segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Um brinde... ao seu Deus.

Não entendo mais nada,
não me entendo,
não sei por que diabos tento escrever
e descrever
a falta de sentido
que vejo
e não vejo
tudo
e não vejo
em tudo.

E eu não entendo,
não entendo você,
nem minhas vontades,
nem meus gostos,
nem minhas emoções.

E eu não sei,
tudo que sei está errado,
mentiram pra mim,
desde quando, não sei.

E me disseram que era normal
e me ensinaram o que eu era
e o que eu deveria ser
e eu não pude escolher.

E eles me disseram
que tudo girava em torno de algo como
Deus,
felicidade,
paz,
e amor.
E ninguém me provou até aonde
cada um destes existia,
vendaram meus olhos
e me atiraram pra onde eu não queria.

E cada um me disse,
coisas tão lindas e fodas
sobre cada um
como se de verdade,
alguém já tivesse tido
e já tivesse sentido.

E depois dizem que sou confuso,
ninguém nunca me deu respostas
apenas mais e mais perguntas
e desafios, não ligo,
mas não reclamem.

Eu não vejo mais motivo
não tenho mais vontades
olho pra cada um
e a alegria deles...
- ridículos -
é movida por tanta merda.

E é como se eu andasse no meio de um milhão de juízes
sendo o réu absoluto
e é como se cada um desejasse me julgar
desde o que eu sinto, até o que eu visto
e como se todos pudessem me incriminar
e como se todos fossem melhores do que eu,
e eu deixo eles pensarem,
no mundo deles tudo é possível
e com um dedo na cara de alguém, ó eu sou o rei
tragam-me o cetro e a coroa,
vou governar o mundo de ninguém.

E sabe do que mais?
eu não ligo,
de coração,
não sou como a maioria
- aliás, em relação a nada -
não preciso de plateia
não saio atrás de conquistas
e cabeças cortadas
para subir em um tijolo
e me sentir o dono de tudo
seus olhares vazios não me importam.

E você olha pra qualquer lado
e vê a dor e o sofrimento
servidos com molho
a quem quiser
a quem puder
e os políticos, jornalistas e todos os outros
dizem que está tudo bem
jogam informações manipuladas na minha cara
e me mandam fechar os olhos
e eu fecho
e você fecha
e eu sofro,
mas você não, diz que já faz seu papel, como cidadão...
meus pêsames a sua ignorância,
no caos... ninguém é cidadão.

E porra, pelo amor de Deus,
sou só um cético qualquer
e agora acredito apenas no que posso tocar,
mas não com as mãos.

Tanto faz,
vamos todos juntos,
e vamos todos para a morte
sorrindo
e dizendo que valeu a pena
e vamos transmitir a esperança
e vamos dizer que é tudo lindo
e vamos dizer que é tudo perfeito
e vamos dizer que...

E vamos esquecer a pobreza
e vamos esquecer a fome
e vamos esquecer a dor
e vamos esquecer o choro

E vamos celebrar o dinheiro
e vamos comer papel!
ah, eu amo tudo isso.

Enfim, foda-se,
eu não me importo
e nada mais me importa
vão todos embora
mas antes, eu tenho um brinde.

Pegue a sua taça de vinho,
vamos esquecer de tudo
um brinde à felicidade, paz e amor
e um brinde ao seu Deus
e um brinde ao meu Deus
e um brinde a cada merda que cada um endeusa,
agora vão,
vão embora
você também,









mas antes, tire esta faca do meu peito.

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