sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Vivendo e não aprendendo.

O guri deixou a barba crescer,
vestiu preto,
comprou uma garrafa de vodka,
ficou bêbado e saiu falando com pessoas
que ele nem gostava
só porque
lhe disseram que isso era viver.

O guri passou
não sei quantos anos
pra entender
que ele ainda não sabia
o que era viver.

O guri teve que conhecer centenas de pessoas
e flertar com dezenas de garotas
ler um dicionário ao contrário
pra perceber
a diferença entre viver e
sobreviver.

O guri teve que comprar centenas de coisas que ele
nem precisava e
só depois descobriu
o que queria dizer
status
e só depois descobriu
que ele não precisava de
status.

O guri passou metade da vida
tentando agradar os outros
pra entender que
os outros não gostam de agradar os
outros
e ele ficou meio arrependido,
porque tinha agradado muito os
outros
e os
outros
nem sequer tentaram agradar ele,
mas pelo menos entendeu que tinha de viver
por si mesmo e não pelos
outros.

O guri teve que abrir o pulso
e machucar o punho
e apanhar de um policial
pra aprender
que em certas coisas não se adianta bater.

O guri teve que mostrar sua verdadeira face
pra perceber
que ele quase não tinha amigos
mas não ficou muito triste
porque os amigos dele
eram os melhores pra
ele
pelo menos.

O guri teve que entrar em dúzias de discussões
e tentar ter milhares de razões
pra depois perceber
que cada um tem a sua
própria razão
e que
a razão de cada um
levará cada um
a cada lugar diferente
e que cada lugar
e cada razão
quase sempre, geralmente
nem lhe convém saber.

O guri já tentou de tudo,
sexo, drogas,
filmes e músicas
mais drogas
e umas coisas estranhas,
já tentou rir
e já tentou chorar
já tentou se flagelar
e depois flagelar os outros
mas ele ainda sente um vazio
toda vez que deita na sua
cama.

E o guri deposita talvez todas as suas
esperanças
naquilo que as outras pessoas que
dizem
que
sabem viver
falam tanto
e tanto
apontam no peito,
dão tapinhas e falam:
amor.

O guri até esta feliz
mas não está feliz do jeito que queria estar
feliz
ele procura uma felicidade diferente
da felicidade
que lhe deram
não está nem feliz
e nem infeliz
no final,
afinal,
ninguém é completamente feliz.

Mas o guri ainda tem tempo,
talvez comece a se drogar
vire vegetariano ou se alimente do sol,
compre uma van,
monte uma banda,
deixe seu cabelo e barba crescerem ainda mais
gaste todo seu dinheiro em doces
ou ganhe na mega-sena
e vire um puta rico
e coma as garotinhas que gostam dos caras ricos,
as prostitutas enrustidas,
e talvez ele ache a felicidade
sem nem precisar
achar o tal do amor
e talvez ele pare de chorar e bater nas paredes
falar com pessoas estranhas
e tomar vodka
pra preencher o vazio,
que ele mesmo criou
por ficar tentando entender coisas
que não são da sua cara
e talvez ele possa parar de pensar tanto
em tanta merda
e viva como um bosta qualquer
que tem um emprego qualquer
uma vadia qualquer
uma família qualquer
uma vida qualquer
e talvez assim ele preencha o vazio
que ele não decidiu
ainda como vai decorar
nem se vai decorar
talvez nem decore.

Talvez o guri se preocupe de mais
em entender o que é viver
ele deveria se preocupar
em saber
porque viver.

O guri anda tentando pelo menos,
todo dia ele diz que aprendeu algo novo
mas nunca sabe se o novo
é o certo
e ele acha que não sabe julgar muito bem essas coisas de certo ou errado.

O guri na realidade
realmente
não sabe o que é viver
e talvez ele até se orgulhe disso.

Porque o fato do guri
não saber o que é viver
talvez o torne tão
especial
e sei lá o que mais.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Heroína.

Eu não passo de um fantasma
um fantasma do seu passado,
faça o que tem que fazer
pra me tornar real.

