quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A raposa branca, o gato amarelo e o garoto vermelho.

A cidade está acordando
e eu estou dormindo.

Meu chá está totalmente
seco e eu me pergunto
se ainda sei escrever.

Abro a janela e olho para as mesmas
nuvens de sempre.
Mas não consigo ver muito
além disso.

As pessoas estão morrendo,
mas eu não.
As pessoas estão vivendo,
mas eu não.
Consigo
ver muito além disso.

Bem, você poderia ser aquela
mulher que eu adorei.

Não há mais nada
onde costumava deitar,
minha conversa vai se esgotando,
isso é o que vem acontecendo.

Ando meio sem fé,
com frio e envergonhado.
Apenas deitado no chão
pensando nas ilusões que
não se tornam reais.

Estou bem acordado e posso ver
o céu está um pouco
atrasado.

Acho que aquele rapaz
de cartola estava certo.
Eu deveria ter visto
o que estava lá e
não algo divino.

Mas você rasteja em minhas veias e
agora não importa, sorte não
é real para mim.

Eu já não sinto falta,
apenas há tantas coisas
que não posso tocar.

O que está acontecendo?
Me pergunto o motivo de querer
sair da cama.

Apenas a mesma chuva na minha janela
é assim que me sinto.

Mas não consigo ver nada
e mesmo
que pudesse
imagino tudo em tons
de cinza e preto.

Desejo apenas
um retrato
para me lembrar
que não é tão ruim.

Saí demais de mim e
tenho contas a pagar.
Minha cabeça dói como nunca
e eu perdi o último trem
para o meu destino.

Estou atrasado de novo,
apenas gostaria de alguém
que me ligasse e
dissesse que não é tão ruim assim.

Alguém para agradecer
por me dar ótimos dias.

Chego em casa, completamente
molhado e desanimado.

Vejo as mesmas coisas
e até gosto.

As pessoas mudam, as
pessoas vão e vem.

O destino é realmente
peculiar.

A vida é realmente
peculiar.

Talvez eu não tenha metade
das coisas que sonho.
Talvez eu nunca vá ter
metade das coisas
que sonho.

Mesmo assim
não é tão ruim.

Finalmente meu
quarto está arrumado, finalmente.

Eu apenas gostaria
de agradecer,
por me dar os
melhores dias da
minha vida.

Eu apenas gostaria de agradecer
cada um, apenas
gostaria de agradecer.

Agradecer a mim mesmo.

Já que mesmo com todas
as situações desfavoráveis
eu sou capaz de sorrir.

Meu chá não está tão frio,
não está tão seco.

Me pergunto se as pessoas ainda
gostarão do que escrevo, mas jamais
esquecerei como enfeitar meus trechos.

Abro a janela e olhos para nuvens cada vez
mais lindas.
E consigo ver cada vez mais
além disso.

As pessoas estão morrendo,
mas eu não vejo problema nisso.
As pessoas estão vivendo
e elas estão cada vez melhores.
Eu consigo ver muito além dos
seus sorrisos

Cada pessoa que vejo
eu passo a amar mais.

Tenho muita fé no que digo.

O frio em pleno verão
condiz com tudo que sinto.
Apenas sentado olhando
a paisagem.
Pensando nas minhas ilusões
que transformarei em
realidade.

Estou com sono, não minto.
Mas posso ver bem e o céu
está um pouco adiantado.

Aquele rapaz de cartola
sorriu pra mim e eu sorri de volta.
Eu deveria ter ido lá e
acreditado em algo divino.

Isto sempre correrá por minhas veias,
mas isto não importa, destino
não é real para mim.

Eu já sinto falta.
Falta das coisas que ainda não pude tocar.

E o que está acontecendo?
Me pergunto o motivo de
não querer ir para a cama.

Apenas é a chuva na minha janela,
ecoando o som mais belo de paz.

Mas não consigo ver problemas
e mesmo que pudesse eles
seriam apenas coisas pretas e
cinzas, num mundo devastado
de cores.

Desejo muito mais do que um
retrato para me apoiar.

Saí demais de mim, talvez
tenha bebido demais.
Tenho contas a pagar e
talvez nem me preocupe o quanto
deveria com isto.

Minha cabeça dói, mas
logo passará.
Parece que perdi o último trem
para um terrível destino.

Estou atrasado de novo,
mas sei que tem muitas pessoas
me esperando no lugar em que
irei e isto
é o suficiente.

Apenas gostaria de alguém
que me ligasse e dissesse
que isto ainda é pouco.

Alguém para agradecer,
alguém que me desse dias ainda melhores.

Chego em casa, completamente
cansado, porém animado.

Vejo tudo diferente
e até gosto.

As pessoas mudam, as pessoas
vão e vem.

O destino é realmente peculiar.
A vida é realmente peculiar.

Talvez realmente seja fácil,
fácil desta maneira.

Mas a dor não bate mais
a porta do meu lar.

Então, não é tão ruim assim.
Não é tão ruim
quanto dizem;
Não é tão ruim
quanto pode ser;
Não é tão ruim
sem você;
Não é tão ruim
estar na minha pele;
Mesmo os dias tristes não são
tão ruins.
Ser feliz não é tão ruim assim.

