quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Último suspiro.

Desanimado ao ponto
de desistir de viver por algumas
horas, abracei meu
cobertor como se
fosse de longe a mais bela
mulher.

Tomando remédios que
me entorpeciam, mais
do que álcool e
o que resta
é uma metade
de um conto, que
conto com
desencanto.

Ouvindo coisas que não devia,
que não queria, tomando
tapas do vento. E
eu nem tinha provocado
ele.

Fazendo coisas que
nem gostava, mas
esta era minha obrigação.

Depois disto meu
barbeador quebra - este
realmente não deve ser meu dia.-

Saí de carro, em busca
da tartaruga que me acalmava,
suas mãos de quem não
trabalha
afagavam o que me restava.

Depois disso apenas as
conversas
jogadas ao
vasto escuro
da madrugada e
pelo menos acho
que não me fodi.

Deveria terminar com
esta mania que me mata, mas
não consigo, juro. Você
também deveria parar com isto,
mas é só um conselho de
quem não sabe dar conselhos.

Em casa depois de muitas horas até perdi a fome, vi
as luzes da cidade se apagando, uma a uma e
menti: Foram cinco. Dei
bom dia pra minha mãe, que perguntou
meu paradeiro, mas tudo
que consigo pensar agora é o
tanto que quero uma cama...

Bom dia, disse
a ele, estava
confuso pela sua idade avançada e
tentei explicar pra ele porque
ele não poderia pegar o ônibus de três
dias atrás.

Ainda me sobrou guiar meu
carro para mais
um destino e meus
olhos não se aguentavam mais em pé.

Fiquei com vontade do sexto, mas
me segurei, arrumei
a corda no pescoço dele e
saí de manhã depois de
ter jantado meia merda com
o cachorro que agora
eu simpatizava, por causa dela.

Tentei dormir, não consegui.
O que me sobrara era a angústia de ver o
belo que eu não poderia ter e
apreciar a bela dormindo, enquanto
isso era tudo que eu podia ter.

Conversei com o meu
destruidor de sonhos, mas
pelo que vi, não guardava rancor ou tristeza,
inclusive eu agradeci pela sua destreza de
tantos anos, pela sua experiência
esporrada na minha cara.

E depois de ver tanta merda
acho que finalmente meu
poeta morreu e com ele
se foi tudo de mais importante.

E na sua lápide, dizia
o epitáfio:

Aqui jaz o poeta do
encanto permanente.

Que dentre tantos outros sempre
acreditou tanto, indiferente, no diferente.
Mas seu para sempre se
perdeu como todos os outros sempres sempre se
perdem e agora está
em outro lugar para que sofra melhor, pelo
seu jeito carente.

Não se lamente, o poeta
que morreu não era nem
importante, está deitado ao lado
do seu semelhante, que
veio ao mundo sem saber porque, amor.
E morreu como eu
sem saber pelo que foi, sem
saber pelo que veio.

E este vasto cemitério que se enche
de tanta gente impertinente, que
assim como eu, creu em algo
inexistente. Agora nos abraçamos
deste jeito que me entristece, mas
é o que nos resta e não é a mim que cabe reclamar.

Deixo ao mundo minhas palavras, minha
esperança e para que ninguém sofra como eu
ofereço esta prece.

Um comentário:

  1. Esse eu achei excelente em!
    É um dos longos, mas tive até emoção ao lê-lo!
    A cada fim de um amor, morre um poeta em nós. Ou, nasce e pensa que morreu. Porque poeta é dor. Amor é muito bom, mas um poeta sem dor, é incompleto.
    Simpatia pelo cachorro só por causa dela? ual! Isso me deixa feliz, qualquer simpatia por um animal é bem vinda. Mas isso não seria só você se moldando novamente? Seria bom se fosse sincero. Se for sincero, estarei radiante por isso.

    Gosto dos seus textos! Mesmo quando não entendo tudo. Ou quando não entendo nada!
    São como o próprio ser humano: algumas coisas você entende, outras você adivinha. E algumas outras, você pensa que entende. E tem também, as que você nunca irá entender. Seu blog tem vida! :3

    Boa noite s2'

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