segunda-feira, 27 de junho de 2011

El Melech Neeman.

Pode até parecer clichê
mas é realmente
assim que eu vejo as coisas.

Escrevo mal, hoje
numa letra feia,
vermelha
banhada pelo escuro.

Minhas únicas
fontes de luz
são o centro da fogueira
que eu reacendi sem ninguém saber e
um cigarro que eu nem tenho.

O desenho da sombra
na fumaça me inspira
enquanto eu vejo a
minha vida queimar
como uma madeira velha.

Certo que certas coisas
ainda me tiram do sério.

Crentes que não sabiam rezar
católicos que só sabem rezar.

De nada adianta só rezar,
hipócritas filhos da puta
com atitudes banhadas de
pura empáfia.

Quatro palavras, eu
escrevi numa folha velha
de um caderno, escrevi a data e
me disseram para que jogasse
na fogueira.

Nunca quisera tanto
algo e via a
tinta e o papel
queimarem, devagar
enquanto eu desejava
para sabe lá quem
atender meu pedido.

O frio virou calor.

E de tudo que tivera ali
sobrou apenas
um guri,
a fogueira,
a cadeira torta e
uma garrafa de vidro.

Não consigo explicar
por mais que eu tente
o porque de eu amar tanto
o fogo
ou
porque eu
amo tanto
tantas coisas
que eu não deveria amar.

Esta noite não dormirei,
a noite passada também
não dormi e
nem a anterior.

Parei de escrever
pra tomar um gole
e ver o fogo, ele
consumia a madeira
da mesma forma que minha
alma era consumida.

Quis ligar pra ela
só pra dizer
que eu cheguei
bem, mas
me frustrei e
ao invés da voz dela
me sobrou o estalar
da madeira e
o barulho do cachorro
quebrando ossos
que sobraram do almoço.

Sentaram ao meu lado,
mas eu disse que só ia
quando só restassem as brasas.

Disse pra eles
que estava tranquilo e
estava mesmo, talvez
nem precisasse
mentir no dia seguinte.

Todos tinham me
olhado com
choque e indignação
e talvez eu realmente
não faça parte
de tudo isto.

E talvez eu
não faça parte
de nada.

O escuro tomou conta do local
quando a madeira acabou
alguns quadros
caíram, culpa do vento.

Fiquei com medo, mas
o cachorro cansou
de seguir os gatos e
veio lamber a minha pele
laranja e quente;
Sentou
lealmente ao meu lado
e olhou pra mim
com sua sinceridade
cor de mel
e talvez
tivessem atendido o meu pedido.

Disse pra ele
que era melhor
eu parar de pensar
e ir descansar
antes que de mim
também sobrassem
somente as brasas.

Dei mais um gole
verdadeiro e
um
trago imaginário
mandei um beijo a todos
que me acompanhavam por ali.

A noite era escura
a fumaça tinha parado e
a luz também se fora, só
se viam os borrões e
as estrelas.

Senti de novo o que
tinha pedido e
uma certa calma
tomou conta de mim,
por mais que
soubesse
que iria sofrer
mais um pouco
durante aquela noite.

Um tributo final
à fogueira, que merece
comida pela paciência
e eu vou fingir um pouco.

Nenhum comentário:

Postar um comentário