quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Vigésima primeira vez.

Eu simplesmente
não gosto desse dia.

Não que eu tenha medo
do beijo da morte
estar mais próximo.

Morrer é só mais uma consequência.

É só que
essa data apenas me traz passados demais,
apenas me traz futuro demais.

Eu fico pensando demais
na vida, fico
pensando demais
nas tentativas.

As músicas vão mudando
e o ritmo
vai ditando
o que vou fazendo.
Sempre foi assim.

Eu ainda me lembro
quando era só um guri
de poucos anos.
Um guri que ninguém daria um tro-
cado.
Ninguém daria um minuto.

Quem diria?
Vinte anos...
É feliz e
trágico.

Os velhos doze
voltaram.

Eu lembro de tanta coisa,
de tantas pessoas.

E eu mostrei a todos
que duvidaram de mim
que eu podia ser um homem
de verdade.

Está vendo senhor Facuri-pai?
Todas as vezes que o senhor
deixou de olhar na minha cara...
Eu evoluí.

Está vendo senhora Valente?
Todas as suas expectativas
eu atingi. Me vejo como um
espelho seu, melhorado.

Está vendo senhorita ruiva?
Obrigado, por tudo.

Sinto saudades da sua voz
tremula e agitada, me dizendo
coisas que eu não queria ouvir.

E você pode pintar o quanto quiser o seu cabelo,
ainda será ruiva para mim.

Colecionei tantos triunfos
e tantas derrotas
que já quase esqueço.

Mesmo que só tenham
sobrado eu e
a minha fumaça, eu sei que
não estou sozinho.

Tenho tantas pessoas
que gosto de lembrar
que passaria a noite
fazendo dedicações.
Mas não estou ganhando um prêmio,
nem nada do gênero.

Deixo as três mais importantes.

Já tive tantos nomes,
tantos apelidos,
tantas idades,
tantas faces,
tantas ideias.

Já vi tantas coisas,
tantas pessoas,
tantos erros,
tantas histórias.

Já tive tantos apegos,
tantos gostos,
tantos orgulhos,
tantas vergonhas.

Eu realmente não gosto do meu aniversário.

É como se na minha cabeça
passassem
todos os anos da minha vida, desde
que me conheço por gente.

Não que eu não goste do meu passado,
talvez minha tristeza seja banhada
de emoção.

Eu realmente não gosto desse dia.

É como se na minha cabeça
passasse todo o meu futuro e
todos meus objetivos inalcançados.

Não que eu tenha medo do meu futuro ou
preguiça de alcançar meus objetivos.
Talvez minha tristeza seja banhada
de emoção. Por hoje ter coisas decentes
pra se perseguir e
por ter objetivos tão sublimes.

Eu lembro de quando
ainda era de outra cidade
e não tinha visão de nada.

Não tinha alguém para ouvir, alguém
para falar, não tinha nem a mim mesmo
para amar.

Lembro de quando mudei de praia
e comecei a jogar bola. E lembro
de como conheci cada
pessoa que eu sabia
que nunca esqueceria.

Eu lembro de tanta coisa
que eu nunca mais terei.

Lembro cada caminho que acertei,
cada caminho que errei.

Não sei se nesse texto
consigo me expressar, é
um sentimento tão abstrato
que o sinto
esvair-se pelos meus
dedos cobiçadores.

Não que eu seja apenas
um saudosista
que não quer ver a vida passar.

Eu apenas gostaria que ela
demorasse a avançar.

Eu apenas gostaria.

Eu apenas quero que minhas mãos
alcancem cada vez
um patamar mais alto.

E talvez eu nunca consiga
expressar porque me sinto tão mal.

Mas isso não importa muito, são
só vinte e quatro horas e depois
tudo isso volta ao normal.

Eu resumiria bem isso
em um sentimento agridoce.
E esse é o único caminho
que eu conheço.

Agora é só uma questão
de tentar fazer os finais se encaixarem.

Boa noite.
Trouxe meu presente?
Ah, era exatamente o que eu queria!
Parabéns pra mim,
antes que eu me esqueça (Thiago Facuri, 27/10/2010)

2 comentários:

  1. http://tabataborges.tumblr.com/post/11979567657/feliz-aniversario-ao-cara-que-me-deixou-participar


    Sem mais, por enquanto.
    <3

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  2. Que lindo, me emocionei mto agora. Não sei porque é como se pudesse sentir cada emoção tua em cada palavra...
    ' E lembro de como conheci cada pessoa que eu sabia que nunca esqueceria.'

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