Realmente não é tão ruim

Obrigado.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Kuroi namida.

Por incontáveis noites
desejei que o amanhã
não chegasse.

Perdidos os meus sonhos
e o meu amor;
Assim como esta
chuva que me acerta,
estou chorando.

Nunca estive tão triste,
nunca estive tão feliz.

Nunca estive tão certo,
nunca estive tão perdido.

Me sinto como um bibliotecário
que teve sua estante
de livros bagunçada
outra vez.

Para que eu possa viver
desta forma, sem enfeites,
do que mais eu preciso?

Sem acreditar no inacreditável,
no que devo acreditar?

A resposta está tão perto,
tão perto que
não consigo enxergar.

Eu, que derramo lágrimas frias,
tenho tudo e não
tenho nada;
Me sinto infinitamente triste.

De um modo que não posso
mais expressar com palavras;
Todo o meu corpo começa a doer,
tanto que uma pessoa só não
é capaz de suportar.

Cansado de viver esta madrugada,
meu rosto já não transparece mais
o que realmente sou.

Eu já não sou mais o que
realmente lutei para ser.

Criar sorrisos e esconder minhas
fraquezas é algo que não vou
mais fazer.

Viver desta maneira, neste
mundo é a coisa
mais difícil de se fazer.

Se for para receber algo
então que não possa
ser quebrado.

Mesmo que eu chore estas lágrimas
frias, não tenho mais nada a perder.
O amanhã chegará com seu
rosto lindo e desconhecido.

Eu quero tudo e todos,
mesmo sabendo o quão egoísta isso
pode ser.

Eu só espero
que os dias não sejam
mais assim.

Eu quero desaparecer ao
longe, mesmo sabendo
o quanto isso é egoísta.

Eu juro por mim,
eu juro por Deus.

Estas serão
as últimas palavras que escrevo
chorando.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Água.

Adrenalina
e medo.

Estampados na cara de
um cara que não
tinha cara de
pedir.

Uma dose de rum e
um charuto.

Mentiras, mentiras,
mentiras e mais
histórias mal contadas.

Ciúmes, inveja, raiva,
egoísmo, luxúria.

Favores e
pirraças. Namoros
e trapaças.

Dúvidas e
perguntas dentro
de uma noite como
outra qualquer.

Exceto pela mesma face
assustava e revoltada
com o amor.

Nomes verdadeiros e falsos,
desejos interminados
de uma vadia qualquer.

E eu deixo
a minha parte
para você.

Não gosto de pessoas,
nunca gostei.

Fênix.

E então eu o
vi adormecendo
rapidamente.

Com a mais bela chama
já vista. Sem ter
palha ou madeiras
para alimentá-la. Uma
chama acessa por
diversos sentimentos.

Mas não era confortável,
era como uma brasa,
morrendo lentamente
em meio ao fogo.

Um por um
velamos e
choramos.

E as faces foram
sumindo
nesta noite escura.

Eu pude sentir meus sonhos
tocando o céu,
seguindo adiante
pela esperança do calor.

Mas quando tocavam o
chão novamente, eles
mentiam.

Como um pedaço
do sol, a brasa queimava
com uma luz própria.

E eu assistia a chama
envolta a lágrimas
e preces para
que ela achasse
a sua própria fé.

Mas eu não quero
me manter
rezando por esta
brasa.

Eu prometo
do fundo de minha alma
que mostrarei a ela
o meu amor.

Eu prometo
que manterei esta brasa
brilhando para todo
sempre.

Eu prometo que desta
brasa sairá o fogo
mais belo já visto.

Por mais que esta
brasa já tenha se apagado uma
vez, mostrarei que
ela pode fazer
o mais forte fogo
queimar.

E este fogo aguentará
mesmo as chuvas mais fortes
e as geadas mais intensas.

Pois será o mais lindo fogo
que já surgiu.

E então poderei trocar
o seu nome.

sábado, 7 de julho de 2012

Eu sou!

Eu sou o palhaço
das ruas.
Trocando amor
por moedas.

E desde que haja
calor eu
trabalharei sorrindo.

Eu sou o palhaço
da sociedade.
Do qual a trivialidade
ri descaradamente
da falta de sentido.

Sou a criança
que deixou
de crescer;
A criança que teme
aqueles que possuem
todos os sisos.

Sou a criança
que se apaixona
por notas tocadas
por um piano de mentira
e foge dos
desejos banais.

Sou o adulto que
se apaixona
por cada onda do mar
e foge dos
desejos carnais.

Eu sou aquilo que
deveria ser, aquilo
que gostaria de ser.

Eu sou meu passado,
eu sou o meu presente
precioso.
Sou o senhor do meu tempo
e da minha felicidade.

Eu sou tudo que temi
por desconhecer.
Eu sou tudo que
nunca tive coragem de ser.

Eu sou aquele
que aprecia qualquer
tipo de amor, mesmo
que não seja livre
de dor.

Eu sou aquele que sorri
por todos os andares,
por todos os lares,
por todos os bares.

