segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O poeta inspirado em coca-cola.

Já faz algum tempo
que enterrei alguns sentimentos
que não preciso mais
ou penso que não preciso mais.

E agora abriram o buraco
que demorei anos pra fazer
para atirar coisas
que talvez eu precise mais tarde.

Jogaram meu ego
e outras coisas mais,
atearam fogo,
jogaram terra,
cimento
e uma pá de cal.

Com as mãos nuas
não consigo sequer começar a cavar
fico sentado
esperando alguém passar,
enquanto isso fico feliz
por ter sido citado em um texto
ou um livreto.

Ando sem acender as luzes
só pra apreciar o escuro
e saio de casa
quando vejo nuvens negras
só pra apreciar a chuva.

Você não poderia ser como eu,
se você terminar com algo parecido a isso
não irá aguentar
e vai clamar por lobotomia
ou eutanásia.

Digo essas palavras complicadas
só pra fingir que estou numa situação horrível
que na verdade
talvez nem exista
mais digo para impressionar
e parecer que eu tenho algum talento
além de ser pessimista.

Enquanto você continuar a procurar
vai sempre achar uma desculpa
para amar
e sempre vai ver esperanças
aonde não há
e talvez
quando eu seguir meus próprios conselhos
iremos tomar atitudes melhores
do que imaginarmos coisas bestas.

Não é qualquer um
que pode usar os meus versos livres.
Não é qualquer um
que pode entender
os meus versos livres
você não pode viver,
assim como todos vivem,
você tem que ver o sofrimento
mesmo aonde não há
aí então
vai entender
porque
eu
troco a linha
tantas vezes
e aí vai entender
que não digo só verdades
e que na maioria das vezes
digo inverdades que você tenta procurar em mim achando que na verdade eram
verdades,
não procure.

Se quiser ler,
posso escrever romances
basta por uns travessões
ou reticências
- eu sempre te amei, ou algo assim... -

Aí eu cativaria um número maior de pessoas
que só entendem algumas dúzias de palavras
mas que no fim
vão ser as pessoas que vão passar ao meu lado
e desenterrar
as coisas que eu enterrei
e vão dizer que preciso
e vão me perguntar como ainda não precisei.

Por hora,
vou tomar meu suco
feito de soja ou um gole de coca-cola, 
e apreciar tudo de onde vejo,
de onde ninguém mais olha.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Kid ovelha.

Hoje eu saí da caverna
saí porque aqui era muito frio
e muito solitário.

Saí porque quis
e saí porque a cerveja tinha gelado
e eu queria algo destilado.

Saí porque queria encontrar algo
que me faltava
e porque não gostava mais do sabor de halls
que eu carregava.

Saí e deixei meu pai
preocupado com seu dinheiro falso
enquanto eu gastava o dinheiro real,
com peso na consciência,
em álcool.

Hoje eu saí da caverna,
saí porque queria sentir calor
e queria procurar o ardor
de coisas que eu não sentia mais arder.

Saí porque me cansei dos dezoito graus
e saí porque as lembranças
me faziam mal.

Fora da caverna,
nem sempre é bonito,
nem sempre é divertido,
acontecem coisas que eu não gostaria de ver.

E lá fora eu continuei procurando
o que não mais podia ter
e fiz coisas
que não gosto de fazer
e quando já não era eu,
o garoto barbado
e de cabelos bagunçados,
decidi parar de beber.

Nunca gostei muito
de sair da caverna
me ofereciam bebidas,
drogas,
sexo
e brigas,
ainda acho que a parte que eu mais gostei
foi sentar na areia
e ficar olhando as nuvens,
as estrelas e o mar
e descansar os pés, depois de tanto andar.

Na volta contei a história
a mim mesmo
e recontei
dezenas de erros
ouvia o som da sua voz,
os risos
e sentia medo.

E o fato de não esquecer
e lembrar todo dia
me preocupava

Eu,
o contador de histórias,
quando me vi a frente
de novo com a minha história favorita
ainda não estava contente com seu final.

E fiquei pensando se o que eu realmente senti,
sentia era amor
e fiquei repensando e repassando
se eu queria recomeçar a história
e dessa vez, vencer o mal.


