sexta-feira, 29 de abril de 2011

Memórias.

[...] Ele foi por uma rua
que não costumava andar,
mas, ele não sentia mais as
mesmas coisas de antes e
foi firme nas duas vezes
que lhe perguntaram
do relógio
- certo que ele
tinha muito azar com essas
coisas. -

Parou num lugar
que não gostava muito de ficar
e pegou o celular e
fingiu estar fazendo alguma coisa.

Sentaram-se de
frente pro mar,
mas, dessa parte
até queria, mas,
não vou falar.

Voltou pra casa
tomando um banho
de chuva fraca e
passou pela mesma pizzaria
que não tinha nome e
parou na frente da casa
do amigo que deveria estar indo
estudar, mas,
não ia mais.

A chuva caiu forte,
sem dó
dos garotos que
andavam sorrindo
pelo meio da rua.

O garoto deitou e
reclamou de uma dor
de cabeça bem forte,
mas, isso não foi
motivo pra deixar
de dirigir pela cidade.
Parou na casa
do amigo que ainda tinha de ir trabalhar
na manhã seguinte e
ficou por lá.

Seu telefone tocou e
ele ficou uma hora
ou mais dentro do
carro, ouvindo seus amigos
conversarem.

E o engraçado
é que o amigo
só notou a parte
que ele foi irônico,
mas, ele sorriu e
concordou.

depois disso
uns cigarros,
nada de mais e
ele fez os amigos darem
mais umas risadas,
pegou o carro
e foi pra outra cidade.

Fazia uns
dezesseis graus e
eles iam andando pelas ruas desertas
apenas pra sentir
a sensação de liberdade.

Pararam num mercado
vinte e quatro horas
compraram umas merdas e
saíram devendo ainda
uns trinta e sete centavos.

Na volta
ele criou coragem e
passou na antiga casa dele e
ficou uns cinco minutos e
meio
totalmente alto,
nostálgico, lembrando
do que tinha vivido
por aquelas ruas
íngremes,
enquanto seus dois
amigos brigavam
por lixos.

Na volta,
os amigos dele
mechendo com os travestis,
uns cem quilômetros por hora
e a ponte de madeira.

Chegou em casa e
estava muito cansado,
tomou uma gole d'água e
foi direto pro banho.

Demorou pelo menos uns
quinze minutos
e sentia prazer só
da água quente encostar nas
suas costas.

Estava exausto e
sentia dores em
todo lado esquerdo do
corpo, mas,
ainda parou pra
escrever uns versos
antes de dormir.

Ele escreveu algo como:

" - Esta parte,
toda esta parte da minha vida,
eu chamo de felicidade;
E eu já parei de contar
há muito tempo.
Quarenta e um mil quinhentos e vinte e oito vírgula quatro.
Boa noite e
sonhe comigo. " [...]

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Tainted dreams.

Os meus sonhos
que andaram me acalmando
hoje,
me preocupam.

Neles: O lago,
o escuro e
a solidão.

Ando dormindo com o
telefone abraçado e
fiquei assustado
quando ele tocou
numa madrugada
dessas.

Não ando ligando muito
pro que me falam e
não ando ligando
muito pra ninguém,
mas ontem, parei
o carro na frente de
um prédio qualquer e
troquei segredos como
se fossem figurinhas.

Todos andam dizendo o
quanto eu evoluí - fico
lisonjeado - mas
ainda não passa
felicidade pelo meu rosto.

É só um jogo
que eu joguei por muito tempo
mesmo sem saber
as regras e
agora que sei
chega a perder a graça.

Carrego comigo
as razões para tudo
e eu deveria me sentir bem
a cada cinco minutos,
mas, dependo de você.

Nada acontece
nos conformes desde
que eu bebi um gole
do seu veneno.

Mas eu
não espero que haja
um antídoto.

Me veja
mais uma dose.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Yuki, de Klonon.

