domingo, 10 de abril de 2011

Roberta.

Pela primeira vez,
não sei como começar a escrever e
escrevi o final antes, porque o final
é prevísivel, mas o começo
eu já nem lembro há quanto tempo foi.

Eu lembro de uma ruiva, dos
cabelos encaracolados até a cintura.

Ela tinha uns amigos e
fazia seu irmão andar mais
rápido do que suas pernas
podiam.

Ela tinha outro pai, mas
mesmo assim amava o seu irmão,
mas mesmo assim amava seu padrasto e
mesmo assim sempre apoiou
o que sua mãe dizia.

Ela gostava de dormir ouvindo músicas,
rezava todas as noites, estalava os dedos e
ouvia legião urbana, capital inicial e
aerosmith.

Eu lembro de uma ruiva, dos
cabelos encaracolados até a cintura.

E ela via uma novela, todos os dias
que passava umas cinco e meia e
seu irmão acabava vendo junto e
as vezes eles até jogavam
aquele jogo simpático dos
macaquinhos.

Ele fazia natação e
ela academia, desta parte lembro
de um certo dia que
prefiro não comentar, mas
os pais dela ficaram extremamente
nervosos desta vez.

Eu lembro da igreja, lembro
do formigueiro e
da eva, que deu aquele
estojo com um milhão e
meio de lápis de cor.

Lembro do shopping, comprando
umas camisetas que a mãe dela
brigaria depois pela falta
de tecido.

Lembro do macarrão sem molho
da panela na testa e
do soco no nariz.

Mas mesmo assim, ela
sempre quis o melhor
pra mim e
sempre desejou o meu
bem.

Lembro que ela ficava diversas horas
no telefone,
lembro do parque de diversões e
de um natal ou outro.

Lembro do cara da
bicicleta, lembro das corridas
até em casa da
segurança que você passava
de noite.

Lembro das brigas e
dos foras, das piadas
e das tardes tediosas.

Lembro dos gritos, da
raiva, das risadas, dos
beijos, dos momentos, do quarto,
dos amigos, dos primos,
dos livros e dos passatempos.

Lembro das duas vezes
que eu precisei chorar e
lembro que o lugar mais seguro
e confortável do mundo
sempre foi seu ombro.

Eu lembro...
Lembro de uma ariana,
ruiva e temperamental,
dos cabelos encaracolados.

Lembro das bolachas,
dos estudos,
das broncas,
das implicâncias, das chatisses,
do strogonoff e
do sofá na cara.

Quando eu deixei de ser criança
pude entender o quão magnífica
você sempre foi e
pude me redimir, sendo o
menos pior que eu podia ser.

Sempre gostei, sempre
admirei e sempre
tive o maior orgulho possível.

Pois mesmo quando
eu era só um gurizinho,
eu já sabia que você
estaria comigo para sempre e
que isso se chamava amor e
era o mais sincero possível.

Prestígios à
mãe das minhas sobrinhas,
a minha única e
suficiente
irmã.

E os meus parabéns
à sua nova década
atrasados.

Tinha prometido nunca dizer
o nome de uma pessoa
nos meus textos, mas
juro que não consegui
achar um adjetivo que
fosse perfeito o suficiente
e o seu nome, pelo menos
pra mim,
é um adjetivo que
expressa todas as suas qualidades e
até os defeitos, que eu até
gosto.

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