Eu sou criança,
sou adulto,
sou idoso,
sou irmão,
sou filho,
sou neto,
sou amigo,
sou futuro pai,
sou futuro marido.

Sou apenas um ser humano,
como tantos os outros,
só que com um nariz de palhaço.

Os que não entendem
acharão que eu
apenas estou indo para
um circo.

Os que compreendem
receberão o meu mais
singelo e sincero
carinho.

E mesmo que você não
entenda o meu gracejo
eu continuarei
sorrindo, para trazer
cada vez mais sorrisos
e motivos para sorrir.

Pois um verdadeiro palhaço
não procura o sorriso em
cada criança, ele procura
cada criança que queira estar
sorrindo.

Então sorria,
por mais que você já
tenha crescido, por
mais que você tenha
se esquecido.

Sorria.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Tsunaida te ni kiss wo.

Eu só quero um cigarro
e que a louça se lave
sozinha.

Eu só quero um piano
que se toque sozinho.

Eu só quero um pouco
de silêncio e um
pouco de companhia.

Ao meu redor, dezenas de
pessoas vazias, já estou
cheio.

Os olhos que eu já chamei
de preciosos, formam
frases que eu já cansei de ler.

Milhares de sonhos descendo à
terra, durante a noite e o brilho
que nasce não é mais você.

O tempo se vai através de meses
e anos.

Não importa quanto tempo se passe
eu continuarei orando.

Não quero perder mais nada
no meu oceano de memórias.
Então, eu me pergunto:
Por quê?
Até mesmo o passaporte que levava às
suas memórias está corrompido.

E então o garoto caí no sono;
E a chama queima dentro de sua
respiração, como uma doce folha
que segue flutuando em uma onda.
São os seus sonhos.

Preste atenção na minha voz.

Pois agora que perdi o sol,
começarei a lutar pela lua.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Ben.

Eu quero viajar
para um lugar onde eu não conheça
nada nem ninguém.

Comigo apenas uma roupa
social, um maço de cigarros pela
metade no bolso da frente e
um isqueiro preto.

Dinheiro o suficiente
apenas para pedir uma dose
de whisky falsificado
em um bar qualquer.

Um carro com o tanque cheio e
uma garota com os lábios vermelhos
retocando a maquiagem
no banco do passageiro.

Sem destino ou hora pra voltar,
sem compromissos ou
coisas pra se lembrar.

Nada dos mesmo olhos
tristes, nada de melancolia.

Apenas a liberdade por si só.

Não pelo direito de ir e vir,
sim por quebrar as correntes
que prendem as nossas mentes.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Blue bird.

Esta canção é diferente.
É diferente pois é escrita
com o sangue da gente.

Não é apenas algo que vi,
ou algo que ouvi,
é algo que vivi.

Esta canção fala sobre
fervor, fala sobre
amor.

Mas não é uma canção romântica,
não é uma música melódica.
Não são só sentimentos, não
é apenas cigarro com vodka.

Uma canção mais
falada, menos cantada.
Uma canção que expressa
tudo, sem dizer nada.

Uma canção de tantos
adjetivos, redigida por um
escritor pouco arrependido.

Uma canção de tempo gasto, de
tempo perdido.

Esta canção fala sobre astrologia,
psicologia. Esta canção fala sobre sexo,
esportes, drogas, mulheres, carros e
histórias. Esta canção é uma viagem só
de ida, que conta como é a vida.

Então é melhor
eu parar a explicação
e ir direto para o refrão.

O refrão fala sobre um pássaro,
um pássaro todo azul.

Um pássaro que vivia numa
gaiola pequena demais e
sempre clamou por liberdade, sempre
clamou por
paz.

E finalmente ele mesmo
abriu a porta que
estava destrancada o tempo
inteiro e
disse que iria voar
até se cansar, disse
que ia parar em
qualquer coqueiro e
e viver por lá.

Ele só quer um lugar para
ficar e um céu para olhar.
Pois as estrelas que ele via
dentro de sua gaiola
já se cansaram de brilhar.

Ele já se cansou de ouvir pessoas
chorando e se cansou
de limpar a ferrugem que vinha
se acumulando.

Já cansou de gente ignorante e
de sentir o cheiro de sangue.

Já cansou de obedecer os outros e
cantar, já cansou de dizer o quão alto
podia voar.

Então me diga pássaro azul.
Para que este lindo par de asas
se você não pode voar?

...

Onde ele foi?

The winner takes it all.

Nunca pensei que a fumaça
pudesse sentir dor.

A nossa música nunca mais tocou.
A sua música sempre toca,
na minha cabeça.

Nem tudo que reluz é ouro, mas
esta noite o ouro refletia
tudo que eu mais queria esquecer,
tudo que eu não mais podia ter.

E a marca de batom quase saía
do copo, só para me tentar.
Só para que eu sentisse falta,
falta de te beijar.

Mas eu não quero falar
sobre as coisas que nós passamos.
Embora isso me machuque,
agora é passado.

Eu joguei todas as minhas cartas
e foi o que ela fez também.
Não há mais nada a dizer,
não há mais nada a fazer,
não tenho nenhum ás na manga.