Talvez eu seja só idiota
e pense nas coisas demais,
talvez eu seja só um idiota
que ainda te ame demais.
Ou de mais,
nunca sei
no fundo você tinha razão
mas peco em escrever errado
só pra não matar o orgulho
que eu talvez
deva matar
ao me ajoelhar.

Agora durma,
eu não quero manter você
comigo,
vou apenas ficar por aqui
e continuar contando histórias
e continuar contando as lágrimas.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Para colorir:

Olhos vermelhos,
a amiga rosa
e a música violeta.

É uma pena que eu não veja mais as cores,
vejo um tom monocromático em tudo
e vejo tudo em câmera lenta.

Na realidade
nem sei bem porque queremos tanto assim começar alguma coisa,
sempre
acabamos num final
trágico
que nem é tão trágico assim,
é até bem simples sabe?
E compreensível,
até justo
- quando sim, quando não -
mas nós cravamos espadas no peito e saímos por aí
cantando glórias
e sacrifícios.

O refrigerante verde,
o cabelo amarelo
e daqui
não vejo as estrelas.

Não tenho certeza
de como posso matar essa minha vontade de matar minhas vontades
nem se quero matar minha vontade de matar vontades
aliás, nem sei mais minhas vontades.

Eu
nem sei bem quando preciso mesmo quebrar a linha dos meus versos
livres.

Não entendo bem
porque ouço músicas românticas
acho que preciso procurar por algo que não existe
porque se eu achasse o que procuro
talvez cansasse de procurar coisas pra procurar
e talvez descansasse para sempre
sem procurar mais nada.

Não faz sentido
sou tão ingênuo
e me intitulo como o sábio
mais inteligente de todas as tribos.

Participo do jogo, receoso
e tenho medo de apostar
mas quero ganhar o prêmio máximo
sem arriscar todas as minhas fichas
- que nem valem tanto assim. -

O sol azul,
a camisa branca
e os olhos ainda
vermelhos.

Não entendo bem
nem porque escrevo
e não entendo porque escrevo
coisas que ainda não entendi
pra pessoas que ainda não entenderam
essas coisas que não se pode entender
e acho que essa história de entender
ou não entender
é o que estende
a minha vontade de entender
o que significa ao certo
viver.

Talvez só precise de uma dúzia
de tintas guache
pra colorir
as coisas
das quais eu não vejo mais cor.

E talvez eu deva sair por aí
com um pincel,
um lápis e uma borracha
pra corrigir
e recolorir
as coisas que andaram
se estragando
e desbotando,
desbotando...


E talvez
eu não precise procurar
não deva sonhar
não necessite ver
nem entender.

E talvez
eu não precise
precisar.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Extremamente perecível.

ninguém ama completamente o que vê
ninguém.
mas, talvez
isso não queira significar
que
ninguém ama. eu amo, um
técnico de futebol ama, um aleijado ama e
talvez
até os pombos amem.

o Yeti ama quem não o ama porque precisa do amor para escrever com mais quebras de linha. ele
levou uma criança para sua caverna de Yeti e esperou que ela dançasse o tempo inteiro
mas
ela era só uma criança
CHORONA
e
não
uma forma de entretenimento Yeti, então deixou-a ir.



ninguém ama completamente o que vê
ninguém.
mas, talvez
isso não queira significar 
que
ninguém ama. eu amo, um 
técnico de futebol ama, um aleijado ama e
até um Yeti ama.







Por: Kayssa Mavrides

O que sobrou.

Dentro do banheiro
luz apagada
trancado
para fora.

A beira da morte
na beira da estrada
pedindo carona
sonhando com ignorância.

Interpretando sonhos,
pensamentos,
músicas
e mentiras.

Contando piadas
e ofendendo dúzias,
fumando orégano
e vendendo grilo.

Certo
que era certo
que tinha por certo
o que não era certo.

E percebera que era escravo
do pior senhorio,
ele mesmo.

Tentava ser 10% do que queria ser
e era 10% do que tentava ser.

Pedro,
25 anos,
pedreiro
e ainda acredita em duendes.

Thiago,
19 anos,
vagabundo, cachaceiro
e ainda acredita em amor verdadeiro.

Escrito em: 13/01/2011
às 22:20, quarta-feira.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Recaída.

Um dia normal
exceto pela sua imagem
na areia.

