quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Ninguém em casa

Dormindo na sala
sem saber direito quando deitei
ou quando vou acordar.

Minhas lembranças todas
envolvem você
ou fumaça.

Ou você
com fumaça.

Minha companhia são
meus gatos e
a TV.

E eu me reviro no sofá enquanto
balbucio o seu nome
na minha mente.

Eu não consigo resolver meus problemas
por isso carrego este isqueiro
vermelho comigo.

Por isso ouço Pink Floyd.

Só para poder ir pra outros lugares.

Mas não tem ninguém por aqui.
Assim como de onde eu vim.

Prostitutas, drogas e álcool,
nada serve, nada completa.

E eu vejo as coisas acontecerem
de um jeito diferente, num
tempo diferente,
enquanto minha barba e o meu cabelo
vão ganhando volume.

Enquanto meus sonhos
vão se focando em você.

Agarro pescoços estranhos e
oportunidades alheias.

Eu não estou surpreso, parece
que finalmente,
estou realmente sentindo.

Então é assim?



Não digo que fui enganado, porque
ninguém me disse pra acreditar.

Muito pelo contrário.

As únicas almas
que me me disseram que ajudariam
agora estão longe dos meus
telefonemas também.

Nem o meu cachorro deixaram em paz.

Todos estão morrendo, até meus peixes.

Fico tentando precipitar o próximo
tiro, sem sucesso.

Ainda guardo comigo
sabores, texturas,
formatos, cheiros.

Sinto falta das minhas mãos
pegando fogo.

Ainda guardo comigo
o sentimento, dentro duma
caixa de madeira.

Junto com as minhas ideias-
todas-azuis. Onde uma bailarina
de cabelos longos que mudam
de cor, é a guardiã. Tocando
uma música melódica
que eu mesmo gravei
enquanto estava entre lá
e aqui.

O que me resta é mais um cigarro
e sair por aí procurando por
problemas, como
sempre.

Foi isso que perdi?

Só gostaria dos meus sentidos de volta.

Enquanto isso um whisky me convém,
eu tenho de ser forte, eu
tenho que entender.

Eu tenho que sobreviver.

Sabe?
Algumas vezes é preciso
saber o que você não é
para entender o que
você deseja ser.

Horas e horas
apenas tentando correr,
dizendo coisas pra mim mesmo.

Eu gostaria de contar pra alguém,
mas não tem ninguém em casa.

Deixe as luzes apagadas,
feche os olhos e eu guio
pela escuridão. Aqui é meu lar.

É hipocrisia demais
começar rezar agora
para que tudo acabe bem?

É hipocrisia dizer
que errei?

É hipocrisia demais
o que me tornei.

Não confie em mim pois
eu mesmo não confio mais.

Por favor
não
me deixe em paz.

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