A chuva continua caindo
e estas mãos
não são capazes de segurar
nada.
Eu crio coisas
só pra destruir
e o vazio
toma conta de mim.
Um Deus,
que não era
tão Deus assim
nos trouxe álcool.
E daí por diante
não consegui
discernir
mais nada.
Até onde
eu sonhara?
Me esforço
pra compensar
o que não tenho.
Mas o sal
pesa muitos
quilos
em cima de mim.
Mal podíamos andar
mas eu
ainda vi coisas estranhas
entre os cacos de vidro
dos copos quebrados
e da festa
fracassada.
Beijos e tapas
enquanto estava
me escondendo da chuva
numa banca de jornal.
Poderia matar dezenas
se estivesse armado, mas
estava ocupado
chorando como uma garotinha.
Não sei de quem foi a ideia
mas, de muitas outras
coisas eu não lembro.
Estava num sono
muito pesado
enquanto em outra casa
meus companheiros comiam
e vomitavam.
Me senti culpado por
beber e
dois dias depois
estaria assumindo responsabilidades.
Talvez esta tenha sido a última
vez, foi o
que prometemos.
Depois da praia.
Fomos para praia
cantando sobre
nossos amigos e
satirizando seus
piores defeitos
num ritmo de música de
viagem americana;
Chegamos na areia, a chuva
não tinha piedade e
batia na minha pele gelada e
eu não sabia mais se deveria
estar com frio
ou com calor, deixamos
nossos pertences com
o guri que não
podia se molhar
mais do que estava e
tinha medo do sal d'água;
Fomos correndo e
pulamos na água gelada. Senti
meu coração parar
por um instante, devia
ser o frio. E
de repente ele se
acelerou e
eu tive uma vontade imensa de
gritar coisas que só
ali eu podia, só
ali ninguém iria ouvir, depois
disto voltamos
filosofando e
cambaleando.
Esta foi a nossa
despedida e
pra você resta o
eco da minha voz
pela orla da praia e
o título deste texto.
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