E num piscar de olhos
me vejo nos seus braços
de novo
e de novo.

Com os olhos fechados
ninguém vai me enxergar
eu luto sozinho
e ninguém vai me alcançar.

A água,
o sol
e o sal.

E já tive uma recaída
e me vi recaído,
retraído
nos seus braços.

E aonde isso pode chegar?

O fim se aproxima
com vista para o mar.

Ninguém sabe
o que é preciso
pra ser alguém como eu.

Ninguém vê
por trás das mentiras
que me afogam.

Meus sonhos são tão
vazios.

Perco horas e horas
com a solidão.

E ontem
nos meus sonhos vazios
me vi de novo
e de novo
nos seus olhos fechados.

Senti vontade de gritar
agredir objetos
ou apenas sentar
e ver o mundo passar.

O gosto de limão
exagerado
uma garrafa de água
e o tempo mal gasto.

Não vejo mais graça
em competir,
com os olhos vendados
não posso ganhar.

Por quê?
Eu me vejo de novo
e de novo
nos seus olhos,
vejo com seus olhos.

E seria eu agora
o hipócrita?

Talvez eu devesse apenas
me ajoelhar.

Enquanto todos procuram
príncipes e princesas
continuo em busca
do dragão perfeito.



Que vês?
Que vês quando me vês?
Quando a mentira acabará? (Tihuana)

sábado, 22 de janeiro de 2011

One day, one dream.

Sentado,
lendo,
pensando
e escrevendo.

As horas passam,
o tempo voa,
as folhas caem
e os pássaros cantam.

Chove,
tiro minha jaqueta,
sinto o frio,
mas é por uma boa causa.

Um amigo na calçada,
outro na praia
e eu com a testa cortada.

Mentiras,
mais mentiras,
vergonha
e culpa.

Eu,
com a lata de cerveja
que tem nome próprio
escrevo,
antes que a minha
epifania
desvaneça.

Distribuo palavras
que trazem dor
trazem tristeza
afagam a tristeza
afagam quem tem tristeza.

Procuro machucados
só pra fingir que os curo
e sempre acabo os piorando.

Estou sempre por aqui
bebendo e falando de amor
as pessoas vem e vão
e eu continuo por aqui.

Gosto da vista daqui.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Rascunho.

Hoje aprendi que
com 200 reais
você consegue um dia
perfeito.

E que marcas de unha
não cicatrizam
de uma hora pra outra.

Aprendi que quando se está cansado
e vê que seu cansaço foi por um bom motivo
você dorme melhor do que nunca.

Aprendi que livros
e programas de tv
dizem muito a respeito de alguém.

E que certas pessoas e lugares
se completam
e ficam melhores.

E aprendi que quando você toma muito sol
se queima
então é melhor eu ir dormir
antes que a dor volte.

Escrito em: 12/01/2011
às 22:15, Quarta-feira.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Chuva de verão.

A chuva,
os relâmpagos
e uma idéia idiota.

Dois garotos
a areia molhada
e o esgoto.

Sem beber nada
além da água da chuva.

Andando pela areia fofa
e falando de coisas
idiotas e interessantes.

Os dois encharcados,
rindo a toa
e falando das outras pessoas.

Caminhando sem direção,
ouvindo o som da chuva
no chão.

As pernas cansadas
a calma e a apreensão.

Um parque
na parte da cidade
que eles não vão muito.

Um tempo no balanço
com os pés na lama
e na grama.

Um deles diz:
- Poderia escrever sobre isto.
e sorri.

O outro brinca:
- vai escrever mesmo?
e sorri.

No final não se precisa de muito
pra encontrar diversão.

Meio dia pras quatro.

Com os pés no teto do carro
olhando a lua crescente
- ou minguante, nunca sei -
reflito e escrevo:

Ora estou feliz,
ora estou triste,
nunca sei o que quero,
sempre me arrependo
e já acho que isto é tão normal.

Ora estou infeliz,
ora estou apaixonado,
nunca consigo saber
e já acho que isto e tão normal.

Agora, estou longe de tudo
e continuo cada vez mais perto
do nada.

Ora esqueço de tudo,
ora lembro de tudo,
sendo o tudo
nada.

Ora me sinto adulto,
cheio de orgulhos e glórias
ora me sinto uma criança
cheia de medos e inseguranças
e cheia de ter que ter
orgulhos e glórias.