Está chovendo lá fora e
a lua está escondida
entre as estrelas
com medo de encarar o
mundo que um dia foi
belo
e foi
num dia como estes
que eu saí
e nunca mais voltei.

Eu era só uma criança e
minha parede foi
banhada de
sangue,
a fúria e
a dor não
me deixaram pensar.

Sangue inocente
foi derramado
na lâmina da minha
arma, mas,
eu peço perdão
por todas as lágrimas
derramadas.

Sangue ruim
foi derramado
na lâmina da minha
arma, vejo
vocês no inferno.

Uma garota chorando e
uma atitude idiota,
contra minhas
próprias regras.

Caí nas loucuras
dos poetas e
eu nem sabia escrever.

Esqueci de toda a dor
quando ela me beijou
os dentes,
não pude evitar
de sorrir
entre tantas lágrimas
que eu já havia deixado cair
pelo caminho.

E agora
não sei o que fazer
o sangue que
mais procurava derramar
circula nas minhas veias
e circulará
nas veias do meu filho
que ainda não veio.

Deveria eu,
me vingar
de mim mesmo e
derramar o meu
próprio sangue
para pagar o
sangue de tantos
nas paredes,
todo aquele sangue
que foi derramado
movido pela loucura
da procura pelo poder?

Enquanto não acho
a solução
olharei
infinitamente para
estas paredes cinzas e
ouvirei a chuva cair e
procurarei a lua
que ainda não criou
coragem de aparecer
e no fundo
eu até gosto de dias assim.



Trecho d'um livro
que eu ainda não terminei.

Poesia, pra variar.

Suas personalidades movem minha confusão,
seus príncipios tiram minha reação,
seu jeito e o seu corpo
tiram a minha razão,
mas eu sei que no lugar
aonde o mar negro toca
o céu em neblina
seus gestos, suas ações e
as suas palavras
soltas, seriam apenas uma confissão.

sábado, 23 de abril de 2011

Anyway.

Admito,
ontem dormi
no sofá e
o telefone caiu no chão.

Estava sentindo coisas
que gosto de sentir.

Estava provavelmente
dopado pelo etílico e
o sono não ajudou muito,
pensei que água gelada
fosse resolver, mas,
cheguei a esquecer
que tinha de me vestir.

Quis me ensurdecer e
dois tempos depois
quis o silêncio absoluto.

A mesma cena, quatro vezes e
minha cama
fedia a álcool e
nem era culpa minha.

E meu desânimo,
nem Freud explicaria.

Tem dias que a vida é simplesmente odiável.

Não quero nem tentar
explicar, por
enquanto deixe-me
e me deixe ouvir
a banda do
cantor impactante
de jaqueta de couro.
Deixe-me beber
minha cerveja escura com
groselha.
- o grave deste piano
realmente me excita. -

Mama'
não é por mim
que o vento
deve parar
de soprar.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Overdose homeopática.

Ela estava no telefone
comigo e
estava prestes a contar
algo que eu sempre
quis ouvir,
mas
ela desligou o telefone
e disse que ligaria depois

mas não ligou.

Dormi tarde.
Fiquei vendo coisas
antigas e
me emocionei com
várias;
Acordei tarde, mas
o almoço ainda não estava pronto.

Bacalhau, pra variar.

Falei com ela, mas
ela parecia estar
incomodada com algo. Fiz
o melhor que pude.
Contei-lhe a trama
do meu presente e
ela disse que gosta
dessas coisas
- mais do que
ursinhos de pelúcia -
e ainda tinha o
chocolate pra acom -
panhar.
Sim, o dia realmente
está diferente
hoje.
Acordei meio nostálgico, sempre
me sinto assim nesse feriado.
Fiquei feliz
por saber que já
escreveu sobre mim, afinal
eu acho a escrita a
mais bonita das artes. Supera
sem dúvidas, o desenho, a
foto e as esculturas.
Nada fica tão lindo quanto
uma dúzia de palavras certas, mas
quando o escritor sou eu e
a musa é você, fica fácil beirar
a perfeição.

