domingo, 20 de março de 2011

Dear I,

A minha camisa
está molhada
e todo o resto do meu corpo também.

A minha mão
está com cheiro de cigarro,
mas, tenho certeza
que o cheiro do seu perfume
seria muito mais agradável.

Aqueles três velhos
sempre davam risada
quando eu arranjava motivos pra coçar o nariz
e sorria.

Tenho tido muitas músicas favoritas,
muitas comidas favoritas,
muitos filmes favoritos.

Gostaria muito de entender
porque ainda olho
com tanto desgosto.

Ouço meu telefone tocar,
mas não tenho tido vontade
de ir atender.

Não tenho certeza
se preciso do motivo mais belo
ou se preciso apenas
de um motivo.

Falo de um jeito para uns,
falo de um jeito para outros,
porém o jeito que vejo, não é o mais bonito
talvez seja o mais feio.

A chuva molha as ruas
e a calçada da minha casa,
eu tinha deixado uma mesa para dois
com uma vela acesa
mas a chuva apagou-a.

Tenho andado na chuva,
olhando pra baixo,
para que ninguém veja o meu rosto.

Tenho andado na chuva,
para que a água esconda
o sangue, o suor e as
lágrimas.

Não sei mais se ando
escrevendo os melhores roteiros,
não sei mais se sou
muito para este papel.

A primeira vez que ouvi aquela música
achei que você tinha errado sem querer,
mas agora eu vejo
e foi a coisa mais linda que ouvi.

Me resta uma semana
e eu não sei o que devo fazer
não quero pensar, mas
eu preciso resolver.

Não consigo,
não sei em quem acreditar,
não sei no que acreditar.

Talvez eu devesse tocar piano
e aprender música clássica,
talvez eu devesse viver como todos,
talvez eu devesse.

Talvez, nunca,
mas, não poderia
esperar por tanto tempo, mesmo que quisesse
portanto.

Talvez, tenha sido só uma linha
a mais no meu texto,
talvez, tenha sido uma falha
na minha caneta, talvez
eu tenha sonhado
e não tenha acordado, talvez
eu tenha borrado toda essa página, talvez
eu tenha estragado todo esse livro, pois não vejo
o que todos vêem, eu não leio
a história que todos lêem, eu não sou
o que todos vêem, eu não sou
o que todos querem ver, eu não sou...
o pouco que sou
é para você.

Não tenho certeza se gostaria
que você se importasse ou não
não gostaria que isto fosse por você
mas também penso em mim
e não quero mais sofrer.

Vou pegar uma folha nova,
em branco e
recomeçar a escrever:
Era uma vez...
Outra vez.

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