Eu estava ali em seus braços
achando que era o meu lugar.
Achei que tudo fazia sentido, construindo
em volta uma cerca, construindo pra mim um lar.
Achando que seria forte lá.

Mas eu fui um tolo,
jogando conforme as regras.
E os deuses jogaram os dados
e suas mentes são frias como o gelo
e alguém aqui embaixo
perdeu alguém querido.

É simples e direto,
então porque reclamar?

apenas me diga
se ele te beija
como eu
costumava
te beijar.

Você sente a mesma coisa
quando ele chama o
seu nome?

Dentro de você, lá no fundo
você deve saber que eu sinto a sua falta.
Mas o que eu posso dizer?
As regras tem que ser obedecidas.

Então vou deixar os juízes decidirem
se eu devo ir.
O espectadores do show
sempre ficam quietos
e assim o jogo começa
de novo.

Isto seria uma pequena
ou uma grande coisa?

De uma coisa eu sei, o vencedor
leva tudo.
E o perdedor tem que cair, este é
o destino.

Eu não quero mais falar,
isso me deixa triste.
E eu entendo
que você tenha vindo aqui
só para me dar um aperto
de mão e eu
peço desculpas se isso
faz você se sentir mal.

Sim, é a chuva.
Então por que se lamentar?

Adaptação da música:
The winner takes it all - ABBA.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Este mês não tem poesia.

A poesia ficou nos faróis
do meu carro, na mochila
da garota, nas palavras enroladas,
no lacre da cerveja, na
coleção de isqueiros, no adeus
repentino, na casa
dos outros,
na tristeza da amiga.

Continuei dirigindo.

Via a poesia no asfalto,
ela piscava para mim.
Mas eu não pude torná-la real.
Então
mandei-a dormir nos meu braços cansados e
ela agradeceu o descanso.

A minha vida queimava como
um cigarro não tão longo e
eu apenas podia apreciar
as brasas sendo consumidas
pelo vento trágico e monótono.

Sentia falta de uma respiração
quente no meu pescoço.
O frio consumia minha alegria e
eu apenas podia continuar jogando.

Eu mal podia respirar.
Muitas soluções, poucos
problemas.

Eu achei que nunca mais
teria poesia.

A poesia estava toda nos
outros, a poesia não estava aqui,
não estava no céu quando eu olhava,
não estava no chão que eu pisava.

A poesia não estava.
Mas eu estava.

Esperando pelo depois, um
desastre que eu quase podia tocar.

Minha mente dizia para eu não fugir, e ela
estava certa.

Apenas não estava certo,
não estava certo se havia sido uma
ilusão ou um sonho.

Dias e mais dias
sem saber pelo que gritar,
sem saber o que prever.

Então uma garota
com menos sonhos do que eu
olhou pra mim com seu
cabelo desarrumado e disse:
'- Você gosta de poesia?'

Então uma garota
com mais dor do que eu
me disse:
'- Em que mês estamos?'

Olhei para um espelho, olhei
para uma mulher sentada ao meu
lado revirando papéis, olhei
para fora, vi tudo que podia ver.

Então lembrei
que eu não escrevia poesias como os outros, nem
nunca havia tentado.

Não precisava de um motivo
para escrever.

Pois eu escrevo
coisas belas e sem sentido, histórias
memoráveis de tempo perdido.

Em minha mão o poder de uma infindável
maravilha, linhas que falam sobre
verdades sem som
para olhos que tem fome insaciável.

Para os meus próprios olhos.

Então por que criar uma farsa?

Apenas quero contar sobre chamas e
sombras na rua. A poesia
que ninguém nunca leu.

Apenas quero diminuir o peso
da solidão nos pés e
contar sobre a gaiola envolta
de um pequeno pássaro azul.

Não há porque mascarar, deixe-me amar.
Amar até que o amor se torne insatisfeito.

Por isso direi como é o meu frio e
como são meus campos verdes.

Por isso colocarei cada detalhe
para dizer que o sol está indo embora
enquanto as folhas do outono
tocam o chão.

Por isso contarei histórias
cheias de mentiras e personagens
engraçados.

Não para satisfazer a mim ou
satisfazer a qualquer um.

Apenas gosto de sonhar.
E sonhar é uma virtude
da qual não posso perder, pois talvez
seja a maior delas.

Não me importa o amanhã, não
me importa o que eu vejo
ou como vejo.

Este é, e sempre foi o meu
mundo e aqui
eu estabeleço os limites.

Seja bem vindo de volta a caverna Yeti.

Aqui sempre neva,
alguns meses mais, outros menos.
Sempre é frio por aqui, portanto pegue
um copo de café ou uma cerveja quente.
Sente-se e aprecia uma história.



Hoje contarei a história do bardo
que não sabia como tocar.
Amanhã contarei sobre como é amar.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Folhas vazias.

Algumas vezes sinto saudades
de algumas pessoas
que eu nem mesmo conheci.

Algumas vezes sinto saudades
de pessoas que nem mesmo sei
se existem ou existirão.

Tenho alguns momentos
de nostalgia de momentos
que eu nem presenciei.

Não que as pessoas que eu conheço
não valham mais do que
minha imaginação.

Não, não leve a mal.