Mas
só vou escrever um
verso e ir dormir ou
andar por aí,
adeus.

Sexta-feira santa.

Deitado com
um jornal velho no rosto,
a luz do sol o incomodava
bastante.

Acordou com ressaca
de sono e
foi ouvir rádio
com seus parentes e
comer uns pães.

Seu time ganhou.

Ganhou um troco
de pão pra
ir até o ânus
do mundo e
voltar.

Já era sexta-feira e
ele foi entregar um dinheiro
com juros.

Foi o terceiro que
ele tivera vontade de
xingar hoje, mas
este não.

Voltou, mascou
balas com sabor de
alho com casca e
tomou uns goles de pinga.

Bebeu coca-cola, e
sentiu o prazer de
alguém que mata saudades
de algo que não
tinha há muito tempo.

Atendeu o telefone e
consolou uma amiga.

Mais uns alhos, mas
dessa vez ela
estava sem óculos.

Lavou seus pés, deitou
um pouco, não apagou a luz, mas,
pôs uma camisa no rosto,
a claridade o incomodava
bastante.

Acho que esse gosto nunca
sairá da sua boca.

Abriu uma cerveja, ouviu
umas músicas limpas e
escreveu um texto.

Diga à água que
sentirei sua falta.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

A lua vermelha e o cego.

Um guri com potencial.
Tempo e vozes na sua
cabeça o deixaram
desse jeito.

Uma vez ele me disse:
Uma vez.

Nunca acreditei, mas agora,
acredito.

Ele saiu na rua e
já eram bem umas quatro da
manhã, ele
estava pensando em coisas que não devia.

No meio de pensamentos que
as pessoas nunca
poderiam saber ou
entender,
ele
olhou pra lua, acendeu
um cigarro do seu último maço e
disse:
'Gosto de lua cheia'.

Sentou, pintou
a lua de vermelho e
voltou pra sua casa para
ouvir a música que
ele gosta de ouvir quando
a lua esta cheia.

Tudo que andava acontecendo
ele estava apenas
deixando acontecer e
assistindo, certo que ele
perdeu suas forças algumas vezes, mas,
foi provado que
ele tinha um certo
poder sobre o destino.

Acordou cedo e
foi deixar seu corpo dolorido,
sentou-se à mesa, não comeu,
apenas alimentou o que
seus sentimentos precisavam
comer.

Fez umas sátiras e
copiou frases de
outras pessoas pra
continuar fingindo
como sempre,
ele precisava fingir, gostava
de fingir e se sentia bem
fingindo.

Ficou no telefone
por um tempo que
eu perdi a conta,
depois foi visitar uma amiga de
tempos e
sobre essa parte eu
não vou escrever.

Voltou pra casa e
admitiu que estava com
saudades de acelerar, se
sentiu o máximo por
algumas pessoas que
passavam a pé, mas no fundo
ele gostava mesmo era da velocidade.

Saiu, dessa vez andando e
subestimou dúzias, até que
deixou três gurias
sem palavras e
o flerte na padaria
eu não conto como glória.

Deitou na cama e
deixou mil pessoas
falando sozinhas, mas
o som grave das suas
cinco caixas de som, tocando
a voz grave do seu
cantor preferido foram
o passaporte perfeito
para o seu sono.

Dormiu pouco, mas
foi o suficiente, teria
dormido mais se
ela não insistisse em invadir todos
os seus sonhos de
tantas formas diferentes.

Ele acordou e foi procurar ela,
dessa vez achou-a, mas não
é sempre assim e
eu gosto de
verbos reflexivos.

E ele me disse de novo:
Uma vez.

Nunca quis acreditar, mas,
agora creio mais do que nunca.

