sexta-feira, 11 de maio de 2012

Este mês não tem poesia.

A poesia ficou nos faróis
do meu carro, na mochila
da garota, nas palavras enroladas,
no lacre da cerveja, na
coleção de isqueiros, no adeus
repentino, na casa
dos outros,
na tristeza da amiga.

Continuei dirigindo.

Via a poesia no asfalto,
ela piscava para mim.
Mas eu não pude torná-la real.
Então
mandei-a dormir nos meu braços cansados e
ela agradeceu o descanso.

A minha vida queimava como
um cigarro não tão longo e
eu apenas podia apreciar
as brasas sendo consumidas
pelo vento trágico e monótono.

Sentia falta de uma respiração
quente no meu pescoço.
O frio consumia minha alegria e
eu apenas podia continuar jogando.

Eu mal podia respirar.
Muitas soluções, poucos
problemas.

Eu achei que nunca mais
teria poesia.

A poesia estava toda nos
outros, a poesia não estava aqui,
não estava no céu quando eu olhava,
não estava no chão que eu pisava.

A poesia não estava.
Mas eu estava.

Esperando pelo depois, um
desastre que eu quase podia tocar.

Minha mente dizia para eu não fugir, e ela
estava certa.

Apenas não estava certo,
não estava certo se havia sido uma
ilusão ou um sonho.

Dias e mais dias
sem saber pelo que gritar,
sem saber o que prever.

Então uma garota
com menos sonhos do que eu
olhou pra mim com seu
cabelo desarrumado e disse:
'- Você gosta de poesia?'

Então uma garota
com mais dor do que eu
me disse:
'- Em que mês estamos?'

Olhei para um espelho, olhei
para uma mulher sentada ao meu
lado revirando papéis, olhei
para fora, vi tudo que podia ver.

Então lembrei
que eu não escrevia poesias como os outros, nem
nunca havia tentado.

Não precisava de um motivo
para escrever.

Pois eu escrevo
coisas belas e sem sentido, histórias
memoráveis de tempo perdido.

Em minha mão o poder de uma infindável
maravilha, linhas que falam sobre
verdades sem som
para olhos que tem fome insaciável.

Para os meus próprios olhos.

Então por que criar uma farsa?

Apenas quero contar sobre chamas e
sombras na rua. A poesia
que ninguém nunca leu.

Apenas quero diminuir o peso
da solidão nos pés e
contar sobre a gaiola envolta
de um pequeno pássaro azul.

Não há porque mascarar, deixe-me amar.
Amar até que o amor se torne insatisfeito.

Por isso direi como é o meu frio e
como são meus campos verdes.

Por isso colocarei cada detalhe
para dizer que o sol está indo embora
enquanto as folhas do outono
tocam o chão.

Por isso contarei histórias
cheias de mentiras e personagens
engraçados.

Não para satisfazer a mim ou
satisfazer a qualquer um.

Apenas gosto de sonhar.
E sonhar é uma virtude
da qual não posso perder, pois talvez
seja a maior delas.

Não me importa o amanhã, não
me importa o que eu vejo
ou como vejo.

Este é, e sempre foi o meu
mundo e aqui
eu estabeleço os limites.

Seja bem vindo de volta a caverna Yeti.

Aqui sempre neva,
alguns meses mais, outros menos.
Sempre é frio por aqui, portanto pegue
um copo de café ou uma cerveja quente.
Sente-se e aprecia uma história.



Hoje contarei a história do bardo
que não sabia como tocar.
Amanhã contarei sobre como é amar.

Um comentário:

  1. Muito Bom ! ! ! !
    estava com saudades dos seus textos, mais esse em especial fico fantástico *-----*

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