Mostre-me o que você pode ser
e diga-me o que tem de dizer
depois de tudo,
eu ainda amo você.

Feche os seus olhos
e me de suas mãos,
não me deixe ir embora
antes de me provar.

Nós sabemos,
todos sabem
e minhas suposições
morrem à sua voz.

Vivendo da dor,
aprendi a viver,
aprendi a morrer,
aprendi a sofrer,
a fazer.

Toda essa ganância,
egoísmo e narcisismo
me secaram
e você disse 'Adeus.'.

Ando pelas ruas
e vejo flores em você,
nas outras.

Às vezes quero dormir
dias inteiros
só pra não ver a horas passarem
e as minhas flores morrerem.

Me apoio na bebida
pois você levou seu ombro
e me deixou sozinho
com todos esses horríveis monstros.

São sete e meia
e ainda penso se devo te ligar
estou cansado da sua voz
porque não me leva com você?

Meus joelhos estão doendo,
e meu punho está sangrando,
você me fez conhecer o inferno
que existe dentro de mim.

Me machucam
e depois me perguntam
porque estou sofrendo
e reclamam do cinismo.

Talvez devesse lhe chamar
de heroína,
afinal, foi você quem me salvou.

Me viciou,
me deixou fora da realidade,
eufórico e confortável,
surdo e cego.

E agora estou em depressão,
devido a abstinência.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Faixa 8.

De cima do cavalo
ela procura sua presa
atira flores
e desavenças.

Ela olha,
ouve,
suspira,
geme
e ri.

Procura seu baralho,
e conta as cartas,
separa
e se maqueia.

Seus sentidos são aguçados
e ela veste vermelho,
ela esta com o rapaz,
sem coração.

Ela caça
e agora foi caçada.

Ela vive,
chora,
sente
e mente.

Ela troca navalhas
com o rapaz
e eles se cortam
só para ver como o sangue irá escorrer.

Ela sente o coração bater,
ela sente a respiração ofegante
e as dúvidas tem respostas óbvias.

Eu te machuco,
e não me desculpo,
porque foi bom,
ouça seus gritos.

Tanto faz,
o tempo não lhe dirá
que o tempo
não vai lhe compensar
o tempo perdido
por esperar
o tempo passar.

Da próxima vez,
será diferente,
não parta
antes que eu o faça.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Tatuagem no olhos.

O garoto de preto
anda calmo pelas ruas
olha os comércios fechados
e vê o sol nascer.

Ele acorda as quatro e meia da tarde
e vê o quarto desarrumado
e está de ressaca.

ele não bebia,
não fumava,
nem dava atenção à pessoas sem conteúdo.

O garoto de preto,
não reconheço mais,
o garoto de preto.

O garoto de preto,
mente,
vive mentindo,
mente vivendo.

Diz tanto que mente
que as pessoas acham que é mentira
as vezes que ele diz que está mentindo
e acham que é mentira quando ele diz
que está sofrendo.

Quatro garrafas de vidro
um amigo vomitando no posto
e um outro, disposto.

E ele diz que está tudo bem
e não conta nada mais
além do que lhe convém.

Enfiou uma faca no peito
só pra dizer que esta sofrendo.

E fica esperando a piedade
e a auto-piedade.

O garoto de preto,
está de cinza.

O garoto de cinza,
não conheço,
o garoto de cinza.

O garoto de cinza
bebe
e flerta com pessoas sem conteúdo,
não deseja feliz natal
e não tem religião.

E ele é tudo que o garoto de preto
não gosta,
mas ultimamente eles estão tão próximos.

E depois que o garoto de preto
se despede do garoto de cinza
ele volta pra sua casa
ele volta pro seu quarto.

Ele deita
e sente vontade de chorar,
mas nunca consegue.

Parece que tem algo nos seus olhos
que sempre o atrapalha,
algo parecido com tinta.

E ele dorme sofrendo
vendo uma imagem que não existe.

E ele acorda sofrendo
acreditando em uma coisa que não existe.

E ele continua a ver
algo que não existe
e ele continua a ser
algo que não existe
e é tão real
que ele sente que pode tocar.