Eram dois relógios sem bateria, a
dúzia de controles e
uma cama desarrumada.

Eram centenas de problemas,
mil e uma dúvidas, mas,
eram um milhão e meio de qualidades
novas.

Ainda tinha muitas coisas a se fazer,
mas, essa parte eu conto depois.

Ele até suspeitava de vez em quando, mas,
no fundo ele sempre soube.

Nessa época ele sentia que
podia fazer tudo e
sentia que era o melhor em tudo e
que seria perfeito pra tudo.

E isso nem foi há tanto tempo

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Xilocaína sentimental.

Acordou com sono,
ficou nervoso com umas coisas
ou outras e
se agarrou ao telefone.
Ficou deitado, perdendo o seu
tempo - enquanto seu telefone
reclamava de falta de
energia.
Saiu pelas ruas exces-
sivamente confiante;
tomou sorvete, beijou o rosto
dela,
dormiu num sofá
que nem era casa dele
ouvindo umas músicas que
eram muito estranhas.

Mas isso não rendeu nem um
verso.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Adeus.

Uma vela apagada, caída e
um sentimento um tanto quanto
normal, sádico e assustador.

Vivendo em um mundo
sem luz e este destino é
de todos e é
para todo sempre.

Acreditando em
memórias mal escritas e
crendo em um
credo mal
rezado.

O carro preto estava lavado e
tinha novos adesivos, ele
estava mais caro e eu
era o culpado, mas
o que não entendo é
porque me desejaram anos,
muitos anos de vida se nem
era o mês do meu aniversário.

Vivo com saudades, todos
vivem e somos todos
apenas conservadores
saudosistas e
a nossa saudade está escrita
e está muito mal escrita.

Era um filme bom,
uma pena que eu não tenha
querido ouvir a sua
trilha sonora.

Era um bom filme,
uma pena que eu não tenha
querido ouvir a sua
história até o fim.

Os mesmo medos, nas
mesmas horas e todos
os sentimentos que ninguém
suporta, mas,
que todos desejam.

E a minha certeza e a
sua certeza, são só
uns lixos baseados em
incertezas.

A minha pergunta e
o seu silêncio disseram
tudo que eu não queria saber, mas
isso ainda está por ser.

O final da minha poesia
mal escrita já está escrito e
está por ser mudado ou
talvez eu o deixe como está
talvez eu queira tudo
como está.

O sol, a neve e
uma vista pro mar.

A areia, a lua e
uma garrafa a se tomar.

Era só um sujeito,
vendo a vida passar
com uma melodia de piano
bem tocada e
um cara citando umas coisas
bonitas.

Um café e
um colar.

Um cigarro e
nem cinco minutos
guardados.

O mesmo enredo e
nem tudo está
perfeito.

Os mesmos erros e
centenas de
pedidos de perdão e
que Deus me perdoe
se eu estiver totalmente
enganado.

Um cético que
sabia rezar e
um orador com
medo de falar.

Um rádio e
uma garrafa de água, os
mesmos livros com
um caderno que eu
abandonei.

Um violão e
um banho de nostalgia.

Era só um sujeito
deitado no sofá e
ele tinha o controle de tudo,
mas não queria mudar.

Peço perdão
à mim mesmo
por não conseguir
me perdoar.

Por favor, que
eu me perdoe por
não conseguir esquecer.

E no fundo,
eu já sabia dessa parte e
a sua indecisão me
fez ser algo pior do que eu
gostaria.

E no fundo, não sei
porque sonho com pessoas
que não deveriam
ser lembradas.

E no fundo,
a minha filosofia
não andou mudando
muito, mas
não quero mais, mas
um dia irá acontecer.

E você sempre acha
que estou falando de você, mas
que tomemos nossa dose
de amor incerto.

E o amor de todos é
indeciso, mas,
eu deveria te-la ouvido.

Não achei que três
fosse muito, mas,
é mais do que
eu posso suportar.

