas é só um conselho de
quem não sabe dar conselhos.

Em casa depois de muitas horas até perdi a fome, vi
as luzes da cidade se apagando, uma a uma e
menti: Foram cinco. Dei
bom dia pra minha mãe, que perguntou
meu paradeiro, mas tudo
que consigo pensar agora é o
tanto que quero uma cama...

Bom dia, disse
a ele, estava
confuso pela sua idade avançada e
tentei explicar pra ele porque
ele não poderia pegar o ônibus de três
dias atrás.

Ainda me sobrou guiar meu
carro para mais
um destino e meus
olhos não se aguentavam mais em pé.

Fiquei com vontade do sexto, mas
me segurei, arrumei
a corda no pescoço dele e
saí de manhã depois de
ter jantado meia merda com
o cachorro que agora
eu simpatizava, por causa dela.

Tentei dormir, não consegui.
O que me sobrara era a angústia de ver o
belo que eu não poderia ter e
apreciar a bela dormindo, enquanto
isso era tudo que eu podia ter.

Conversei com o meu
destruidor de sonhos, mas
pelo que vi, não guardava rancor ou tristeza,
inclusive eu agradeci pela sua destreza de
tantos anos, pela sua experiência
esporrada na minha cara.

E depois de ver tanta merda
acho que finalmente meu
poeta morreu e com ele
se foi tudo de mais importante.

E na sua lápide, dizia
o epitáfio:

Aqui jaz o poeta do
encanto permanente.

Que dentre tantos outros sempre
acreditou tanto, indiferente, no diferente.
Mas seu para sempre se
perdeu como todos os outros sempres sempre se
perdem e agora está
em outro lugar para que sofra melhor, pelo
seu jeito carente.

Não se lamente, o poeta
que morreu não era nem
importante, está deitado ao lado
do seu semelhante, que
veio ao mundo sem saber porque, amor.
E morreu como eu
sem saber pelo que foi, sem
saber pelo que veio.

E este vasto cemitério que se enche
de tanta gente impertinente, que
assim como eu, creu em algo
inexistente. Agora nos abraçamos
deste jeito que me entristece, mas
é o que nos resta e não é a mim que cabe reclamar.

Deixo ao mundo minhas palavras, minha
esperança e para que ninguém sofra como eu
ofereço esta prece.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Penúltimo suspiro.

Conversas
jogadas ao
vasto escuro
da madrugada e
pelo menos acho
que não me fodi.

Deveria terminar com
esta mania, mas
não consigo. Você
deveria parar com isto.

Em casa depois de muitas horas até
perdi a fome, vi
as luzes da cidade apagarem uma a
uma e menti: Foram cinco.
Dei bom dia pra minha mãe,
que perguntou meu paradeiro, mas
tudo que consigo pensar agora é
o tanto que quero uma cama...

Bom dia.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Eco do silêncio.

O rangido da porta, a
geladeira gemendo e
o barulho de chuva que
só se ouvia no meu quarto me
faziam companhia,
mas ainda me sinto sozinho.
Saudades da voz 
dela.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A tartaruga de mil histórias.

A música nem era dele, mas
ecoava pelos
vidros fechados do carro,
escoava junto do
ar quente pelas
frestas do vidro.

Enquanto ele acelerava
o carro a
pelo menos o triplo do limite de
velocidade, ela
tira os óculos e
não enxerga mais nada.

Deve ser horrível não
poder enxergar, mas
ela disse que confiava nele, e
o medo do
escuro vira
emoção junto da velocidade.

Feche os olhos.

Sem medos, condições, sem
amores ou dores, sem
tristeza, sem futuro, es-
colhas e
maldições, sem
cheiros, sem sonhos;
Sem preocupações.

O que restava era
o palpite
do coração
que respondia
aos pés do motorista, que
cada vez mais acelerava.

Ela pode sentir
a excitação dele.
Uma pena que seus olhos
estavam fechados, pois
ele exibia seu meio
sorriso com satisfação.

Isto deveria ser regra
e não exceção.

