sábado, 10 de setembro de 2011

O patriarca.

Sentado na cabeceira
com suas colheres
contadas.

Ele negociava
balas por
tarefas, era mágico.

Enchia seu copo
sempre sem álcool.

E dizia sábios
conselhos
repetidos.

Sempre foi divertido e
de tantos anos pra cá
parecia que a idade
não envelhecia mais ele.

Enquanto ele ajeitava
sua meia dúzia de fios de
cabelo e se engomava, sem
barba.

Ia dizendo histórias de
sua época, na cidade
onde o sol
não tem piedade.

Eu sempre achei
que ele me apoiava, mas
eu mais apoiava ele.

Quando a flor se
foi, foi complicado e
seu alicerce derrubado.

Sinto pena e
ao mesmo tempo
orgulho.

Os filhos agora são pais e os netos, avós e avôs.

Ele desliga a televisão que
estava no último volume e
acende uma vela.

Seguindo a mesma
rotina para
sempre.

Mas o para sempre é injusto
perpetua o recusável e
o mutila o agradável.

Perpetue apenas aquele
sorriso de criança
na pessoa mais velha da  família.

É o pedido de um cão
sem dono.

Ontem ele quase foi embora,
foi difícil.

As vezes é esquecível que
nós vivemos com
tanta convicção, mas
a vida é frágil como
tem de ser.

Os mais velhos primeiro, é
a lei. Mas
espere mais um pouco.

Agora vou estudar um pouco e
pouco depois, me pergunte de novo.

É com amor que respondo tantas vezes
as mesmas perguntas.

Não cultivo plantas, mas
talvez possa cultivar a flor
mais bela de todas.

Minha Rosa eterna, Isabella
que sempre me lembrará o
senhor.

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