Era só um sujeito
que tudo queria ter,
era só uma história
a se admirar,
era só um Yeti
que mal esperava
para ter algo a amar
e que tinha acabado de
aprender a rimar.



E no fundo,
isso nem foi tão profundo.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Beatiful ride.

Uma melodia carinhosa,
um anel de chave e
os prazeres que
eu estava com saudades de
sentir.

Hoje vi os azulejos do
banheiro e o
vidro do banheiro embaçados e
eu estava com saudades disso.

Um filme de comédia,
um pouco de blues e
aquele mesmo jogo
de sempre.

Quinze minutos no
carro, suando frio, mas
eu sei que amanhã
vou querer mais uma dose,
mesmo sabendo que não posso.

Umas lágrimas e
tive a canastrice de
sair contando que
a fiz chorar.

As risadas, as
muitas risadas e
o garçom fazendo graça
com o nosso amigo tímido.

As risadas, foram
meu combústivel
para ir até o canto
da cidade que tinha
os ônibus queimados.

Uma pausa
para a nostalgia.

E aonde diabos
você foi parar?
Gostaria de te ver
e te contar tantas e
tantas coisas e
todas vez que lembro disso
fico triste.

Procurando nos olhos
de qualquer uma
um motivo para
acreditar.

As dores no corpo ainda
doem, mas eu arranjei o
espelho do banheiro para
me confortar.

Tirei aquele urso da
minha cara e
toda essa confiança me permitiu
aumentar ainda mais meu
narcisismo, mesmo baseado
na lixa na cara.

Umas músicas acústicas
bem idiotas, mas
o refrão me encanta
bastante.

Umas instruções,
um meio arrependimento que
foi apagado com o terceiro cigarro e
minha consciência grita
que estudar não é somente trazer
os livros pra minha
escrivaninha.

Acho que isso
vai ser o mais próximo
que eu vou chegar, mas,
isso ainda é só
uma peça de tudo,
enfim, ainda tenho uns dias de
vida e uns dias sóbrio também, eu
nem bem sei mais o que estou dizendo e
é melhor eu ir dormir, antes que
essa sensação passe e
antes que o refrão dessa música
saia da minha cabeça e
se você quer mesmo saber
até que eu ando gostando
disso tudo, com
ou sem, acho
que finalmente entendi o que
aquela expressão
queria dizer, é uma pena que
eu ande usando somente com
o espelho,
é preciso se amar,
mas não amar só a si mesmo.

Isso é sobre um garoto
que aprendeu a viver.

Isto é sobre uma boa caminhada,
uma caminhada difícil, é sobre uma
bela estrada.

Música,
amigos,
família e
dividir bons momentos.

Um sonho,
uma flor,
um telefonema e
uma boa noite.

domingo, 10 de abril de 2011

Roberta.

Pela primeira vez,
não sei como começar a escrever e
escrevi o final antes, porque o final
é prevísivel, mas o começo
eu já nem lembro há quanto tempo foi.

Eu lembro de uma ruiva, dos
cabelos encaracolados até a cintura.

Ela tinha uns amigos e
fazia seu irmão andar mais
rápido do que suas pernas
podiam.

Ela tinha outro pai, mas
mesmo assim amava o seu irmão,
mas mesmo assim amava seu padrasto e
mesmo assim sempre apoiou
o que sua mãe dizia.

Ela gostava de dormir ouvindo músicas,
rezava todas as noites, estalava os dedos e
ouvia legião urbana, capital inicial e
aerosmith.

Eu lembro de uma ruiva, dos
cabelos encaracolados até a cintura.

E ela via uma novela, todos os dias
que passava umas cinco e meia e
seu irmão acabava vendo junto e
as vezes eles até jogavam
aquele jogo simpático dos
macaquinhos.

Ele fazia natação e
ela academia, desta parte lembro
de um certo dia que
prefiro não comentar, mas
os pais dela ficaram extremamente
nervosos desta vez.