E ele corre atrás da imagem
como um burro corre atrás
de uma cenoura.

E mesmo que todos digam que aquilo não existe
ele continua
e todas suas crenças
são de que um dia ele poderá chegar
a ter o que ele tanto vê.

Coitado,
fizeram uma tatuagem
nos olhos
do garoto.

E agora ele corre
sem parar
tentando conseguir
algo que ele jamais terá.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Nostalgia de Natal

Sabe,

me disseram...
que o papai noel não existe...

Que absurdo não ?
eles acham
que o papai noel é o que vem pela chaminé
e te dá um presente de 5 mil reais...
Papai noel não é capitalista...

Se ele existe?

Sim...

Existe...

Mas o q ele te dá no natal ?
simples,
ele te dá:
sua familia,
seus amigos.

Como assim ?

Se sua família e seus amigos,
estão ai o tempo todo.
ele apenas os reúne...

Faz conversas surgirem entremeio a intrigas
e te deixa de um jeito meio bobo,
como se fosse a data mais feliz do mundo...

Agora vc me pergunta...
aonde eu entro nessa porra ?
eu lhe digo:

O papai noel me deu sua amizade de presente
ele fez eu achar vc entre bilhões de pessoas
para compartilhar palavras
e sentimentos.

Por isso
papai noel existe
e já nos presenteou

Portanto...
Feliz Natal

Texto escrito em: 26 de Dezembro de 2007
dedicado à quem ainda não tinha lido
e à Kayssa Mavrides.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Pra falar de amor.

Estou lá
e aqui,
estou por aí,
estou em qualquer lugar.

Eu sou o mal
mas prego o bem,
todas as minhas verdades
carregam mentiras.

Eu sou o bem
mas lhe faço mal,
todas as minhas mentiras
carregam verdades

Alguns dizem que existo,
outros me chamam de mito,
uns me ignoram,
outros falam chorando,
sobre mim.

Não sou apenas um
sou vários
e estou com quem quiser
e aguentar me carregar.

Eu lhe trago a felicidade,
depois a dor,
a felicidade
e a dor
felicidade,
dor,
sempre nesta sequência.

A felicidade quando chego
e a dor quando preciso partir
no fundo sempre estou por aí
mas o ódio e o ressentimento
impedem que alguns me vejam.

Lhe faço rir
e depois chorar,
até você rir de tanto chorar
ou chorar de tanto rir.

Estou dentro de ti,
na pelúcia do seu ursinho,
no papel escrito
ou na foto rasgada.

Estou no seu nascimento,
na sua inocência,
estou dentro de tudo
que faça parte da sua existência.

Alguns me chamam de imortal,
outros de algo ocasional, irracional,
eu duro o tempo que quiser,
é só conseguir me alimentar.

Sou o certo
e o verdadeiro,
o eterno,
e o incorrespondido

Sou tanto o motivo da vida
quanto do fim dela,
apareço em festas,
em casamentos
e funerais.

Costumo partir,
na queda.
Deixo lágrimas
e algumas lembranças.

Sou forte
e ganho de quem me desafiar
e todos sucumbem
uma hora ou outra.

Sou complicado
e difícil de se acreditar,
sou o milagre
e o chão, para pisar.

Sou tudo que você procura
e ao mesmo tempo
não há nada mais supérfluo
do que eu.

Façam como quiserem,
só não me confundam com
suas paixonites de verão
e não façam declarações de amor
até para seus animais
ou pro seu colchão.

E que cada um me veja do jeito que quiser.

O amor não dura pra sempre, sempre, quase sempre...
E quase nunca, nunca, sempre confundem o amor com a paixão,
a paixão é o amor, por um dia
o amor é a paixão, de cada dia.
(Thiago Facuri)

domingo, 19 de dezembro de 2010

Eu, tu, ele e ela.

Às vezes,
não desejamos o melhor
desejamos a dor
e a consolação.

Às vezes,
não olhamos pra frente,
sentamos na guia
e ficamos olhando as paredes das casas,
malfeitas.

Às vezes...

Caímos por vontade própria
e deitamos
e não levantamos
e depois nos arrependemos deste tempo.