Lapidei umas dez pedras
cheias dos meus conceitos
- todos estão -
e ela estão na parede do meu quarto
pra que todos possam olhar
toda manhã
e para que eu possa louvá-las
todas manhãs.

Ora leio romances,
ora contos de fada,
ora vodka
ora limonada
ora rammstein
por ora apenas o bate-bate
da libélula na luz fluorescente.

Oras,
horas,
que horas são?

Talvez eu queira me perder aqui
mais algumas horas,
dias,
semanas,
alguns momentos
quem sabe?
Pra sempre.

Escrito em: 10/01/2011
às 23:35, Segunda-feira. 

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Saudoso saudosista.

Saudades,
dos amigos,
das conversas,
da nostalgia.

As mesmas histórias,
mesmas mentiras,
cortesias,
teorias.

Saudades,
da chuva
e da vontade de se molhar
do sono
e do guitarrista
- que não para de tocar. -

As mesmas idiotices,
mesmos jogos,
sonhos,
programas.

Saudades,
da poesia,
da sua beleza,
sua anarquia,
sua apologia.

Saudades,
de mim,
do meu rosto,
seu rosto,
seu humor,
seu outro humor
saudades da minha caneta
e do meu desgosto.

Saudades,
da cor,
da dor,
do calor.

Saudades da minha pele,
do riso,
da demagogia,
dos amigos
movidos a hipocrisia.

Saudades da indecisão,
da cobiça
e da provocação.

Saudades
das saudades
e das mesmas mesmices,
mesmo assim.

Quem sabe isso passa
sendo eu tão inconstante. (Ana Carolina)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Coca-cola roxa.

O pai bêbado,
a mãe fumante
e a coca-cola roxa.

O garoto,
que ainda não cansara
de dar lições de moral,
agora filosofava
à pessoas diferentes.

E o garoto percebeu
que a distância
que ele pensou que o curaria
agora o feria
e o garoto sofria
muito mais do que antes.

E o garoto
assistia palhaços
sem fantasia
e via o fogo
e a coca-cola roxa.

E via as estrelas
- bem melhor que essas estrelas que se vê na cidade -
e via as nuvens
e refletia
- sobre essas coisas que não se deve refletir -

Durante o dia
o garoto lia livros
com histórias óbvias
e desinteressantes
e ouvia músicas repetidas
- mas tinha medo de certas músicas
então preferia aquelas mesmo. -

E assistia os beijos incessantes
dos cachorros
com os homens
nas valetas
que tinham provado de mais
cerveja, vodka e pinga.

O garoto não sabia ao certo
o que ao certo queria.

Já tivera querido
queridos amigos
um emprego e muito dinheiro
e o amor de toda vida.

Agora tudo que desejava
era um banho,
cama,
palavras de compaixão.

Uma voz,

um toque

ou uma ligação.

Escrito em: 09/01/2011
às 17:34 ~ 23:44, Domingo.

Mesma mesmice, mesmo assim.

Os mesmo acordes,
a mesma batida,
a mesma voz
- e que voz -
e os mesmos sentimentos.

Com insônia,
ouvindo o relógio 'tiquetaquear'
e contando quantos segundos
há em uma hora.

Pensando em como seria
se ele tivesse agido
diferente.

Brincando de adulto
e bancando o sério
todo mundo o via
mas ninguém o ouvia.

Filosofando
e criando versos
inventando acontecimentos
perversos
para versos
inversos.

A mesma música,
o mesmo guitarrista,
com as mãos fodidas,
sem poder criar suas melodias.

Fazendo médias
e se esquecendo
olhando casais na rua
e sofrendo.

Pintaram seu coração,
arranharam sua pele
marcaram sua alma
e gravaram em suas memórias
o ardor do beijo
que queimava seus lábios.

As mesmas vozes,
as mesmas vezes,
pensando até que parte
fora verdade
e o que fora mentira
que se fora
sendo que,
na verdade
a verdade
ele já sabia
mas era feita de tristeza
então ele esquecia
ou fingia que esquecia,
já que ele não se dava bem
com essas coisas
de esquecer
ou deixar de lembrar.

Escrito em: 14/01/2011
às 11:11, sexta-feira.