Eu lembro da igreja, lembro
do formigueiro e
da eva, que deu aquele
estojo com um milhão e
meio de lápis de cor.

Lembro do shopping, comprando
umas camisetas que a mãe dela
brigaria depois pela falta
de tecido.

Lembro do macarrão sem molho
da panela na testa e
do soco no nariz.

Mas mesmo assim, ela
sempre quis o melhor
pra mim e
sempre desejou o meu
bem.

Lembro que ela ficava diversas horas
no telefone,
lembro do parque de diversões e
de um natal ou outro.

Lembro do cara da
bicicleta, lembro das corridas
até em casa da
segurança que você passava
de noite.

Lembro das brigas e
dos foras, das piadas
e das tardes tediosas.

Lembro dos gritos, da
raiva, das risadas, dos
beijos, dos momentos, do quarto,
dos amigos, dos primos,
dos livros e dos passatempos.

Lembro das duas vezes
que eu precisei chorar e
lembro que o lugar mais seguro
e confortável do mundo
sempre foi seu ombro.

Eu lembro...
Lembro de uma ariana,
ruiva e temperamental,
dos cabelos encaracolados.

Lembro das bolachas,
dos estudos,
das broncas,
das implicâncias, das chatisses,
do strogonoff e
do sofá na cara.

Quando eu deixei de ser criança
pude entender o quão magnífica
você sempre foi e
pude me redimir, sendo o
menos pior que eu podia ser.

Sempre gostei, sempre
admirei e sempre
tive o maior orgulho possível.

Pois mesmo quando
eu era só um gurizinho,
eu já sabia que você
estaria comigo para sempre e
que isso se chamava amor e
era o mais sincero possível.

Prestígios à
mãe das minhas sobrinhas,
a minha única e
suficiente
irmã.

E os meus parabéns
à sua nova década
atrasados.

Tinha prometido nunca dizer
o nome de uma pessoa
nos meus textos, mas
juro que não consegui
achar um adjetivo que
fosse perfeito o suficiente
e o seu nome, pelo menos
pra mim,
é um adjetivo que
expressa todas as suas qualidades e
até os defeitos, que eu até
gosto.

Lamento matinal.

Andei ouvindo verdades
que eu não gostaria de ouvir, mas
vou continuar rezando as
mesmas mentiras.

Andei ouvindo palavras
soltas e vazias e
transformei todas numa
verdade que nunca,
nunca vai existir.

Andei ouvindo aquela música, mas
não foi bem culpa minha e
no final, nem valeu
tanto a pena assim.

Andei espirrando muito,
na noite passada e na anterior e
acho que é porque há pessoas
falando ou pensando em mim.

Mas eu estou triste, pois
vejo seu rosto em vários lugares e
não consigo aceitar
esse tal de amor e poxa,
você estragou mais uma, sendo que
eu pedi pra você não estragar.

Mas eu estou feliz, pois
o meu cansaço me deixa com esse rosto,
que agora aparece,
com um tom sereno e
calmo.

E o cansaço foi ganho depois de
eu ter sentido um orgulho muito,
muito forte quando
jogávamos na chuva e
a chuva era densa e
pesada, fria e
os pingos machucavam a minha pele, mas
valeu cada sentimento que senti, que
não andava sentindo.

Poderia escrever mais meio
milhão de coisas,
mas eu estou com sono, então
encerro esse texto com a memória dos
gemidos no porta-malas e
um abraço pra guria do cabelo
com vontade própria.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A casa do sol poente.

A luz do corredor
está amarela e
alaranjada ao mesmo tempo e
com a chuva que cai lá fora
me lembro de dias
que eu até gosto de lembrar.

E o meu carro anda bebendo
todo álcool que eu
não posso beber e
eu acho que já gastei dois tanques e meio
em menos de um mês.

