quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Banho e tosa.

Setenta e cinco reais
e alguns litros de gasolina,
o garoto já não era o mesmo
estava caído na esquina.

Reclamava da doença
e do sono
que o abatiam.

Estava triste
consigo mesmo
e com as outras pessoas também
e ao mesmo tempo
esbanjava um sorriso de invejar
que nem ele mesmo saberia explicar.

Talvez ele tenha aprendido a viver melhor
depois que conheceu a garota
de cabelos brancos
que falava sobre o escafandro
e a borboleta.

E ele sorria
e consentia com a cabeça
como se estivesse entendendo,
ela mal sabia, que ele usava um dicionário
pra falar com ela
e ele se esforçava, só para aprender um pouco mais
sobre a vida e aquelas palavras difíceis
que só ela sabia falar
e sobre aquelas bandas estranhas
que só ela sabia escutar e cantar.

E talvez ele tenha aprendido a viver melhor
depois que a garota de cabelos pretos
o chutou, enquanto ele fingia que dormia
e disse pra ele que não era assim que se vivia
e ensinou pro garoto dizer não
à sua antipatia.

O garoto realmente já não era o mesmo
tanto na sua aparência
quanto no seu interior
ele mesmo sentia isso
se sentia adulto
e não sentia nenhum temor.

O garoto realmente,
finalmente tinha crescido
e agora ele entendia um pouco
pouco a pouco
depois de tanto ter vivido.

Talvez tenha sido o álcool
ou os músicos de nomes compostos
talvez tenham sido as dificuldades
ou só o tempo, transparecendo o seu interior.

Agora, o garoto via respostas óbvias
a perguntas que ele já passara a noite em claro
tentando resolver.

E se,
talvez,
às vezes.

Agora o garoto era forte
e decidido
sabia o que queria
e não era facilmente atingido.

Agora o garoto era sábio
agora,
muito mais do que antes,
o garoto tinha motivos de orgulho.

Agora, o garoto se sentia bem,
apenas era sempre pessimista
quando se falava em amor
e dizia que foi feito para sofrer.

Mas isso,
é fácil de se resolver.

- E se eu te oferecesse um drink?
- Aceitaria [...] E se eu te oferecesse um beijo?
- Espero que não se importe com o gosto de amônio, sódio e difenidramina.

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