O cachorro lhe esperava na cama
ele deu boa noite ao canto
do quarto e
dormiu como
quem tem algo a contar
no dia seguinte.

Boa noite Facuri.

domingo, 4 de setembro de 2011

Sentimento asseado.

Linhas tristes e
sinuosas, difícil
expressar
o que realmente sinto.

É como se
desgostasse de
tudo que
vejo, é
como se odiasse
tudo ao meu respeito.

Aprecio
embriagado o
tempo passar.

É de fato
um vazio que
se pode tocar.

Como se eu tivesse
apenas mais uma
risada para usar.

Em minhas mãos uma
arma, com o direito de
um único tiro. Mas
que arrependimento trará?

Uma vida para
consertar meu coração
partido. E talvez
seja pouco tempo.

E músicas que não deveriam
me inspiram a
escrever.

Eu simplesmente
não posso virar
páginas de um livro que
foi queimado.

São muitas palavras
para poucas linhas.

São muitos livros
para poucos leitores.

São muitas dúvidas
para um sentimento.

São muitas lágrimas.

Para pouca dor talvez.

Me sinto
a vontade, neste
devaneio de
pseudo-poeta.

De mãos atadas, eu
apenas procuro res-
postas. Para
perguntas que
ninguém fez.

Assistindo
aos mesmos erros e
passionalmente aceitando,
como quem acaba gostando
da comida que sempre odiou.

É tão frio e
esta falta de prática
congela os meus
músculos.

Despedaço
flores, pétala
por
pétala e
assisto entediado
o destino brincar
com a minha vida.

Sempre foi frio
nesta época do ano, mas
parece que só hoje
eu sinto isto.

A água escura, com
reflexos claros de
uma luz falsa, como
se fosse um mar negro.

A falta de luz
e o ar
espesso saindo
de nossas bocas, minha garganta
que se foda.

Eu vejo as
casas e os
prédios e
os postes passarem, junto
com a minha capacidade
de criar um
assunto pra nossa
conversa.

E em alguns
momentos me senti
vivendo entre
mentiras demais.
Como se eu estivesse
longe de mim.

As vezes gosto de
pensar como um fraco e
quero viver em
um mundo de sonhos.

As vezes a
realidade é simplesmente uma
bosta.

Mas ultimamente
mesmo meus sonhos
são confusos e
não se decidem.

Sinto,
por sentir
que poderia trocar
este dia e meio
por um bocejo seu.

Mas isto
é segredo e
não conto pra ninguém.

Não posso negar,
vou mentir por mais um tempo.
Mas um dia
isto irá mudar e
eu pararei de chorar.

Eu espero.






Buenas.

sábado, 3 de setembro de 2011

Sweet September.

O que você pensa
sobre amor a primeira
vista?

Poderia jurar
que me apaixono a
primeira vista
a cada piscar de olhos.

Você pode pensar
que sou louco
mas, não importa
aonde você vá
você sempre
vai precisar de
alguém pra ficar
do seu lado.

Fique do meu lado.

Você me seguiria
mesmo se
eu sempre
cantasse fora de tom?

Me empreste seus
ouvidos e
eu prometo
que pelo menos por
uma vez
tentarei ser tão perfeito
quanto uma orquestra.

E você me odiaria
mesmo se
eu sempre
saísse do ritmo?

Me empreste seus
olhos e
eu prometo
que pelo menos por
uma vez
lhe mostrarei a paisagem
que só existiu um dia em
seus sonhos.

E se algum dia
eu não for o suficiente
pra você,
me diga.

Ao menos lhe deixarei
palavras lindas para ler,
tão lindas que
mesmo os deuses
invejariam.

E mesmo que eu nunca
mais possa a ter
ao menos me dê
uma lembrança para
sonhar.
Empreste-me
aquela música,
aquela expressão,
aquele jeito e
aquele olhar
e eu viverei em uma
eterna lembrança
sem esperança.

sábado, 27 de agosto de 2011

Meia gota de sangue.

