terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Punheta literária.

Minto
e desminto
retorço a realidade
e você distorce
o que eu digo.

Como se eu realmente me importasse,
vivo e tento reviver sentimentos
que já foram mortos há anos
com golpes mortais
de pessoas que agora,
infelizmente
são imortais
nas minhas memórias.

As analogias e as
metáforas,
eu já esqueci como fiz.

Os elogios e a
devoção,
eu já esqueci como fiz.

Escrevo como um prepotente
viciado em Bukowski
e eu nem li
ou quis tentar ler
os livros daquele cara.

Eu tento virar as páginas,
mas não tem como eu gostar de um livro
que sou eu quem escrevo
sempre acabo pondo os substantivos errados
nas porras das linhas
que eram retas,
mas eu deixei tortas,
só pra dizer que é mais difícil escrever assim
e coloco adjetivos ótimos
para os substantivos que não merecem
nem o pior deles.

Na verdade eu sei o problema
e todos sabem o problema
mas eu não quero enxergar
prefiro enfrentar tudo e todos
com as luzes da sala apagadas.

E eu aqui
luto por dezesseis
enquanto eles
tem dois
vintes.

Só consigo melhorar a vida dos outros
e estou sempre sofrendo por isso
porque na verdade não fico nem um pouco feliz
pela felicidade
dos outros.

Decepção,
angústia
e solidão.

Babulcio palavras
em línguas que não existem
vejo coisas que não deveriam existir
e já não sei mais no que acreditar,
rezo para totens e jesus.

Talvez eu devesse ir mais para a cidade onde sempre faz
frio
e conversar mais com o cara que gosta de garrafas verdes
e a guria que tem trinta tatuagens
ou mais.


Pesado e gélido
este coração
de pedra.
(Aline Ferrari)

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