Não consigo entender,
às vezes, acho que isto é isto
e isso é aquilo
e este é aquele.

Às vezes você não sabe o que é melhor,
faz ventar do lado errado
e o resultado nem sempre agrada.

E às vezes você vê esperança,
onde não há de ter
outras, deseja apenas que
as horas passem
e repassem
o mais depressa possível.

E às vezes quando há esperança
finjo não ter,
tento matar todos
pra me sentir menos tolo.

Às vezes paramos
e pensamos
montamos nossas esquetes
e depois nos cansamos de planejar.

Às vezes você é ateu,
às vezes eu sou espirita,
às vezes ela é crente,
Às vezes não somos nada
nem ninguém.

Às vezes,
ela é o Ás de espadas
ou o três de paus
a carta maior.

Quase sempre me faço de coringa
e digo que estou pronto pra ser
qualquer outra carta que você
escolher.

Sempre,
você sai andando
enchendo a minha cabeça de besteiras
e usando analogias esquisitas
e brincando de psiquiatria.

Nunca,
sempre,
às vezes.

Horas e horas,
antes ou depois,
futuro ou passado,
e o presente impotente.

Afinal,
a vida é feita de momentos
e eu não consigo mais acompanha-lá,
nem prever o que acontecerá.

Agora você quer ouvir U.D.R.
ontem system
e amanhã, quem sabe, o teatro mágico.

Já quis isso
aquilo
e aquilo outro.

Estou triste,
feliz
cansado
e frustrado.

Vivendo e não aprendendo
só tomo cuidado
pra não agir pelos momentos
e perder todo pouco que consegui.

Tento agarrar tudo,
com minhas inúteis mãos,
tento ter tudo
sem perder nada,
quanta inocência.

Eu ainda amo ela
você não ama ele
ele ama ela
ela me ama.

Você vai sofrer,
eu vou me arrepender
e ela continuará a viver.










Eu, tu, ele e ela.
Parece que me confundi de novo,
não entendo mais nada de pronomes.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Scooby.

Oito anos
me lembro como se fosse ontem
de cima de um morro de pedras
eu e mais dois avistamos ele.

Eu escolhi a forma que o tratariamos,
acabaram aceitando
e alimentamos nossos sonhos de criança.

No começo nós brincavamos
mas acabamos por assumir
uma nova amizade.

Segundas, terças
e o resto das semanas, inteiras
companhia até mesmo quando não desejávamos.

Quatro blocos da construção
e um madeirite
uma tigela de paçoca
e muito apetite.

E quando o caminhão chegava
ele ia deslizar no piso,
não gostava
mas era o que restava.

O pai que detestava,
o pai que aceitava
e no fim talvez, o pai que gostara.

Os outros sempre tiveram inveja,
os outros sempre o odiaram
até que um dia o denunciaram.

Uma ida ao tude
com um fiat uno
e uns trinta e quatro reais
indignação.

Depois disso ele ficou trancado,
mas sempre fugia pelo portão vazado,
dava umas três ou quatro voltas por aí
e ficava pedindo pra voltar.

Foi a shoppings,
a feiras,
caminhou conosco a cidade inteira
não precisava de correntes
um assobio era o suficiente.

E por falta de amor,
talvez frustração,
inveja de novo
ou pura ilusão.

Ele pagou o preço pelos outros,
depois dos oito anos e mais um pouco
ele se foi
e eu vi metade da minha vida indo junto.

Já vi muitas pessoas morrerem
mas sem dúvidas nenhuma me abalou tanto
quanto um colega de quatro patas.

E depois do veneno,
a vizinha nos pediu um pouco de papelão,
e vi todos conterem lágrimas,
talvez por orgulho e vergonha.

Quando vejo as mulheres dizendo
que homens valem menos que cachorros
acho ridículo, puro feminismo.

Mas acho que quanto a ser humano
e animal,
elas tem razão.

Pois certas atitudes me levam a crer
que cachorros são mais inteligentes
do que toda essa gente
que só faz sofrer.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

All my life.