De trinta em trinta minutos
eu lembrava de
uma coisa que não
queria acreditar;
Seus cabelos loiros
foram pura nostalgia pra mim,
mas, ultimamente
é só isso que
eu amo. A
alegria não passa de uma sombra
projetada pela dor, então
pelo menos estou
fazendo alguém feliz.
É como se sangrasse por
dentro, mas nem pra
isso sirvo direito.

sábado, 20 de agosto de 2011

Sentimento momentâneo eterno.

O que fazer
quando o mundo lhe
diz que é
melhor desistir?

O cachorro latia
pro escuro da sala
e o escuro respondia.

A neblina era densa,
tão densa que
a própria fumaça
se perdia na densa
imensidão.

Não me faça
falar sobre este assunto, não
me faça
tantas interrogações.

A tristeza é só passageira, mas
sabe aqueles dias
que você simplesmente
não tem vontade de viver?

Trinta reais,
dois copos
e todo o resto.
Tudo perdido.

De um lugar
que eu não esperava.

Uma discussão
idiota que me afetou
mais do que deveria.

Um discurso
idiota que se esvaiu,
assim como toda a
epifania de
todos os meus milhares de
dezenove anos.

E a sua alma
que apodreça
como o ovo que
o senhor quebrou.

Acredito na sua
teoria, mas
a equivalência
foge do sentido
quando o assunto é o
tanto que já sacrifiquei e
o tanto que
gozei da vida.

Acho que sou só
um cara idiota
que fica procurando problemas
demais aonde
não existe.

Ou sou inteligente demais por ver
defeitos em tudo ou
sou o pior dos burros
por me incomodar com
o que não existe.

As vezes só tenho medo
de que todas as minhas
certezas se tornem
erradas.

As vezes só tenho medo do escuro,
ou do claro, as
vezes tenho medo de tudo e
as vezes só tenho medo de te
perder.

A confusão
sempre me persegue e
a minha própria
me alimenta.

Uma comida amarga
que eu preciso comer e
nem sei o porque.

As vezes só gostaria
de viajar
pr'um lugar
que só houvesse o
silêncio.

E que somente uma pessoa
soubesse o meu nome.

E gostaria de ficar
olhando o céu
por horas como
se não existisse mais um mundo.

Tudo é um
e um é tudo,
somos só
formigas num fluxo
imenso e
inimaginável.

E talvez as nossas
ações realmente
não mudem nada.

Talvez.

É como se
simplesmente
não valesse a pena.

É como jogar
um jogo de xadrez
sem um rei.

É o esperar
por palavras
que nunca serão ditas.

É dizer as palavras
erradas nas horas
erradas.

É a agonia
que eu sinto
quando penso demais.

É o sentimento
que eu sinto
por cada gesto teu.

Milhares de perguntas
a serem respondidas.

Mas por enquanto
me preocupo com
coisas idiotas.

Podem tirar sarro, mas
todos sabem que sou
um saudosista.

E enquanto isso
aprecio a chuva
cair enquanto
briga com o sol.

Isto na verdade é uma
grande mentira.

Mas meu coração quer.

E não posso nem
negar.

É como se
nada existisse.

É como se
eu não vivesse.

Mas por que meu coração
ainda acelera? E os meus olhos olham
atentos e
minhas mãos tremem?

Tudo isto pra agarrar
o calor das suas mãos.

No final estava
certa.

Não é covardia
derramar lágrimas de
arrependimento.

E no fundo eu também
tenho um coração,
maior e menor
que o seu.

Talvez eu já
tenha respondido
a todas as minhas perguntas
e ainda nem saiba.

Provavelmente.

Mas eu sempre estarei
por aqui.

Só deixe-me ouvir
de novo você
pedindo com a sua
voz de veludo
para que eu me acalme.
E eu juro que vou dormir.

domingo, 14 de agosto de 2011

De novo.

A vida é longa demais
para apagar estes sentimentos,
certo?

Embora eu tenha sido perseguido
pela continuação deste sonho
eu deslizei sobre as pessoas
que estavam naquela curva sinuosa.

Não é que eu queira voltar
ao que era, só
estou procurando o céu que perdemos.

