sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

The poet and the muse.

Hoje eu acordei feliz,
acordei feliz porque
eu finalmente não tinha tido uma noite de pesadelos
e porque eu tinha passado a madrugada anterior fazendo coisas que gosto
de fazer,
acordei feliz
porque sim.

Não sei bem se acordei feliz
ou se fiquei feliz depois de acordar
assim como não sei se estava ouvindo Bob Dylan porque estava feliz
ou se estava feliz porque estava ouvindo Bob Dylan.

Eu acordei feliz
porque pude olhar pras suas fotos
e sorrir
e pude lembrar do amigo
que estava na frente de um computador
sozinho
e sorrir de novo.

Acordei feliz, porque as músicas não estavam mais
me dando vontade de chorar
e eu acordei feliz
e fiquei feliz
por assim estar.

Acordei feliz,
porque o telefone tinha tocado
e não era alguém querendo meu dinheiro
e fiquei feliz por perder meia hora
deitado na cama
olhando o teto
conversando com ela.

Eu acordei feliz,
por ter tirado o peso das minhas costas
e ter tirado o peso da minha consciência,
estava feliz
por não estar triste
e não estava triste
porque cansei de não estar feliz
ou cansei de estar triste
ou vi que a solidão não tinha guardado nada
pra eu comer no final do dia
nem nada pra eu beber
quando ficasse com sede.

Acordei feliz,
porque acordei lembrando das músicas místicas de terror
e fiquei lembrando das criaturas
que tinha lido num conto de fadas qualquer
e lembrei do garoto
que andava no escuro
apenas com uma lanterna
e me vi feliz
com nada nas mãos
apenas montando esquetes
melhores
do que as que tinham a musa que morreu
e o poeta triste
por não ter mãos
pra escrever.

Estava feliz
só porque tinha voltado
a ser como era
e não sei se o que eu era
é realmente o que eu sou
ou o que eu gosto de ser
mas enquanto minhas linhas estiverem quebradas
e eu não estiver mais citando melancolia
e enquanto eu estiver contando histórias
e tiver ao menos uma pessoa apreensiva...


Estarei feliz.

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