Toda a minha vida
passei procurando,
escondido,
por alguém que tivesse o som
que você tem.

Agora, estou aqui
você está aqui,
e não mais vou deixar você ir
sei que você vai me ajudar
nos momentos que eu mais precisar.

Pegue os frascos de shampoo
e os sabonetes
e vamos embora.

Toda a minha vida
passei procurando,
escondida,
por alguém que compreendesse
o meu som.

E agora você está aqui,
eu estou aqui,
não quero mais ir,
sei que você vai precisar de mim
e espero poder ajudar.

Pegue as chaves do carro
e os documentos
e vamos embora.

Abro mão de tudo
pra satisfazer a minha crise de abstinência
não durmo,
não vivo,
maldita a sua ausência.

Pinto acentos
em mentiras
faço esculturas
de demagogia.

Ignoro eles
e elas.

Não precisam de mim
um a um
mato com um tiro no meu peito.

Me entregue,
se entregue,
livre-me,
dê-me.

Todas as nossas vidas
passamos procurando,
escondidos,
por alguém.

Não há nada a dizer,
quando suas mãos estão em mim
não há nada o que fazer,
quando eu sinto o seu perfume
apenas fecho os olhos.

E me pergunto se você pode me ouvir
e pergunto o quanto você pôde ouvir.

E você repete o dia todo
cortejos de amor,
me deixa sem graça,
retribuo com poesias
e tento até compor.

Chego a querer te odiar
mas quando te olho nos olhos
lembro porque vale a pena,
mas quando fecho os olhos
vejo por que vale a pena.

Poderia viver um século
me alimentando da lembrança,
da marca no lençol
e da roupa lavada em cima da cama.

Complicamos tanto...
depois tentamos não nos arrepender.

Só o tempo sabe o que virá
e ele não quer nos dizer.

No final, essa é a graça
neste jogo ninguém pode entender,
as regras mudam a cada minuto
e perde o primeiro que ceder.

No final não quero entender,
amanhã eu penso nisso,
vou ver tv.

No final, não podemos saber,
agora te quero,
amanhã vou te esquecer,

No final, não quero saber,
agora quero a outra,
agora quero alguém do cais,
agora preciso beber.

Toda a minha vida
passei procurando,
querendo saber o porque.

Procurei entender
as leis do universo
e os finais dos seriados.

Sempre achei explicação pra tudo,
sempre me senti bem com isso,
me viciei, sem querer.

Cada um chame como quiser,
cada um tem seu próprio amor.

E eu acho que o motivo de eu me fascinar
todas as vezes que você está ao meu lado
é não conseguir explicar
nem ter que entender,
o que eu sinto
e o que você me faz sentir.





A resposta por enquanto é:
você.

domingo, 12 de dezembro de 2010

19 Esquetes.

Meio dia
e uns trocados
acordou
mal acordou
e com cara de sono
já disse:
- O que diabos estou fazendo acordado?

Quis ficar na cama,
levantou resmungando
só para que
- para inferno futuro -
tentasse cancelar suas obrigações.

Falhou
e decepcionado,
ficou sentado
olhando pra parede
e umas horas e outras
olhava uma criança correndo pela cozinha,
como quem ve um bichinho de estimação novo
ou algo sobrenatural,
olhava espantado
e ria.

Mecheu em uns papéis estranhos
que tinham seu nome
e seu telefone
e ficou bem uns trinta minutos
fazendo esquetes na sua cabeça
e rindo sozinho.

Quando finalmente acordou
se arrumou
e foi fazer uma prova, ou algo assim
e foi até lá vendo alguém passar-lhe sermões,
vendo apenas,
porque só se ouvia o resto de suas esquetes
e ficou meio chateado,
muito chateado,
pois lembrou suas esquetes não podiam ser interpretadas
e cansou de montar seus roteiros imaginários.

Chegou adiantando e foi direto para uma mesa
que tinha seu nome completo
como uma etiqueta
e olhou para os lados
e fintou apenas gente estranha.

Olhou até uns velhos conhecidos,
que não quiseram lhe comprimentar
e teve vontade de vomitar alguns vezes.

