segunda-feira, 28 de março de 2011

Memórias.

[...] Ele foi por uma rua
que só tinha andado uma vez
ou duas
e seus olhos estavam incrivelmente
foscos.

Pensou na sua guitarra,
estava com saudades dela, mas
ele tinha emprestado
pro seu amigo, que fazia caras estranhas
enquanto fumava.

Ele parou,
por pouco tempo e foi andando
de um jeito meio torto,
riu, enquanto tinha vontade de chorar
ditou o caminho e pôs-se a andar.

Prometeu a si mesmo que não ia escrever
sobre essa parte e
sobre aquela conspiração terrível
dos bebês.

Caminhou, olhou o mar
mentiu,
mentiu e
continuou mentindo e
fingindo.

Sentiu saudades da raposa, mas
foi um crápula a tempo de
ir ver sua amiga casada.

Sua amiga lhe matou sua carência
de palavras,
fizeram um bolo e
olharam as fotos antigas dele e riram
e riram enquanto ele
ficava nostálgico.

Fumaram um maço ou dois,
comeram um quilo ou dois,
beberam um litro ou dois,
brincavam com a fumaça do narguilé e
comiam o bolo de chocolate da guria que
já tinha ido embora.

Ficaram jogando um jogo chato,
sete, sete, sete, agora
era o número da besta,
as cartas eram marcadas e
só um deles ganhava, mas mesmo assim
o bêbado torcia pros três que perdiam.

Apagaram todas as luzes e
ficaram filosofando e
viajando enquanto um deles
vomitava no banheiro
debaixo da escada.

Três deles,
ficaram fumando mais uns
cigarros com os braços no portão e
com cara de drogados, talvez,
enquanto um deles comentava o tanto
que eles tinham crescido e
amadurecido e
o outro dizia poesias sem
os gracejos nas palavras que
o outro guri não concordava mas, apoiava,
pois não via nada de errado no
que ele falava, apenas via
de um modo diferente

Um deles brincou dizendo:
-Por que não vemos o nascer do sol
na praia?

Duvidou, quando, três deles disseram
que seria uma ótima ideia, trocaram
a essência do narguilé, pegaram uns carvões
de reserva, colocaram no bolso e saíram caminhando
e fumando.

Sentaram, xingaram um cachorro
e duas velhas e
apreciaram a paisagem,
o mar,
o sol e
o momento em si.

Perderam um bom tempo
por ali, dizendo coisas fúteis e
apreciando o sabor de menta,
até que ele foi mergulhar.

O guri tirou a camisa, parou,
pensou e viu
que aquele era um dos melhores
momentos que ele havia vivido e
foi andando devagar,
destruindo a perfeição da areia
- que ela
provavelmente havia levado a noite inteira
para esculpir -
com os seus passos,
começou a assobiar uma música
de um filme que ele tinha visto uns
pedaços pelos últimos dias, molhou seus pés e
fez o sinal da cruz depois de três ondas,
mergulhou e gritou em baixo d'água
onde ninguém poderia ouvi-lo,
levantou, arrumou seu cabelo e eu vi
ele estava sorrindo e
eu vi que seus olhos
estavam cansados e sublimes,
estavam sinceros e majestosos,
não posso ler mentes,
mas acredito que ele estivesse pensando
algo como:
"- Esta parte,
esta pequena parte da minha vida,
eu chamo de felicidade." [...]

A ruiva sublime.

Meia noite e
uns trocados,
te ligo e
desejo feliz aniversário, mas,
não minto, que não sabia
que era hoje.

Eu não sei o dia do seu aniversário e
não sei tantas outras coisas
sobre ti.

Mas sei que você ficava linda
de branco, enquanto
mentia sobre sua banda favorita.

Sei que você estava de rosa
no meu último
aniversário,
que não teve festa.

Sei que você é louca
por uma banda alemã
que eu te apresentei.

E sei que você gosta de diamante negro,
gatos e
perfumes.

Não sei o dia do seu aniversário,
não sei o motivo de muitas atitudes,
não sei com o que sonha e
não sei porque um dia ligou pro meu número.

Eu sei que você não gosta das bandas atuais
nem das pessoas atuais e
não gosta muito das coisas atuais.