Apenas gostaria de ter
bebido com pessoas que já se
foram, sem nem ao menos
eu conhecer.

Apenas gostaria de ter ido
em um show do Pearl Jam
com aquele cara que parecia
ser tão legal.

Aquele pai daquele meu
amigo de todos os momentos.

Aquele pai que me lembra tanto
o meu pai.

E é por isso que algumas vezes sinto
desgosto de ter de
dizer as coisas que digo
pra pessoas que ainda não se foram.

Sinto vontade
também de conhecer
aquela mãe daquele meu
irmão que também
se foi cedo demais.

Conhecer a doçura
que ouço falar de longe.

Aquela mãe que deixou
um herdeiro que tanto admiro.

Aquela mãe que me lembra tanto
a minha mãe.

As vezes sinto vontade de saber onde estão
todos aqueles meus amigos que perdi
contato.

Só pra dar risada e esperar aprovação
de todo esse meu estado.

A minha falta de contentação
não é incontente.

Apenas gostaria de ter conhecido
mais pessoas. E conhecer pessoas
é uma magia que nunca se cansa.

Sinto falta de conhecer por exemplo
a mulher que amarei para sempre
e o filho que ainda não tive.

E isso não tem nada a ver com solidão,
apenas gostaria de conhecer
pessoas que eu sei que teria
consideração.

Pessoas que eu sei que vão iluminar o céu
de muitas pessoas ainda. Ou pessoas que já
iluminam toda uma constelação.

Por enquanto apenas escrever
e sorrir pra mim é
solução.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O dia do mês que não deveria existir.

Eu já tive medo
de solidão e
já tive medo do
escuro.

Já tive medo da morte,
da incerteza, do futuro,
de extraterrestres.

Já tive medo do passado,
já tive medo do medo,
já tive medo de dormir.

Mas o que realmente
sempre me assusta
são anos bissextos,
são manhãs
como
esta.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Os três reis.

Eram ainda oito e meia
e ele já desfrutava
de um sono que seria interrompido
até então.

"Vamos indo, temos
compromisso". Sua
indecisão incertamente
deixa indefinido o
improvável
futuro deles.

Não é que ele estivesse
indiferente quanto a isso, apenas
incrédulo na instabilidade
de sua opinião um tanto
quanto indigna.

"Vamos indo",
disse tirando mais um
fio de cabelo que sobrara
no condicionador.

Disse adeus, jogando o
cabelo na água do chuveiro
como se dissesse adeus
à uma lembrança ou algo
assim.

"Acho que estou superando bem",
lembrou ele.

"Seria mais fácil se alguém nessa casa
tivesse cabelo longo", suspirou.

Ele seguia seu caminho
no passageiro do carro
com toda a animação que
pudera juntar até ali.

Fato que preferia uma cama, mas
isto não embeleza a história.

Ela esperava lá longe, na cidade
em que sempre faz frio, na cidade
em que sempre há som de chuva, mesmo
quando o sol irradia todos os relevos de
suas ruas tortas, agora
asfaltadas.

Lembrou-se por um momento
do seu sonho matutino, com a garota
que agora morava por lá, suspirou,
de pura nostalgia.

Só queria um café quente, agora
que entrava no véu gelado daquela
cidade.

Olhou para o céu, procurando
estrelas. Mas as estrelas já estavam mortas
há um tempo.
Tudo que conseguiu encontrar foram
péssimas lembranças e
vozes dizendo coisas que não
deviam ter acontecido.

Focou sua visão para
não cochilar por ali mesmo
e daqui uns minutos
estava na casa daquela mulher.

Aquela mulher de cabelos brancos.

Ainda mais cedo
o primeiro rei já havia estado por lá,
esbanjando sua inteligência, seu poder e sua
eloquência.
O segundo havia lhe trazido esperança,
prudência depois de tamanha inconsequência.
O terceiro estava atrasado, chegara por último.
Trouxe um troféu de presente, mas não
esbanjou seu brilho com arrogância,
os traços de humildade deixavam ainda mais
bonita e amarela a luz que refletia
no lustroso jovem que sorria sem
barba no sofá da sala.

E talvez pelo menos mil
palavras tenham sido
trocadas
no silêncio que
predominava.

Nem todo carinho precisa
ser esboçado com
um "eu te amo".

Mas a troca de sorrisos que
aconteceu valeu a pena.

E talvez tudo que aquela senhora gostaria
de receber em seu décimo quinto
aniversário fosse uma visita de cada
um daqueles que dividiam a honra de
portar seu sobrenome.

Tudo bem,
talvez eu esteja glorificando
demais chamando eles de reis.

Talvez eles não sejam reis, tampouco 
magos.

Sei que não trouxeram ouro, mirra
ou incenso.

Mas acho que depois de tantos anos
começaram a dotar de orgulho
uma grande rainha que sempre
os tratou com príncipes.

Depois de tantos anos, obtiveram
o dom do perdão.

E agora, como reis, eles vão até
seu antigo castelo, contar
um pouco de sua história
todo dia quatorze de fevereiro.