Todos vestiam rosa e branco,
azul e roxo,
um ou outro verde limão.

Olhou pro lado e viu um cara
de uns trinta e cinco anos
com uma camisa preta de uma banda
e se sentiu parte de algum conjunto,
ou algo assim.

Conversaram do único assunto possível
e pararam quando uma mulher veio cheia de papéis
e disse umas palavras estranhas
com um sotaque engraçado
que ninguém entendeu.

Fez logo o que tinha que fazer,
pintou todo papel à lápis
e observou a ignorância de muitos,
rindo e montando mais esquetes
enquanto escrevia
e achava que era o centro das atenções
mesmo sem ninguém olhar pra ele.

Logo saiu da sala,
e sentiu a mudança de temperatura,
ficou meio tonto e tomou um café
e decidiu esperar sua carona sentado na sombra.

Ele estava lá,
sentado na frente de uma escola estranha
que ele não queria estudar
e ficou pensando nela,
na outra,
na outra
e na outra.

E teve vontade de chorar,
por umas três vezes,
por motivos diferentes.

Mas sempre que seus olhos lacrimejavam
seu orgulho agia
e ele transformava a tristeza em algo pior
e guardava pra depois.

Dormiu a tarde inteira,
só pra fazer suas dores passarem,
sonhou com muitas coisas desagradáveis,
ultimamente seus sonhos eram pesadelos
e seus pesadelos eram pesadelos piores ainda.

Se cansou,
quando acordou com o coração disparado,
decidiu ficar acordado.

Ficou dando palestras para estranhos,
sobre assuntos que não eram o seu forte,
mas ele não conseguia conversar.

Depois ficou procurando alguém
para descontar seu estresse
e falar todos seus problemas,
e talvez ouvir palavras confortantes,
mas não achou ninguém,
todos tinham sumido
pediu socorro
e pediu um abraço.

Quando estava deitado,
quase dormindo de novo, frustrado,
seu telefone tocou.

E um estranho apareceu no portão da casa dele
justo o único que ele não queria conversar
ficou calado, durante horas.

De tanto o estranho insistir
ele contou toda sua história
que queria que outros milhares
tivessem perguntado antes.

E o estranho usou toda sua força
pra dizer umas palavras bonitas
aconselha-lo
e encorajá-lo.

E ele virou um poço de sentimentos,
não sabia se sentia pena,
se ficava feliz,
triste,
nervoso
ou aliviado.

E o estranho foi dormir
e ele ficou sentado, ouvindo músicas,
músicas que lembravam ele
daquilo que não podia lembrar.

mas ele gostava de sofrer
e continuou cada vez mais
ouvindo e prestando atenção nas músicas
e escrevendo coisas idiotas.

E até descobriu músicas novas
que deixavam ele pior ainda,
ficou sem saber o que fazer
e voltou a montar esquetes
que nem tinham finais felizes.

Esquetes,
esquetes e mais
esquetes.

É só isso que ele sabia fazer
e nem trabalhava como diretor
ou roteirista.

Inventou algumas mentiras
e contou pra si mesmo
só para se auto-afirmar
e fingir que estava tudo bem.

Ele precisa parar com isso,
precisa mesmo.

E ele continua fazendo tudo,
contando com a reação das pessoas,
das pessoas que nem ligam pra ele
e não faz mais nada pensando em si mesmo.

Eu já disse pra ele,
mas ele diz que roubaram seus braços.

Não sei,
deve ser difícil,
deve doer,
não posso julgar,
mas pelo menos lhe restaram as pernas
para caminhar.







Vamos, melhor se levantar,
o chão está gelado
e você está molhado,
vai acabar ficando resfriado.

Vamos, não fique assim,
por favor,
não combina com você.

Ok, estou te esperando do outro lado,
não me desaponte.

Confio em você.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Temos que pegar.

Talvez nunca me acostume
tento sorrir com a cabeça baixa
e todos vivem me perguntando:
'você já realizou seus sonhos?'

O passado é confortante,
mas ao invés de viver da minha velha infância
quero tentar entender
e viver o presente
por mais que tenha nascido covarde.