Sei que gosta de ler e
gosta de conversar,
contar suas histórias e
fazer algumas analogias.

Sei que gosta de livros,
séries e filmes
de vampiros.

Sei que você valoriza o 'eu te amo'
e que não é boa em dizer
o que sente.

Não sei o dia do seu aniversário,
não sei o nome dos seus parentes,
não sei o que você realmente pensa e
talvez nem você saiba.

Sei que seu perfume é doce
e sei que você não
abriu sua mão antes da hora.

Sei que sua história não é bonita e
que você também sofreu,
sei que foi difícil, mas o resultado
eu adorei.

Sei que você chorou,
sei que odiou,
sei que teve noites
horríveis.

Sei que riu,
sei que ainda ri de mim,
sei que suas noites
tendem a ser melhores.

Sei que é fraca com vodka e
é a sereia mais linda
que eu já carreguei nos braços.

Sei que gosta de kid abelha, apesar
das suas unhas estarem pretas
e sei que gosta de poesias mal escritas.

Sei que descasca o esmalte
quando esta nervosa e
sei que coleciona esmaltes e
cosméticos num ármario do banheiro.

Sei que é péssima em achar o botão vermelho
no telefone e
acaba sempre ficando horas conversando.

Sei que não gosta do serviço de casa
e sei que quando está com sono
parece que bebeu algo muito forte.

Sei que gosta do Jhonny Depp
e do Till, mas
deles eu não tenho ciúmes.

Não sei o dia do seu aniversário,
nem seu sabor favorito de sorvete,
não sei o quanto você já mentiu
e não sei porque estou escrevendo este texto.

Não sei o seu apartamento,
nem metade dos seus maiores segredos,
só sei das coisas menos importantes, mas
sei que você é muito importante pra mim
e por isto merece o melhor dos adjetivos.

Eu não sei o dia do seu aniversário,
mas sei que trocaria facilmente
um por uma dúzia
não sei tanto de você...

Mas eu sei as cores das suas roupas e
os cheiros dos seus perfumes, eu sei
a cor dos seus olhos e
conheço os defeitos que ninguém vê e
as qualidades que só me agradam e eu sei
quando há sinceridade nos seus olhos e
singelidade e eu sei
que você muitas vezes finge ser forte
quando quer chorar, mas também sei
que é péssima em chorar, eu sei,
mais de você do que de mim, eu
não sei porque ainda ligo tanto
para o seu número e eu
não sei porque me encanto tanto e eu
deveria esquecer, mas eu
não consigo.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Chaminé, santander, undercut e a dona Helena.

O guri olhou pro céu
e estava um pouco embriagado, mas
não de algo muito forte, pois,
o mais forte que o guri andara tomando
era chá preto gelado com limão.

Um guri agora tinha um apelido novo
devido ao número excessivo de
cigarros que ele acendia e de
fumaça que ele tragava.

Outro guri reclamava
do banco e um pouco do pai,
agora que seu nome estava sujo
- ou não -
e ele não queria pagar uns cento e
cinquenta reais de juros.

Os outros três discutiram do passado
enquanto viam partidas de futebol
no vídeo game e viam
as luzes das pilhas carregando e
ouviam umas músicas estranhas
que embalavam
e davam ritmo à conversa.

Parecia algo planejado ou sei lá
mas ele ficou realmente triste
quando ouviu aquilo, parou por um momento,
se desligou do mundo e
só foi voltar a si quando o ônibus
estava buzinando atrás dele.

Era definitivamente estranho, mas,
era definitivamente bom e ele
pediu conselhos, talvez,
à pior pessoa de todas, mas,
mesmo assim, não foram
tão ruins.

A guria disse que,
tinha cortado seu cabelo de um jeito muitíssimo estranho
e finalmente estava ficando careca, mas ela
disse que gostava de gurias com cabelo curto
e isso acabou soando como um elogio
pra ele, enfim.

Ele tinha esperanças e
PORRA DONA HELENA,
isso foi realmente engraçado,
mas, enfim, onde eu estava mesmo?