Eu espero que você entenda e
vamos parar de fazer esta cara triste,
como se estivéssemos nos sacrificando.

O passado não merece lágrimas
você sempre esteve carregando
isto dolorosamente
e não consigo ver a saída
que estive esperando
deste labirinto de
sentimentos.

É como se soletrasse uma
nota diferente, eu quero me livrar
disto que você chama de realidade.

Eu gostaria de perguntar:
Eu estou vivendo só para
você poder me ouvir?

Eu não tenho lugar pra retornar,
por isto não posso ser incomodado.
Eu sempre fui grato
pela sua gentileza.

Eu queria ser mais forte.

E agora eu dou boas vindas
a esta dor nostálgica.





Baseado em uma música da Yui.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Meia esquete.

Deitado e
com dores de cabeça
e febre.
Você olha pros meus olhos
fechados e sussura:
'- Eu te amo'
sem nem mesmo se importar
se eu estaria ouvindo ou não.
E nunca importaria a
minha resposta, desde
que você pudesse continuar
a bangunçar o meu cabelo;


Mas eu também te amo.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Só que sem os pelos da cara.

Aquele cara
não sou eu.

Tudo é possível
mas nada é provável, não
sou o primeiro Facuri a dizer
esta frase.

E era improvável
ver certas coisas
que andam acontecendo.

De longe nunca acreditariam
se vissem o guri
sem barba, passeando
com um cachorro da cor
da neve desbotada.

Este não será tratado
como rato.

Sem camisa,
largado aos
cigarros e ao
álcool e
no dia seguinte
calça e camisa social.

E tudo que eu dizia que era
errado eu fiz
e disse que era
certo e no fim
voltei a dizer que era tudo
errado. Mas o errado sou eu,
acredito que esta minha
hipocrisia não é tão
maléfica.

Invés de gastar tempo
com meus eletrônicos, acordei
cedo pra ir pra academia
e cuidar da casa.

Posso ainda não ser um grande homem,
mas como minha sobrinha diria:
Sou médio.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Apple and cinnamon.

Sofrimento e mau humor,
claramente  visível que
odeio tudo isto e
as vezes prefiro até a morte.

Não são todos
que conseguem compreender
que sou um pássaro com
as penas lindas
demais para ser preso
numa gaiola de pedra.

Mas a esperança é uma
coisa ótima, é
o que me mantém vivo. Mas
confesso que ultimamente
as lágrimas vêm me consumindo.

Tenho pensamentos
que não deveria
e nem me culpo mais.

É difícil equiparar duas
coisas que amo, e ainda
perder uma para outra.

Fico pensando horas
e nestas horas, admito que
meu pessimismo me domina.

E durante esse pessimismo
penso muitas vezes em
desistir, sigo
sem forças, esperando
por um milagre, com
medo de algo
pior do que a morte.

A sua imagem
só me traz
o que não desejo.

E ontem mesmo
vi coisas que não deveria ver,
cigarros e álcool
não vão me sustentar.

Uma faculdade
de merda e estou
preso a um mundo sem sentido,
sem você.

Um mundo que não vale a
pena, um mundo
que só me restam
as lágrimas em cima
dos machucados das
minhas palavras.

E o que sobra
perto da minha cova é
pouco ou quase nada.

Só me resta a sua
voz linda e rouca,
com seus acordes fortes e
perfeitos.

Talvez eu
tenha sido feito para
menina sem cor.

Talvez eu tenha sido feito
pra ser sozinho.

As vezes só vejo
mil mentiras
no ar.

Tudo começou tão simples, tão
simples e
perfeito
como maçã e canela.

Me diga o que está em sua mente, diga
pois eu amaria saber o que
está acontecendo.

Tudo começou tão
simples e inocente, tinhamos
a química de uma maçã
com canela.

Não consigo, simplesmente
não consigo aceitar
que nos estamos nos desapaixonando.

Todos costumavam me invejar
felicidade não dura tanto tempo assim,
mas o que posso ter ainda
é perfeito.

Por favor, não me olhe assim.