Tenho ficado com sono
ainda as nove da noite e
ontem mesmo dormi beijando
a parede.

Minha cara de sono agora
completa o resto do rosto
ou do que sobrou por trás da barba e
esta que me deu um ótimo amigo
ainda ontem, que me
deu de presente uma
arma apontada na cara e
isto tudo a troco de nada.

Minha voz está mais firme e
esta deu poder a um garoto
de voz pouco firme, mas
se você quer mesmo saber
talvez eu tenha errado desde
a primeira linha.

Por mais que eu ande correndo,
parece que não saio do lugar
desde sempre.

Ontem, quando eu estava
escondido atrás da porta
pensei no quanto eu já
tinha mentido pra mim mesmo
e fiquei meio triste.

Ontem, quando eu estava
escondido atrás das cobertas
pensei no quanto eu tinha medo
e mentia não ter e
fiquei com mais medo do que
sempre.

Deixei de sonhar coisas perfeitas e
agora sonho com coisas imperfeitas e
coisas mais imperfeitas acontecem de verdade.

Tudo o que venho sendo
pensando e dizendo
andam até me fazendo um
certo mal, meu egoísmo e
o narcisismo corroem
os meus elos.

E o único tempo é imperfeito e
a única coisa que me satisfaz é
ver os doutores sem
doutorado
gastarem todas suas filosofias de bêbados enquanto
estão sóbrios.

Diga a eles
para não fazerem as coisas que eu faço
diga a eles para
gastarem a vida
de um jeito sério
diferente de mim.

Sei de tudo e
tudo que sei me
lembra de querer saber
do que adianta toda essa perfeição se
as cores das rosas que eu
comprei não agradam.

Talvez eu deva parar
de me rebaixar tanto por algo
que eu nem quero tanto assim
e esperar até que a hora
que nunca chega
chegue.

Muitas coisas mudaram
desde então, mas parece que o
escritor dessa história é
só mais um chato.

Muitas coisas mudaram
desde então, mas parece que o
protagonista é muito para
um papel tão fácil.

A luz do corredor
está amarela e
alaranjada ao mesmo tempo e
com a chuva que cai lá fora
me lembro de dias
que até gosto de lembrar.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Eu de, novo eu.

As brigas e as guerras
eu esqueci
as desavenças e
o mal humor eu acabei deixando
pra trás.

Busquei em mim
a confiança
no ser que eu podia ser.

Busquei nos outros
o que tinham para me oferecer,
me afastei de dúzias.

E agora estou livre,
estou numa queda livre,
estou caindo livremente.

Virei um monstro que
cria monstros que
devoram monstros.

Passei por um caminho difícil,
cheio de brasas, mas que
nunca vou esquecer.

As suas analogias e as
suas falas, eu
nem quero tentar entender.

Tudo que eu tocar virará verdade
e tudo que eu quiser
virará realidade.

Um ser que
se diz a semelhança ao divino, mas ainda
tem uma certa queda por esquilos
e gatos.

Mas eu te disse e
agora minha palavra é
lei.

Uns cigarros muito fortes e
eu não minto que estou
muito tonto.

Uns feitos
esquecíveis e eu
minto que não estou
orgulhoso.

Ainda tinha a roda,
a sobra da janta,
um banho a ser tomado e
um suco de maracujá.

Ainda tinha sono,
ainda tinha sentimentos,
ainda tinha o cansaço e
ainda tinha vontade de gritar umas coisas
que não podia.

Eu chorei no meu
não tão doce novembro
mas agora
parece que não consigo
parar de sorrir.

E o meu sorriso parece que,
tende a atrair coisas
que me fazem sorrir.

A raposa,
o maço,
os poucos que sobraram
e só a ideia de
você nos meus braços
já valem os sorrisos
que não tendiam a aparecer tanto.

Acho que esse
bem-estar
é o que alguns
chamam de felicidade e eu
estou apenas começando.