Haviam os cigarros,
a vodka, o sake,
a coca-cola
roxa,
tantas outras drogas e
tantos outros prazeres, mas
ultimamente o guri
só andava querendo comer
risolis com
molho branco
porque
sim.

domingo, 20 de março de 2011

Dear I,

A minha camisa
está molhada
e todo o resto do meu corpo também.

A minha mão
está com cheiro de cigarro,
mas, tenho certeza
que o cheiro do seu perfume
seria muito mais agradável.

Aqueles três velhos
sempre davam risada
quando eu arranjava motivos pra coçar o nariz
e sorria.

Tenho tido muitas músicas favoritas,
muitas comidas favoritas,
muitos filmes favoritos.

Gostaria muito de entender
porque ainda olho
com tanto desgosto.

Ouço meu telefone tocar,
mas não tenho tido vontade
de ir atender.

Não tenho certeza
se preciso do motivo mais belo
ou se preciso apenas
de um motivo.

Falo de um jeito para uns,
falo de um jeito para outros,
porém o jeito que vejo, não é o mais bonito
talvez seja o mais feio.

A chuva molha as ruas
e a calçada da minha casa,
eu tinha deixado uma mesa para dois
com uma vela acesa
mas a chuva apagou-a.

Tenho andado na chuva,
olhando pra baixo,
para que ninguém veja o meu rosto.

Tenho andado na chuva,
para que a água esconda
o sangue, o suor e as
lágrimas.

Não sei mais se ando
escrevendo os melhores roteiros,
não sei mais se sou
muito para este papel.

A primeira vez que ouvi aquela música
achei que você tinha errado sem querer,
mas agora eu vejo
e foi a coisa mais linda que ouvi.

Me resta uma semana
e eu não sei o que devo fazer
não quero pensar, mas
eu preciso resolver.

Não consigo,
não sei em quem acreditar,
não sei no que acreditar.

Talvez eu devesse tocar piano
e aprender música clássica,
talvez eu devesse viver como todos,
talvez eu devesse.

Talvez, nunca,
mas, não poderia
esperar por tanto tempo, mesmo que quisesse
portanto.

Talvez, tenha sido só uma linha
a mais no meu texto,
talvez, tenha sido uma falha
na minha caneta, talvez
eu tenha sonhado
e não tenha acordado, talvez
eu tenha borrado toda essa página, talvez
eu tenha estragado todo esse livro, pois não vejo
o que todos vêem, eu não leio
a história que todos lêem, eu não sou
o que todos vêem, eu não sou
o que todos querem ver, eu não sou...
o pouco que sou
é para você.

Não tenho certeza se gostaria
que você se importasse ou não
não gostaria que isto fosse por você
mas também penso em mim
e não quero mais sofrer.

Vou pegar uma folha nova,
em branco e
recomeçar a escrever:
Era uma vez...
Outra vez.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Só.

Hoje eu pus aquele cd antigo no carro
ouvi suas músicas e
contei histórias enquanto
passava claramente do limite de
velocidade.

Tive sonhos estranhos
e nem estava dormindo
e nem ando bebendo.

O refrão dessa música já está
preso na minha cabeça
e eu nem gosto dessa parte.

O final dessa história já está
escrito na minha cabeça
e eu nem gosto desse enredo
e eu nem gosto desse climax.

Ando sonhando,
acordado,
com pessoas que nem entendo
o porque.

A sua imagem continua
lapidada
na minha cabeça.

Saio cantando,
os pneus e estas músicas
em alemão
e parece que minha vida
gira em torno de algo parecido
com isso.

Nada do que digo faz sentido, mas
eu já cansei de explicar
nada do que faço faz sentido, mas
nunca vou parar de tentar.

Minha cabeça
continua não aceitando certos tipos
de coisas, e isso só me faz sofrer.

Minha cabeça
continua lembrando da
pior música, da pior
parte de texto, da
pior pessoa e das
piores coisas que alguém
pode querer lembrar e isso só
me faz sofrer.

Me sinto só mais um,
nem um,
frustrado
largado por você,
que nem sabe escrever, que
nem sabe esquecer e isso só me faz
sofrer.

O medo do escuro,
dos extraterrestres,
dos fantasmas eu perdi,
o único medo que restou, porém,
me assombra todas as
noites e isso só me
faz sofrer.