Mesmo que você, eu, ou todos
nós tenhamos atitudes erradas.
Mesmo que tenhamos agido
de forma incoerente.
Todos precisam de algo para se orgulhar, todos
precisam de algo para amar.

Talvez passemos tempo demais
pensando se devemos, se podemos.
Talvez passemos tempo demais
pensando se é justo amar.

Talvez não passemos tempo o suficiente
amando de verdade.

Talvez o grande erro do ser humano
seja julgar.

Talvez o grande erro do ser humano
seja pensar;
Pensar invés de sentir.

Talvez a solução seja apenas
gritar, sorrir, chorar, observar.
Sentir;
Amar.

E talvez todos nós realmente
passemos tempo demais
procurando e trabalhando
na ideia de sermos felizes,
enquanto a felicidade é algo
complicado de se achar
por estar tão debaixo do
nosso próprio nariz.

Talvez toda a felicidade
ainda esteja guardada
num por do sol,
no final de um livro. 
Num suspirar de alívio, ou num
sorriso inocente...
No esboço de amor
de uma rima
incoerente.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Rede social.

As redes sociais tentaram mapear meus sorrisos,
tentaram mapear meus interesses;
Tentaram mapear meus caminhos;
Tentaram mapear minhas idéias;
Tentaram mapear meu olhar;
Tentaram mapear meu rosto;
Tentaram mapear minha libido;
Tentaram mapear meus gastos;
Tentaram mapear meus momentos;
Tentaram mapear minhas horas;

Permiti que me mapeassem inteiro
em troca de pequenas caridades.
Em troca de assustos de elevador,
da satisfação de receber algo em troca.
Um curtir ou dois.
Em troca de aceitação.

Não culpe os novos tempos.
A culpa é tua, a culpa é minha.

A nossa carência gerou um enorme banco de dados.

Deus queira que daqui a 50 anos o google nos venda um
livro de luxo com as nossas memórias e foto na capa.

Quando isso acontecer, deixe teu celular em
casa e me faça uma visita.

Vamos juntos pedir aquela velha pizza,
uma meia calabresa, meia mussarela...
Em um orelhão abandonado,
em uma rua fria.

Rezaremos então, para que a comida chegue,
enquanto relembramos tudo que queríamos ter
sido, feito.

Para que talvez, possamos recomeçar...

A mapear e fazer
tudo aquilo que não podemos
ser.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

1, 2, 3, 4.

Felicidade intensa
paira sobre
um nevoeiro de
tristeza medonha
nos intervalos do café
e do cigarro.

Felicidades momentâneas
entristecem a minha
felicidade que
tanto fiquei triste para
conseguir.

Com ferro feri,
com ferro ferido.
Ferro de uma espada
cravejada com os mais
lindos diamantes
brilhantes de
todo o reino,
de todos os reinos.

E enquanto as águias
olham por mim, eu
de longe olho
novas águas.

Números nunca
demonstraram
tanto afeto.

Mas é como se eu
contasse até quatro
por necessidade.

Os livros,
as fotos, o vidro
de remédio, as garrafas e em-
balagens vazias
inundam o meu
habitat.

Eu diria tudo que aconteceu
de uma forma diferente.
Se fossem alguns
momentos atrás...

É quase algo intocável, é
quase um desejo
que não consigo controlar.

É quase um filme
que posso me identificar.

É um texto
que não posso explicar.

É como um suspiro
que eu suspiro aliviado
por poder respirar.

A sensação de um sonho
arruinado perto
de outro tão lindo.

O que pensar?

Eu não sei o que pensar, talvez
por isto não saiba
escrever.

Não tão bem.

Talvez não seja meu inconsciente
que redija agora, mas o que
eu digo é de um
coração valente, de
um coração carente.

O cheiro de cravo
aumenta a dor.

A dor causada por saber
que nunca
mais poderei sentir o teu
cheiro tão próximo.

E a tua falta ainda domina
meu mundo de tristezas, mas
eu prometi a mim mesmo
que não me deixaria
viver por este mundo.

Mas nunca enganei ninguém, eu
gosto de visitar este plano
turvo que não me domina mais.

Acostumei, passei a gostar
desta sensação, mas devo
admitir que prefiro
as coisas como vão.

Nunca havia me deixado sentir
tanto, explorar tanto
a vida.

Talvez nunca tenha
vivido tanto.

Diria que sou a pessoa mais
feliz.

A mais feliz, mas não
a com menos dores.

As feridas abrem e se
curam seguidamente,
mas é com sorriso
que tomo mais um
gole do meu café e
volto a ler.

Talvez tudo tenha sido
coincidência.

Mas certa vez ouvi
que qualquer coincidência
é ilusão do próprio destino.

Eu mal posso esperar
para começar.

Tudo isto
será realidade.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Vazio.

O homem de camisa
laranja, dançava
e gritava;
Um som estonteante,
agonizante, que
rasgava as quatro
molduras de seu
quadro preto.

Por que o que
tanto odiei agora é
tão agradável?

Parece uma história
que eu já li, uma
história que já ouvi.

O piano soa
devagar, como
uma melodia
que precede
sangue e enquanto
isso, troco
os lençóis
e entulho as bagunças
no armário.

