terça-feira, 22 de maio de 2012

Blue bird.

Esta canção é diferente.
É diferente pois é escrita
com o sangue da gente.

Não é apenas algo que vi,
ou algo que ouvi,
é algo que vivi.

Esta canção fala sobre
fervor, fala sobre
amor.

Mas não é uma canção romântica,
não é uma música melódica.
Não são só sentimentos, não
é apenas cigarro com vodka.

Uma canção mais
falada, menos cantada.
Uma canção que expressa
tudo, sem dizer nada.

Uma canção de tantos
adjetivos, redigida por um
escritor pouco arrependido.

Uma canção de tempo gasto, de
tempo perdido.

Esta canção fala sobre astrologia,
psicologia. Esta canção fala sobre sexo,
esportes, drogas, mulheres, carros e
histórias. Esta canção é uma viagem só
de ida, que conta como é a vida.

Então é melhor
eu parar a explicação
e ir direto para o refrão.

O refrão fala sobre um pássaro,
um pássaro todo azul.

Um pássaro que vivia numa
gaiola pequena demais e
sempre clamou por liberdade, sempre
clamou por
paz.

E finalmente ele mesmo
abriu a porta que
estava destrancada o tempo
inteiro e
disse que iria voar
até se cansar, disse
que ia parar em
qualquer coqueiro e
e viver por lá.

Ele só quer um lugar para
ficar e um céu para olhar.
Pois as estrelas que ele via
dentro de sua gaiola
já se cansaram de brilhar.

Ele já se cansou de ouvir pessoas
chorando e se cansou
de limpar a ferrugem que vinha
se acumulando.

Já cansou de gente ignorante e
de sentir o cheiro de sangue.

Já cansou de obedecer os outros e
cantar, já cansou de dizer o quão alto
podia voar.

Então me diga pássaro azul.
Para que este lindo par de asas
se você não pode voar?

...

Onde ele foi?

The winner takes it all.

Nunca pensei que a fumaça
pudesse sentir dor.

A nossa música nunca mais tocou.
A sua música sempre toca,
na minha cabeça.

Nem tudo que reluz é ouro, mas
esta noite o ouro refletia
tudo que eu mais queria esquecer,
tudo que eu não mais podia ter.

E a marca de batom quase saía
do copo, só para me tentar.
Só para que eu sentisse falta,
falta de te beijar.

Mas eu não quero falar
sobre as coisas que nós passamos.
Embora isso me machuque,
agora é passado.

Eu joguei todas as minhas cartas
e foi o que ela fez também.
Não há mais nada a dizer,
não há mais nada a fazer,
não tenho nenhum ás na manga.

Eu estava ali em seus braços
achando que era o meu lugar.
Achei que tudo fazia sentido, construindo
em volta uma cerca, construindo pra mim um lar.
Achando que seria forte lá.

Mas eu fui um tolo,
jogando conforme as regras.
E os deuses jogaram os dados
e suas mentes são frias como o gelo
e alguém aqui embaixo
perdeu alguém querido.

É simples e direto,
então porque reclamar?

apenas me diga
se ele te beija
como eu
costumava
te beijar.

Você sente a mesma coisa
quando ele chama o
seu nome?

Dentro de você, lá no fundo
você deve saber que eu sinto a sua falta.
Mas o que eu posso dizer?
As regras tem que ser obedecidas.

Então vou deixar os juízes decidirem
se eu devo ir.
O espectadores do show
sempre ficam quietos
e assim o jogo começa
de novo.

Isto seria uma pequena
ou uma grande coisa?

De uma coisa eu sei, o vencedor
leva tudo.
E o perdedor tem que cair, este é
o destino.

Eu não quero mais falar,
isso me deixa triste.
E eu entendo
que você tenha vindo aqui
só para me dar um aperto
de mão e eu
peço desculpas se isso
faz você se sentir mal.

Sim, é a chuva.
Então por que se lamentar?

Adaptação da música:
The winner takes it all - ABBA.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Este mês não tem poesia.

A poesia ficou nos faróis
do meu carro, na mochila
da garota, nas palavras enroladas,
no lacre da cerveja, na
coleção de isqueiros, no adeus
repentino, na casa
dos outros,
na tristeza da amiga.

Continuei dirigindo.

Via a poesia no asfalto,
ela piscava para mim.
Mas eu não pude torná-la real.
Então
mandei-a dormir nos meu braços cansados e
ela agradeceu o descanso.

A minha vida queimava como
um cigarro não tão longo e
eu apenas podia apreciar
as brasas sendo consumidas
pelo vento trágico e monótono.

Sentia falta de uma respiração
quente no meu pescoço.
O frio consumia minha alegria e
eu apenas podia continuar jogando.

Eu mal podia respirar.
Muitas soluções, poucos
problemas.

Eu achei que nunca mais
teria poesia.

A poesia estava toda nos
outros, a poesia não estava aqui,
não estava no céu quando eu olhava,
não estava no chão que eu pisava.

A poesia não estava.
Mas eu estava.

Esperando pelo depois, um
desastre que eu quase podia tocar.

Minha mente dizia para eu não fugir, e ela
estava certa.

Apenas não estava certo,
não estava certo se havia sido uma
ilusão ou um sonho.

Dias e mais dias
sem saber pelo que gritar,
sem saber o que prever.

Então uma garota
com menos sonhos do que eu
olhou pra mim com seu
cabelo desarrumado e disse:
'- Você gosta de poesia?'

Então uma garota
com mais dor do que eu
me disse:
'- Em que mês estamos?'

Olhei para um espelho, olhei
para uma mulher sentada ao meu
lado revirando papéis, olhei
para fora, vi tudo que podia ver.

Então lembrei
que eu não escrevia poesias como os outros, nem
nunca havia tentado.

Não precisava de um motivo
para escrever.

Pois eu escrevo
coisas belas e sem sentido, histórias
memoráveis de tempo perdido.

Em minha mão o poder de uma infindável
maravilha, linhas que falam sobre
verdades sem som
para olhos que tem fome insaciável.

Para os meus próprios olhos.

Então por que criar uma farsa?

Apenas quero contar sobre chamas e
sombras na rua. A poesia
que ninguém nunca leu.

Apenas quero diminuir o peso
da solidão nos pés e
contar sobre a gaiola envolta
de um pequeno pássaro azul.

Não há porque mascarar, deixe-me amar.
Amar até que o amor se torne insatisfeito.

Por isso direi como é o meu frio e
como são meus campos verdes.

Por isso colocarei cada detalhe
para dizer que o sol está indo embora
enquanto as folhas do outono
tocam o chão.

Por isso contarei histórias
cheias de mentiras e personagens
engraçados.

Não para satisfazer a mim ou
satisfazer a qualquer um.

Apenas gosto de sonhar.
E sonhar é uma virtude
da qual não posso perder, pois talvez
seja a maior delas.

Não me importa o amanhã, não
me importa o que eu vejo
ou como vejo.

Este é, e sempre foi o meu
mundo e aqui
eu estabeleço os limites.

Seja bem vindo de volta a caverna Yeti.

Aqui sempre neva,
alguns meses mais, outros menos.
Sempre é frio por aqui, portanto pegue
um copo de café ou uma cerveja quente.
Sente-se e aprecia uma história.



Hoje contarei a história do bardo
que não sabia como tocar.
Amanhã contarei sobre como é amar.