Por enquanto
é melhor eu ir dormir
rimar e fazer analogias com o seu nome
não vai resolver.

Dizer o meu amor,
tentar explicar porque deveríamos
e chorar
não vai resolver.

E isso só me faz
e você só me faz
e todos só me fazem
sofrer.

E só,
escrevo este verso
e esta solidão
só me faz sofrer.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Lucky Strike e Sake.

Andei vagando por aí,
em lugares diferentes,
com pessoas diferentes
fazendo coisas diferentes.

Eu mesmo ando diferente,
sou o mesmo, porém,
com uma chave a mais no bolso.

Bebemos,
fumamos e
compramos um isqueiro.

Todas as pessoas estão indo embora
e eu mal posso esperar a minha vez.

Andei gritando mais alto do que devia,
coisas que não devia,
andei dormindo mais do que devia,
sonhando com pessoas que não
devia.

Naquele lugar, antes
eu só via skates e bicicletas,
uma família ou outra
e alguns apreciando o mar.

É meio estranho, quando olho
vejo os maconheiros,
os alcóolatras,
junto com as famílias e os skatistas
que eu já conhecia.

A música de lá até que era boa,
Serviu de fundo
quando ela brincava
que estava chateada.

Mas uma coisa não posso negar
aquele mar continua sujo
e lindo.

A guria de cabelos brancos
olhou pra mim e me fez pensar,
ela me disse: E se?

Talvez eu realmente fosse mais feliz
mas até agora
não posso reclamar.

Talvez eu não meça
felicidade como todos os
outros.

Todos estão indo embora,
eu estou ficando sozinho e eu
mal posso esperar a minha vez.



O pão eu não tenho,
mas tome um trocado
pra tomar um café,
vá com Deus.

domingo, 13 de março de 2011

O maracujá, a raposa e a guria do visual retrô.

Fiquei andando por aí
só pra tentar entender essas coisas
que ninguém mais se preocupa em saber.

Parei de beber
e todos estranham
mas são só quarenta dias,
não é nada de mais.

Todos se foram
e levaram o que eu amava
tudo que restou, eu gosto
mas ainda sinto a tua falta.

Minto,
desminto e ando inventando histórias
pra aumentar meu ego.

Me disseram que não iria demorar tanto assim, mas
também me disseram muitas outras coisas que não eram
verdades.

Meu pé estava quebrado
ou quase isso
mas mesmo assim levei ele até o acelerador
só por prazer.

Tinha cara de adulto
fazia coisas de adulto
e me senti o máximo
quando perguntaram o porque do suco
de maracujá.

Tinha voz de adulto,
agia como um adulto,
e me senti o máximo
quando assoprei a fumaça e balancei a cabeça
reprovando os atos dela.

Por mais que eu tente entender
não há o que se precise entender
não preciso saber porque minha camisa é preta
deveria me contentar em saber que ela é preta.

Meus braços estão com marcas de unha
por causa de uma garota qualquer, mas
não minto que isso só afaga meu ego
não minto que vejo lembranças nisso.

E eu lembro que você me disse
que quando as pessoas se gostavam
elas admiravam o silêncio
e eu sinto tanta falta
do silêncio
e do silêncio
da sua voz, mas
isso não importa agora.

Estou feliz, mais do que geralmente estou
quase tanto quanto já estive
e pouco me separa das minhas esquetes.

Hoje você sente a minha falta mais do que nunca
mas mesmo assim diz que não se lembra
jurava que tinha entendido sempre
quando na verdade
você me disse nunca.

Muitas coisas andam me perturbando,
mas esta não é uma delas.

Existe um lugar por aqui onde os homens
possam ficar momentâneamente incertos?

quarta-feira, 9 de março de 2011

Como posso dizer?

Como posso dizer?
Sou um homem adulto, mas ultimamente
tenho chorado como uma criança,
eu apenas gostaria de conhecer a pessoa
que sou.

Eu não vou deixar assim,
mas eu já tentei tudo
isto, isso ou aquilo
e eu ainda estou aqui.

Não sei bem dizer,
gostaria que minhas palavras tocassem você
tocassem em você, assim como as suas
um dia tocaram em mim.

Todos e todas as noites,
mas eu continuo aqui.