Parece que fui feito de pedras
e quando sorrio todos estranham
e quando choro todos se espantam
preguei tanto isso
e agora quero me livrar, mais do que tudo.

Observo todos conversando
de assuntos grotescos
e parece que já me contaram o final de tudo
são como esquetes, malfeitas,
fico apenas assistindo
vendo o final acontecer.

E me dizem:
isso não é amor,
sexo não é amor.
Mas esquecem de tirar o gosto de látex da boca.

E depois
saio de casa
com cara de sono
e o cabelo desarrumado
como sempre
- frescura minha -
fugindo do sol
com a língua amarela
falando de coisas fúteis
e interessantes
que a maioria das pessoas nem ligaria
- quer um halls?

Meus vícios tendem a ter finais sádicos
e a minha própria cara de espanto,
quando não uma lágrima ou outra
não são muito sadios.

Preciso de um vício novo,
acho que também vou comprar uns esmaltes
só pra deixar na prateleira
e ter pelo menos uns
cento e cinquenta,
só não quero o pikachu.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Cinco e quarenta e três, alguns erros de português, era uma vez.

Cinco e quarenta e três
e eu ainda acordado,
fazendo as mesmas coisas
ouvindo as mesmas músicas
e pensando
e escrevendo.

Meus dias não tem sido os melhores
e meus textos parecem diários.
...foda-se.

A tv quebrou,
o ventilador também
e uma coisa importante,
que prefiro não dizer,
também.

Não há ninguém pra consertar
e sinto falta de todos,
do meu programa,
do vento no rosto,
e...
bem, deixa pra lá,
preciso de alguém que conserte-os.

E agora fico pensando na culpa
e de quem é a culpa
e como se fossem cartas
saio distribuindo a culpa
a coisas e pessoas alheias,
neste jogo eu sempre venço
- acho que venço -
olha mãe!
Estou vencendo!

Elis Regina,
Cássia Eller,
Clarice Linspector...
Tenho de ler, pra entender.

E agora são umas
cinco e cinquenta e um
porque meu computador travou de novo
e agora está amanhecendo.

E venho olhando pra tantas coisas
que vem apodrecendo
e venho odiando tanto
tantas coisas que já amei,
que já foram minha razão de viver.

E agora,
de novo,
nada faz sentido.

Orgias de traveco,
e soro positivo.

A mesma idiotice,
a mesma mesmice
o cara quadrado
fazendo criancices.

Eu sou medroso,
mas você ainda tem coragem,
você veio me ver sonhando,
e isto eu faço bem,
sonhar,
se bem que,
você podia ter ficado mais,
e ter ido sem roubar.

Cuidado onde pisa,
e olhe por onde fica,
aqui não é seguro
nem de noite,
nem de dia.

As mesmas merdas,
só que com solos de guitarra,
Você olha frenéticamente pra mim
mas não pode ver sob a máscara
- a máscara que deseja estar molhada -
meu rosto não é meu
e nem de ninguém
já nem sei mais
onde deixei.

Cazuza,
Renato Russo,
e aquele poeta de nome estranho,
Charles alguma coisa,
com todo respeito.

Uma breja,
e o desgosto,
tiro meu tênis
e minto pra todos,
de novo
e de novo.

A parede,
eu,
um cabelo solto,
e um perfume familiar.

Agora roubaram as estrelas
que enfeitavam meu quarto,
que triste,
mas nós vamos pintar,
eu prometo.

Não, é sério,
você não vai acreditar!
É tipo uma dança nova
que acabei de inventar,
mais tarde te conto.

E depois, no fundo
acho que não consigo aceitar,
a realidade me desanima,
e o irreal me excita.

Por aqui tudo bem,
e aí?

E outra breja,
agora pode chover,
mas nem tanto.

Consegue ouvir?

Olho para trás
- sem querer -
e vejo o tempo que perdi
o tempo que te dei,
e isso só me faz querer ouvir
os gritos de uma Banshee.

Consegue ouvir?

A vergonha,
o medo,
o choro,
a compreensão,
a incompreensão
e os gritos dela?

Que bonitinhos.










