Na rua,
às quatro e meia da madrugada
não passam os carros
que passaram de dia.
E no lugar das pessoas,
há ratos
e as pessoas que sobraram
estão chorando
por algum motivo.
Alguns porteiros acordados
e amaldiçoando o tempo,
andando pela rua,
também amaldiçoo o tempo
que custa a passar.
Você me disse pra ficar
e esperar o tempo passar
mas nem ao menos
me deu a sua mão para segurar
- nem uma última vez. -
O tempo vai me curar
ou vai me matar,
o tempo vai me levantar
ou vai me derrubar,
vai quebrar meu coração
ou talvez me ensine a amar.
Mas por enquanto,
é melhor eu voltar pra casa,
o mesmo tempo fará
com que os carros
e as pessoas
voltem a passar
por aqui
e eu não gosto muito deles...
E as pessoas terão que parar de chorar
e fingir que não estão sofrendo
e o ratos vão ter de se esconder
dos gatos preguiçosos
e os porteiros vão dormir
e aproveitar seu meio salário.
Preciso comprar um relógio,
pra entender como funciona esse tal tempo,
preciso ser forte,
pra tentar entender,
eu preciso...
Gostaria que para sempre fosse
quatro e meia
da madrugada
e que a chuva caísse
pra esconder a minha cara
molhada.
Malditas cebolas.
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