Sinceramente,
minhas analogias já encheram o saco, mas
eu ainda tenho medo de lhe dizer
o que guardo só para mim.

O futuro continua escondido em algum lugar
brilhando infinitamente,
olho pela minha janela nostálgica
e o sol acabou por vir e já está chovendo.

Me diga:
Por que criamos com tanta dificuldade
coisas que sabemos que vamos
destruir?

Você não sabe porque,
ninguém sabe porque,
mas esta noite
não vou me preocupar.

São quase sete da manhã
e ainda escrevo seu nome,
meus sonhos andam tão vazios
e isto é preocupante.

Como posso dizer?
Sou um homem adulto, mas ultimamente
tenho agido como uma criança,
eu apenas gostaria de conhecer a pessoa
que deveria ser.

Não sei, gostaria de saber
se olhar as estrelas,
o sol e a chuva irá resolver.

Talvez eu eu deixe assim,
chorar,
sonhar não vai resolver.

O carnaval acabou e
finalmente o sol apareceu,
agora são três da tarde mas eu ainda estou com tanto
sono.

Cem textos,
talvez isto seja só mais um jeito
de eu lidar com a minha
tripolaridade.

Ou de tentar enteder o que fui,
sou ou o que deveria
ser.

sábado, 5 de março de 2011

Cacos de vidro no chão da cozinha.

Minha guitarra
tem uma corda que está
quebrada, mas ela
ainda adora quando faço ela chorar
o seu nome nas cordas
agudas dela.

O copo do pikachu quebrou
eu fiquei triste porque haviam memórias minhas nele, mas
fazer o que?
Tantas coisas andam quebrando ultimamente.

Ando fazendo coisas das quais
não me orgulho muito.

Ando sonhando com coisas das quais
não me orgulho muito.

Ando escrevendo coisas das quais
não me orgulho muito.

O meu orgulho já foi algo grande
mas hoje está junto com o meu ego
e o que sobrou dessas coisas fúteis.

Não penso mais, apenas digo coisas
e escrevo coisas sem sentido
e chamo de poesias.

Eu já senti,
já sofri,
já recebi
- penso que já -
arrisco dizer que
poderia me arriscar.

Do ódio à tristeza
ou do ódio ao amor
pra mim já tanto faz
ou tanto fez.

Primeiro ele fica quente, então frio e por fim ele machuca
e depois as pessoas enfiam espadas nos peitos
e saem cantando glórias
acho que já escrevi algo assim...

Inútil retratar algo ou alguém
que nem sequer tenho certeza se já vi.

Quero entende-lo
e dominá-lo
não para usar
talvez para vender ou até mesmo
alugar.

Gostaria de entender
porque tanto me odeia...


Mas antes,
gostaria de entender porque
não me ama.

Gostaria de saber
se é por todas as pessoas
que você perde a voz.

Já ouvi essa música centenas de vezes
mas ainda não quero deixá-la
parar de tocar.

quinta-feira, 3 de março de 2011

O texto que ninguém entendeu.

Travessão
colchetes e alguns pontos
uma letra ou outra
e uns números.

Is sem pingos,
letras sem acentos
substantivos sem adjetivos
substantivos
sem
substantivos.

Vírgula
cecedilha e crase
abre parênteses
e não feche mais.

Aspas
gírias
adjetivos
aos coletivos
de substantivos.

Pronomes,
pronomes e mais pronomes
com exclamações
e umas interrogações.

A palavra que afaga
a palavra que fere
a palavra que cura
a palavra que cerra.

Interrogação,
interrogação
mais interrogações e depois de muito tempo
ponto e vírgula.

Reticências,
travessão
colchetes e alguns pontos
quatorze pontos e mais uns pontos
e uns números
que só eu contei.

Sujeito
e o predicado
escrito errado.

Mais alguns números
e feche os parênteses.

Frases distorcidas,
textos inteiros
recitados
baseados em mentiras.

Travessão
ações
e mais ações
travessão.

Frases mal formuladas
textos inteiros
recitados
baseados em imaturidades.

Interrogações,
interrogações e mais
interrogações.

Reticências,
reticências e mais
reticências.


O amor é egoísta,
assim como eu.