[...] Ele voltou pela mesma rua,
viu as mesmas pessoas,
já havia reclamado tanto da vida por ali
mas desta vez ele estava com um tom diferente
nos olhos.
Ele parou,
na frente da mesma casa
de vários endereços
sentou e sentiu seu corpo
quente.
Não sabia se ria
ou se fingia ser forte
e não estar sentindo nada.
Mas o fato é que o guri sempre
- desde que o conheço -
quisera sentar ali com algo tão importante pra dizer
e ele disse com todas as letras,
em um filme talvez esta parte fosse o centro dramático
mas por ali
não recebeu um óscar, nem um abraço.
Recebeu ajuda pra levantar
e estava pouco se fodendo
pra onde iria andar.
O guri subiu em dois tijolos,
não um,
e discursou,
anotou a história
e contou
e recontou.
Dúzias de pessoas
o sentiram vivo pela primeira vez
mas parece que
sempre
lhe tiram a felicidade do rosto
por puro prazer.
Mas eu o ouvi
e ele disse:
" - Esta parte,
esta pequena parte da minha vida,
eu chamo de felicidade." [...]
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