Palmas,
palmas pra mim,
o mais feliz infeliz,
pelo menos o papagaio gosta de mim,
eu acho.









Sessenta textos,
contando com este, o mais sem sentido,
merda, pintada, bordada e escrita...
Mas pelo menos agora sei o que é lobotomia.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Só que sem os pelos na cara.

Sexta a noite,
sem muito o que fazer,
fui tomar chuva em Santos,
até porque a chuva deles
é muito melhor do que o nosso sol.

Fiquei meio apavorado,
anos sem andar de ônibus
e quando fui passando
fui lembrando
de cada momento que tinha vivido por ali...

Não fiquei muito contente,
meio triste talvez,
me lembrei da história que eu tinha jogado fora
e dos amigos que tinha perdido.

Não importa,
depois de ter sentado no molhado
da praça da independência
e ficado conversando sobre assuntos
não muito legais
tomando chuva
voltei pra casa.

Fiquei treinando,
até me esqueci que tinha gente
no meu quarto
e dormi muito tarde
pensando e sonhando
com coisas idiotas.

Tive que acordar cedo,
para bater continência
pro meu colega de farda branca.

Cheguei muito cansado
e tentei dormir,
mais cochilava do que dormia
e o cansaço me lembrava o efeito
de alguma droga, muito forte.

Acabei por não aproveitar o resto do dia
e depois de ter dormido a tarde toda
lembrei da prova do vestibular
e fiquei meio nervoso
- muito nervoso -
e depois meus pais ainda me lembraram
da importância e da merda toda,
daí falaram pra eu ir dormir.

Depois de ter dormido a tarde inteira
junto ao nervosismo do pré-vestibular
não tive a melhor noite possível,
mas consegui descansar o suficiente.

Acho que fui bem na prova.

Voltei da prova,
cansado, mas bem
fiquei escutando música deitado
e assistindo televisão,
tudo para esquecer do que tinha
depois da minha janela.

Depois fiquei feliz por motivos fúteis
e fiquei comemorando a derrota
de um time de futebol.

Depois saímos,
eu,
aquele garoto do prédio
e aquela menina que tem uns pregos
na cara.

Jogamos bilhar,
eu pelo menos joguei,
eles tentaram.

E eu fiquei tomando cerveja,
reclamando do gosto a cada gole
e depois
ficamos conversando
sobre assuntos antigos
e acontecimentos passados.

Cheguei em casa cansado,
cerveja me da sono,
deixei em um canal qualquer
e dormi de sapato
com a tv ligada
e tudo mais.

Depois disso só me lembro
do meu pai comemorando
com meu tio
uma vitória de um jogo estranho
e depois, alguns pesadelos
mas até agora, tudo bem.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O fim da promessa.

Trezentos e sessenta dias,
ou um pouco mais...

Tudo começou com alguns xingamentos
na cozinha,
algumas exaltações,
uma cara de espanto
e algumas risadas do outro lado.

E decidi me jogar no chão,
sabendo que ia me arrepender.

Muitas coisas aconteceram,
poucas que valeriam a pena eu contar.

E é claro que tudo terminaria com algo,
irônico.

Comigo sempre é assim,
tudo acontece da forma mais inusitada possível,
já estou acostumado.

E tudo agora termina com alguns xingamentos,
na cozinha,
algumas exaltações,
uma cara de espanto
e uma risada do outro lado.

E me jogaram no chão,
e tiraram o chão
e eu lembrei que não havia chão,
nunca sequer tivera um chão,
e diferente de você
não tenho pessoas para pisar
e agora estou caindo...

E agora me lembrei do quanto gostava,
gostava de cair,
afinal, esse é o meu jeito,
sempre foi.

E é engraçado,
logo lembro daquela música,
mas tanto faz,
só é nostálgico,
vejo um ano passar em um minuto.

E agora finalmente posso dizer,
não que estou de volta,
mas que finalmente estou aqui.

E agora finalmente posso dizer,
que é pra valer
e de agora em diante,
nunca mais vou me arrepender.




Obrigado por tudo,
bem vindo de volta,
obrigado.