A música soa
perfeitamente
linda para aqueles
que desejam
estuprar cordeiros
que passeiam.

Mas isso é uma
analogia egoísta.

A única pessoa
que talvez pudesse entender
agora jaz muito
longe.

E eu, persisto atônito
por ter confiado a segurança
dos meus punhos, braços e mãos
à uma pessoa
que fugiu sem
o menor sinal de
perseverança, resistência,
esbanjando sua
ignorância.

Parece que só
a minha dor era aceitável
sinto por ter de dizer.
Mas minha glória o assusta e
o deprime.

Que triste.

Era tão estranho quanto
agradável, era
neve no verão.

Não posso admitir, mas não
posso mentir.
Nunca deixei de não sentir
a sua falta.

Como uma criança iludida
no dia da véspera de
natal espero
milagres demais acontecerem.

Espero soluções
embrulhadas em cetim
vermelho, com um laço
amarelado ou 'azul-sem-fim';

Espero que caiam da chaminé
que ainda aguardo
que por um milagre
seja construída
bem no lugar da goteira que inunda
meu quarto.

A goteira gentilmente gasta
seu tempo gotejando, garbosa,
galante, enquanto gesticulo grandes
mentiras gradativas.

Ela goteja
e molha o esmalte
descascado que
ainda não tive coragem de jogar
no lixo.

Gosto,
eu gosto de lembrar.

A pergunta certa não
é 'quem?' e sim
'o que?'.

A música clériga
continua a soar
enquanto o sangue
continua a jorrar.

Enquanto subia
dezenas de degraus
se lembrava
do quanto era sorridente
ao som menos estridente
da voz do seu parente, oh céus!
Acho que sempre fui carente,
mas antes que tente:
Não me sinto diferente, não
me sinto um demente. Era feliz,
felizmente.

E a felicidade não
depende dessas coisas
que você diz que a felicidade
depende. E sem nem mesmo
notar, procurar ou folhear, pronto!
Você acaba ficando feliz
abruptamente.

Essa é só a visão de toda
essa gente.

Que se diz santa, mas engana.
Que se junta para proclamar hipocrisia.
Odeio gente que mente, mas infelizmente
por mais que tente não há o que eu invente
para parar este falso moralismo.

E por mais que eu pareça
inteligente, sou só um poeta
que pouco sente.

E o que me resta é um jogo
esdrúxulo de palavras.

No fim eu mesmo
não acredito em qualquer
realização e ainda faço
a questão de odiar.

No fim sou o pior
para falar, um
psicólogo com
problemas demais para
consultar.

Um poeta que gasta
tempo demais
tentando acreditar
que já achou o seu
grande amor.

Um escritor que
não gostaria de saber
o final da sua própria
história.

Sou a história.

Uma história feita de mentiras
que de tanto contadas
se tornaram a maior
realidade de
todas.

Mas
não se
incomode,
é uma história
que acabou de começar.

Uma história
cheia de verdades que
de tão pouco contadas
se tornará a maior
mentira de todas.

Sou apenas um pássaro azul, um
peixe dourado.
Sou uma pedra incompleta.

Sou apenas
alguém que ainda
não quer um título.

Sou apenas alguém
que ainda é inexperiente
demais para criar um título.

Por isso o batizo de vazio.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Digital love.

Eu não poderia,
por mais que possa
parecer
demagogia.

Eu posso até
não ser o cara certo.
Este pode não ser
o momento certo.

Mas ontem eu tive um sonho,
nós estávamos juntos
e não tinha nada além
disso. Eu pus minhas mãos
no seu rosto e
você sorriu.

Talvez eu sofra, talvez
eu ajoelhe.

Mas tudo que eu
desejo é vivenciar
este sonho
dezenas de vezes.

Talvez tudo acima disso
seja exagero.

Desculpe ser a pessoa a dizer,
mas há algo especial entre nós.
Há sentimentos que eu só
quero dividir com você.

Corrija a minha
ingenuidade
se ela estiver errada.

Mas só faz sentido com você.

Enquanto constroem
castelos de cartas
eu vou montando
pedra por pedra.

Não vou deixar
você esquecer, não
vou me deixar ceder,
não posso deixar o poeta
morrer.

Treze sextas e setenta e oito domingos.

Eu não consigo
acreditar no passado.
Eu não consigo
fechar meus olhos
sem ver você.

Pulmão e coração;
Apenas mais uma
fatídica tarde
de uma pequena sexta
que mais parecia um
domingo.

Domingo após domingo
vou contando
no meu calendário,
riscado com sangue.

Mas apenas começou.
Ouço lágrimas de longe
mas continuamos
com a nossa irmandade
cheia de orgulho.

Muito barulho,
consegue ouvir?

São os meu pedaços.

E você dizendo que está cheio
de dores.

Mais uma vez
nos vemos nesta
corrida de cavalos.

Você acha que é fácil
dobrar a minha
fortuna de dinheiro
podre?

Os olhos
melancólicos,
estão profundos.

Ele apenas pede
perdão por seus peca-
dos e espera.

Espera a sua morte chegar.

Ou talvez seja apenas eu
enxergando demais -
para variar-.

