terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Quarenta, meia, três.

Três noites sem dormir
pelo mesmo motivo,
mas dessa vez era hora de consertar
os corações partidos
e as orações perdidas.

A chuva tinha parado de cair
e dessa vez ele suava
e esperava
ouvindo músicas que gostava.

O rapaz de vermelho era na verdade,
um rapaz bem estranho,
mas confiava no rapaz,
que hoje não trajava preto nem branco.

Lhe tiraram a barba
e o cabelo
e outras coisas que amava,
mas o rapaz,
desta vez, tinha confiança.

Todos eram velhos
e vestiam azul,
o trabalho deles era esse
não podia se culpar,
amaldiçoar
ou praguejar.

Quando chegou a hora
o rapaz, que hoje vestia uma camisa que nem era dele,
respirou fundo
e negou todos seus sentimentos
por tudo
por mais que ele ainda sentisse o perfume dela
no ar.

Há quem diga que ele incorporou algo
depois de ter bebido a sua lata
de coca-cola.

Seu sangue gelou,
cinco graus ou menos
o suor dele não era mais quente
nem frio
ele apenas olhava o nada
e estava decidido a fazer o que precisasse
matar, correr ou ajoelhar-se.

Ele não era tenente ou capitão,
mas o guri bateu continência
e esperou as palavras de dispensa
e disse sim senhor,
obrigado senhor.

Ele desejava muito a morte
de muitos deles,
deseja inclusive
ser o mensageiro
das más noticias para as famílias,
mas dessa vez ele apenas agiu como deveria.

Voltou pra casa,
ouvindo um homem gritar benzina,
desta vez ele sorria.

É assim que você refaz o seu destino.

Um comentário:

  1. Me interessei e amanha leio com mais atenção... Costumo postar besteiras... Atéé

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