Espere, um dia vão voltar.
Espere, um dia vou voltar.
Espere, um dia vai voltar.

Enquanto isso vou recusando
tragos e estragos;
Ouvindo Yes e vendo filmes
do Tim Burtom.
Confortando o cão e
tentando partir.
Tentando escrever
e tentando dormir.

Ainda não estou muito
bem acostumado
com essas esquetes, mas
não pretendo desistir.

Próxima pergunta...

domingo, 8 de janeiro de 2012

Formigas anatômicas.

As formigas
iam passando
em seu pequeno
mundo paralelo ao meu.

Algumas vezes
vejo coisas
com cores demais
e tudo que eu quero
é pintar de preto;
Outra vezes
vejo tudo sem cor
demais, monocromático
demais e
quero pintar tudo com as nove cores
do arco-íris.

É um tipo
de piada que
você não entende.
'Humor americano'.
Mas eu ainda acho
meu sarcasmo bem pior.

Se o sol dela
pode ser azul
por que o meu
mundo não
pode ter cores
invertidas?
Ainda acho tudo
isso uma certa
hipocrisia.
Você me dá uma lista
de padrões a seguir
e pinta cada um
com a cor que quer.

Me disseram
que o mundo
é como uma orquestra sinfônica.
Cada um toca seu instrumento
e todos juntos
formamos uma bela música.
Por aqui vou torcendo pra ser
algo mais que um mero barulho
produzido por uma banda qualquer
de caras barbudos
numa garagem
qualquer
da Inglaterra
-que nunca irá pra frente-.

O mundo é sim uma orquestra;
Onde muitos tocam o mesmo instrumento e
todos solam a cada segundo
não importando-se nem um pouco
com a graça do todo,
não importando-se
nem um pouco
com a música. O prazer
do egoísmo
é o suficiente
pra cada instrumentista.
Que nem se preocupou em ensaiar
e já quer gozar das palmas da
platéia - que é tudo
que importa-.

Me disseram que o mundo
é muito mais do que posso ver.
Me disseram que houveram físicos
que constataram coisas que ninguém antes
podia crer.
Me disseram que Deus estava no céu
e o diabo embaixo da terra.
Me disseram que eu nasci apenas com
o propósito de procurar
propósitos.
Me disseram que a única certeza
da vida é a morte e que em todo
amor há tristeza.

Me disseram que no mundo
haviam fadas e duendes,
bruxas decadentes.
Me disseram que existia
um coelho que trazia chocolate
e um velho que trazia
presentes.

'Vai existir se você
acreditar com o com o coração'.

Me disseram pra sonhar e
ser realista.
Me disseram pra eu ter esperança
e me conformar.
Alcoólatras me disseram
pra não beber e
fumantes me disseram
para não tragar.

Já ouvi também
que o mundo é bom.

Já ouvi que o fim chegou,
ouvi que o fim virá.

Uma vez ouvi que o fim já foi faz muito tempo.

Você consegue imaginar
o que eu digo?

Cada um crê no seu próprio.

E no fim viver é apenas isso:
Crer.

E no que você acredita?

Eu acredito em formigas;
Acredito em palhaços sorridentes e
amores carentes; Acredito
em crianças puras e
anjos decadentes;
Acredito no que posso sentir e
em estrelas cadentes;
Acredito em epitáfios
e atitudes
decentes.

Gostaria de saber
qual foi o caminho
que pegamos
pra chegar em um
ponto em que
o ouro vale
mais que o outro.

Foi numa manhã
como a de ontem
que eu entendi.

São os meus valores
que são estranhos.

Eu acredito em formigas,
mas acredito ainda mais
no que digo.

Talvez tenhamos
nos preocupado tanto
em evoluir que
acabamos
involuindo.

Eu não quero forçar
nada a acontecer.

Eu apenas quero dançar
também.

Eu apenas gostaria de
deixar de ver certas coisas.
Talvez eu apenas
precise de cortinas maiores.
Talvez tudo seja
uma piada que
ninguém entendeu.
Talvez sejamos
mais insignificantes
que formigas.

Há milhares de anos,
com organização, trabalho e
sem discórdia.

É engraçado, fomos tão longe
e agora tudo que sonhamos
é voltar ao simples.

A espécie
dominante se diz tudo
e sua limitação
chega ao
tentar imitar um inseto.

Mamãe
me ensinou que
você tem que dar valor
às pequenas coisas.

Talvez seja por isso que eu namoro uma
garota de um metro e cinquenta e poucos.

É 'humor americano',
você não entende.

Mamãe dizia
que a vida é como
uma caixa bom bombons.
E que nunca se sabe o que vai se encontrar.


Não é bem uma crítica,
criticar seria hipocrisia.
Não estou tão disposto a mudar.
É só a minha reflexão
matinal.

Só quis abordar diferente.
Só quis dizer de um modo mais culto
que todos são escória e que ninguém
se importa com ninguém.
E do jeito que está
é impossível mudar.
- Hey
- O que?
- Nada. Hey
- O que?
- Tudo bem?
- Tudo e você?
- Bem também... Hey
- Quê?!
- Eu te amo.
- Ah!..